terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

"Os vou-lás e os vai-timboras"

 Diante de tantas notícias de guerras, nossas cabeças ficam se perguntando, buscando explicações e tentando entender, um pouco melhor, sobre o que está acontecendo no mundo. Nas rodas de conversa, sempre vem o assunto sobre ela. Pouco a pouco, trocando informações, vamos construindo ideias e, na medida do possível, montando nosso “quebra-cabeças” de entendimentos sobre este e outros assuntos.

As guerras não são de hoje, como todos sabemos. Diferenças, desigualdades, sempre estiveram presentes em todas elas. Davi e o gigante Golias são um exemplo dessas desigualdades. Conta a Bíblia que o pequeno Davi conseguiu vencer Golias, utilizando-se de uma funda (uma espécie de estilingue da época). O escritor Maurice Druon, em seu livro: “O Menino do Polegar Verde”, fala da guerra entre os “vou-lás” e os “vai-timboras” – nomes sugestivos, que representam os contendores de quase todas as guerras: invasores e invadidos (agressores e agredidos).

No livro, o autor fala das desigualdades. Enquanto uns tinham muito e podiam gozar de todo o bem-estar; outros viviam em lugares feios e insalubres. Com seu dedinho verde privilegiado, o menino conseguiu transformar esses lugares, fazendo com que, neles, nascessem flores, muitas e belas flores, transformando-os em aprazíveis e saudáveis jardins. O final da história revela aspectos importantes, que ajudam a entender o que “rola” por de trás desse tipo de acontecimento. Na verdade, as guerras têm seus produtos e subprodutos. Sempre existem aqueles que esperam tirar proveito delas. Para estes, importa menos que se percam vidas humanas, desde que possam atingir seus objetivos.

Pelo menos teoricamente, nas atuais guerras, as desigualdades entre os contendores são flagrantes. Por um lado, armamentos de última geração teriam como condição preservar vidas de civis, destruindo apenas aqueles alvos em que se encontram soldados inimigos e armas; por outro lado, armamentos obsoletos e nada convencionais, que transformam pessoas em bombas destruidoras. De nossa parte, somos espectadores desse imenso teatro de tragédias. Se é por nós, para mover-nos e convencer-nos de alguma forma, que eles estão dando todo esse espetáculo de poder e de força, que tal se desligássemos a televisão e conversássemos um pouco mais sobre como fazer para construir, sem que para isso precisemos, antes, destruir tanto!...

Postado por José Morelli

 

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Exercício de introspecção

Introspecção é um olhar para dentro de nós mesmos, um voltar-nos para o nosso próprio interior. Nossa mente é capaz de se concentrar em algum ponto específico na parte interna de nosso corpo. Concentrando-nos nesse ponto, nos deixamos envolver por ele, conscientizando-nos, assim, de como ele é sentido e percebido por nosso pensamento.

Para exercitar-nos na introspecção, pode e deve ajudar-nos o uso de nossa imaginação. Imaginemos, então, que nossa mente é como uma pequena câmera de televisão, que vasculha parte por parte nosso corpo em alguns de seus órgãos e funções vitais. O ato de respirarmos pode ser o ponto inicial desse exercício. Concentramo-nos nele e percebemos o seu funcionamento. Acompanhamos todo o processo em que o ar é sugado do ambiente externo e se introduz, através das narinas, se conduzindo até nossos pulmões. Percebemos como isso tudo acontece automaticamente, de forma espontânea e natural. Na medida em que nossa mente se concentra, ela vai se apropriando do processo vital de respirar e de expirar, possibilitando de que este se realize de forma mais tranquila e profunda, com um aumento gradativo da quantidade de oxigênio em cada nova sucção do ar.

Da respiração, a camerazinha da mente se desloca para se concentrar nas pulsações do coração. Nosso pensamento se centra e se deixa envolver por suas batidas. Percebe e sente cada movimento. Funde a energia da mente com a energia de cada pulsação. A mente não cria o movimento vital do coração, apenas o acompanha e se conscientiza de sua ocorrência, apropriando-se dele. O controle da mente no sentido de manter-se concentrada num único ponto, já se constitui como um exercício altamente relaxante e desestressante.

Das pulsações do coração, a camerazinha pode se concentrar em outros órgãos e funções internas. De preferência, que sejam pontos em que algum sintoma esteja se manifestando, através de alguma sensação, confortável ou desconfortável. Todo sintoma é uma forma que o organismo se utiliza para chamar a atenção da mente. Sem se deixar contaminar com imaginações negativas, é importante que a mente não fantasie idéias preconceituosas a respeito do sintoma. O exercício de introspecção ajuda para que pensamento e sensações se acoplem, se reconheçam e se desvendem em seus segredos íntimos, apropriando-se ambas de suas respectivas energias vitais.

Postado por José Morelli