Quando a necessidade de afeição é
muito intensa, o medo de não satisfazê-la e de sentir-se rejeitado passa também
a ser intenso. Esse medo é o maior obstáculo da pessoa na busca da afeição.
Entendendo dessa forma, fica mais fácil compreender o fato de pessoas, com
grande necessidade de afeição, serem mais agressivas, justamente com aqueles (as)
de quem recebem ou poderiam receber atenção ou afeto.
O simples desejo de afeição já
pode representar ameaça, uma vez que, do desejo, poderá advir alguma repulsa.
Assim, a pessoa se reprime naqueles desejos que, mesmo de longe, possam levá-la
ao envolvimento afetivo. A timidez, nesses casos, não passa de um mecanismo de
defesa. Da mesma forma, a convicção assumida de não ser digno ou digna de amor
é também outra maneira de se criar uma proteção contra possíveis desilusões.
O indivíduo com necessidade
neurótica de afeição prepara armadilhas para si mesmo. Consegue “estragar” o
que de melhor poderia lhe acontecer. Muitas vezes, no momento em que tudo
parecia que ia dar certo, adota atitudes que, simplesmente, destroem a
possibilidade de o envolvimento afetivo se consolidar.
Nasce, então, o desespero. O
indivíduo não se dá conta de que foi ele próprio que preparou as armadilhas,
nas quais se enredou. Não consegue desvendar as confusões por ele mesmo
preparadas. O desespero é a resposta que tem a dar a tudo isso. O
relacionamento afetivo termina na esperança de que outro o venha substituir, na
esperança de que não lhe aconteça ter de reviver novamente todo esse doloroso
processo. Esse círculo vicioso só pode ser minorado, caso o indivíduo, através
de uma terapia de autoconhecimento, desvende para si os segredos que dão origem
às suas reais dificuldades.
Postado por José Morelli