TV-Mania

As emissoras de TV bolam os programas, o público os escolhe e os assiste enquanto o Ibope mede as audiências de cada um deles. Os pontuados com melhores índices permanecem no ar e os que obtêm índices mais baixos são substituídos por outros. Em princípio, quem valida as programações é o público. Parece ser uma forma aparentemente democrática de administrar um meio de comunicação de massa, como é uma emissora de TV que atua a nível nacional. A opção de poder ter um aparelho de televisão em casa e de assistir aos programas é um direito que pode ser reconhecido a qualquer pessoa, sem a menor dúvida. Cuidar de que tenha esse direito, cada indivíduo pode fazê-lo com o empenho que quiser e de acordo com os próprios recursos econômicos de que dispõe.

A TV coloca a pessoa ligada àquilo que está “tele”, quer dizer: àquilo que está longe, distante. Os fatos se aproximam das pessoas; porém as pessoas não se aproximam dos fatos, uma vez que não lhes é possível exercer qualquer influência em seus andamentos. Os programas que se propõem serem interativos visam diminuir o caráter de passividade do telespectador. A TV - Mania é a necessidade de manter o aparelho de televisão ligado o tempo todo ou de ficar preso diante dele, impossibilitando-se de voltar-se para outras necessidades. Trata-se de um condicionamento físico, que sequestra o corpo, os olhos, os ouvidos,... e um condicionamento psicológico, que sequestra a mente, os pensamentos e a autonomia de poder formular juízos de forma mais independente.

As emissoras comerciais sobrevivem e vivem dos patrocinadores. A competição entre marcas têm como arena onde se digladiam os mais poderosos meios de comunicação de massa. É neles que se travam os maiores embates. Da dinâmica que envolve essas relações, decorre o relacionamento que se estabelece entre as emissoras de TV e o público espectador. Um efeito em cascata. O público, porém, também pode influenciar nesse processo todo. Trata-se de uma questão importante que é a formação do gosto de cada um. O gosto também pode ser induzido. Uma associação bem articulada pode facilitar a boa aceitação deste ou daquele produto. O que podemos perceber é que, infelizmente, as programações da TV, no geral, são niveladas por baixo, tendo em vista uma maioria que é pouco exigente quanto àquilo que consome.

Muitas vezes, quando o aparelho de televisão apresenta algum defeito e não pode ser ligado é que se pode perceber o quanto ele domina a vida. Nessas ocasiões, toda a família tem a oportunidade de descobrir quantas coisas diferentes poderia estar fazendo, desde que a TV simplesmente não lhe tivesse se transformado em mania.

  Postado por José Morelli