sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

Brilhar

 O sol tem esbanjado todo seu brilho nestes dias que antecedem a festa da Páscoa. Antes de o cristianismo se tornar religião oficial no antigo império romano, a festa celebrada neste tempo era dedicada ao sol, exatamente por causa de sua intensa luminosidade, nesta fase do ano. Possuindo luz própria, o sol deve seu brilho a si mesmo. A Páscoa, comemoração da ressurreição de Jesus, substituiu a festa pagã dedicada ao sol. De acordo com a fé cristã, Jesus foi o primeiro e único a passar, por suas próprias forças, da morte para a vida, das trevas para a luz, do sem-sentido para o com sentido.

As pessoas possuem brilhos e sombras. Por mais brilho que possa ter uma pessoa, se ela mesma não consegue reconhece-lo, é como se não o tivesse. Brilhar com luz própria não é necessariamente um mal e, por isso, não precisa provocar sentimentos de culpa. Luz e escuridão são poderes opostos. O apagão que tivemos algum tempo atrás, permitiu-nos medir o quanto pode ser poderosa a escuridão, pelos transtornos que causa.

Quando uma criança é tratada de forma inadequada, com violência ou descaso, ela pode carregar consigo marcas que a condicionam negativamente em seu desenvolvimento. Traumas e bloqueios impedem-na de manifestar seu brilho, sente-se em trevas. Envolvida assim, não consegue perceber o quanto de luz e brilho próprio possui. Não consegue perceber o quanto sua escuridão é forte e fica-lhe mais fácil jogar sobre outros a responsabilidade de tudo que lhe acontece. Não se assume em sua totalidade que, como em todos os outros seres humanos, compõe-se de brilhos e de sombras.

Depois que construiu o curso, o rio desce naturalmente por ele. Superar um trauma é mudar o curso do rio. Mudar o curso da própria história é mudar os pensamentos e sentimentos, é trazer para si a responsabilidade de ser feliz, sem culpa de mostrar a todos que quiserem ver, o brilho que traz nos olhos e em todo ser.

A liturgia católica mostra que a ressurreição de Jesus é uma festa de luz. Jesus vence a morte e faz brilhar, em si, a vida. Com discrição, Jesus brilha, não se lançando com violência sobre as trevas do mal, naqueles que O crucificaram. Das vezes que apareceu após a ressurreição, as palavras que mais pronunciou foram: “a paz esteja com vocês!”

Ao mundo, a você e a todos que lerem este texto desejo a paz de Jesus Ressuscitado e uma feliz páscoa!

Postado por José Morelli

sábado, 9 de dezembro de 2023

"... não tem preço!"

 As boas ou más línguas dizem que todo homem tem o seu preço insinuando assim que, dependendo do valor oferecido, mesmo o mais íntegro dentre os humanos não resistiria à tentação de se vender em sua própria consciência. Quanto ao amor verdadeiro, desinteressado de qualquer outro bem senão o da pessoa amada, este também seria algo que não existiria dinheiro no mundo que o pudesse pagar. Quanto dinheiro seria necessário para se pagar pela compra de um Sol, de uma Lua, do ar que circunda a Terra, das águas salgadas dos oceanos ou das águas doces dos rios? – O que não existe dinheiro com que se possa pagar, não tem preço.

A generosidade de quem doa sangue para um doente que dele está necessitando de imediato, a fim de que possa continuar vivo, é uma atitude que absolutamente não tem dinheiro que pague. A urgência da necessidade, num dado momento, é o que permite de se avaliar a importância de uma determinada decisão e tomada de atitude. O dinheiro não é o único padrão de valor no estabelecimento das trocas entre as pessoas. A oportunidade de atendimento de uma determinada necessidade pode ser única. Se

Desde o momento em que os seres humanos passaram a dividir com a natureza o espaço do planeta Terra, esta tem sido pródiga em lhes proporcionar as condições indispensáveis para que evoluam e se aprimorem em suas capacidades. Estamos vivendo um momento particularmente importante da vida do mundo e da humanidade, um momento que parece estar exigindo mudanças nos entendimentos e na adoção de novos paradigmas a serem seguidos.

Sempre existiram coisas que o dinheiro não conseguiu pagar. O poder do dinheiro, porém, tem se tornado cada vez mais determinante. Ele deixou de ser apenas meio e se transformou em fim. É ele que financia todas as aventuras e desventuras individuais e coletivas.

Todos têm sido chamados para financiar o desenvolvimento. Todos têm que pagar pelos avanços tecnológicos, ainda que nem todos consigam utilizá-los. Os investimentos contemplam mais umas áreas que outras. Para o que tem mercado a produção é maior. Para o que não tem mercado ou dinheiro que possa pagar, a produção é menor ou nenhuma.

Postado por José Morelli

  

 

Monótono

 De origem grega, a palavra monotonia é composta por duas outras palavras: mono e tonia. Mono significa um, único e tonia é o mesmo que tom, vibração. Monótono é tudo aquilo que é percebido como repetitivo, enfadonho, cansativo. 

Vivemos a era da velocidade. Até o tempo parece correr cada vez mais rápido. A demanda de coisas a fazer é grande. A exigência de cumprimento das obrigações é para “ontem”, como se costuma dizer. Nunca o mundo teve tanto a oferecer para ser consumido. Se as pessoas não podem viajar e conhecer o mundo todo, este vem ao encontro delas em suas próprias casas.

No entanto, apesar de tudo isso ainda é muitos os que se queixam de que a vida continua monótona. Não podemos esquecer de que é através dos acontecimentos que a vida vai se apresentando a cada um. Estes são como uma espécie de comunicação da vida. A vida é a transmissora e as pessoas são as receptoras dessa comunicação. E como toda comunicação depende tanto de quem a transmite como de quem a recebe, o problema pode estar tanto na primeira como na segunda dessas duas pontas. Pode estar, também, nas duas: em parte numa e em parte noutra.

É pelos nossos sentidos que captamos tudo o que se passa à nossa volta. Nossa mente recebe as mensagens captadas pelos nossos postos avançados de percepções e as processa, as entende, as aprova ou desaprova. A aprovação acena para a harmonia, enquanto que a desaprovação acena para a desarmonia. 

As coisas, os acontecimentos sempre possuem vários lados para serem observados. Além desses vários lados, as coisas e os acontecimentos possuem profundidade. Eles não são só casca, possuem conteúdos também. Treinar os olhos, os ouvidos, o tato, o olfato, o paladar e a intuição ajudam na percepção das várias formas com que a realidade se apresenta a todos e a cada um de nós.

Mesmo que nos sintamos pressionados a viver de forma acelerada e ansiosa, é importante que sosseguemos nosso “facho”, parando e nos detendo na observação mais aprofundada de pequenos ou grandes acontecimentos, saboreando-os mais demoradamente e intensamente. A ansiedade nos impede de deter-nos nas coisas e nos acontecimentos, vivenciando-os na profundidade de seus significados.

Postado por José Morelli

   

Mundo hostil

 De “hostil” vem hostilidade, que é o mesmo que belicosidade, agressividade, combatividade. Mundo hostil é o ambiente agressivo que nos cerca. Para uma criança, que nasce e cresce num ambiente familiar hostil, em que as pessoas adultas são agressivas e amedrontadoras, é indispensável que ela desenvolva mecanismos de defesa, que lhe sirvam como proteção. Estes mecanismos podem trancá-la, fechando-a em si mesma, ou podem transformá-la num ser tão ou mais agressivo que seu meio.

Um barraco, ameaçado de cair sobre as pessoas que nele habitam, em risco de ser levado pela enchente ou de ter mais chuva caindo dentro do que fora, é parte de um mundo visto e percebido como hostil.  O mesmo se pode dizer da miséria, da fome, do desamparo pela falta de instrução e de conhecimentos, necessários a um mínimo necessário para permitir participação na vida social e econômica. Quando se analisa os desenhos de uma criança, pela maneira como ela se utiliza do lápis e faz suas representações, pode-se avaliar como ela percebe e sente o ambiente externo, que a rodeia, e como se percebe e se sente frente ao mesmo.

Das primeiras experiências que a criança vive em seu ambiente doméstico, ela carrega influências para outros ambientes: rua, escola, campo de futebol, amigos, bairro, cidade, etc. A criança cresce e precisa se defrontar com a vida na sociedade. Precisa se sentir preparada. Os pais já possuem uma vivência maior com a realidade. Sabem que o impacto com a hostilidade do mundo exige certa estrutura pessoal. Daí que, para prepará-la, precisam colocá-la, pouco a pouco, em contato com a realidade tal como ela é, com gradativa objetividade, sem exageros nem para mais nem para menos.

Nós, adultos, também atribuímos um sentido para o mundo que nos cerca. Acumulamos uma experiência e, a cada nova informação recebida, vamos reformulando nossa percepção e juízo da hostilidade com a qual devemos nos confrontar diariamente. Temos consciência de que fazemos parte do mundo, A humanidade é a somatória de cada pessoa e incluímo-nos entre essas pessoas. As armas que tornam o mundo belicoso não são apenas aquelas utilizadas nas guerras, sejam elas entre nações ou entre facções criminosas ou entre o crime organizado e a polícia, nas chamadas guerras urbanas. Além dessas armas convencionais, outra reconhecidamente potente e que nos é extremamente familiar é a língua humana. Com ela podemos construir, é verdade; mas, seu poder destruidor é, também, imenso.

O mundo tem se utilizado de diversas estratégias para lidar com o medo da hostilidade: negociações; corrida armamentista ou guerra fria; confrontos bélicos. No decorrer destes primeiros anos do século vinte e um, o mundo já promoveu diversas guerras. Hostilidade gera hostilidade. Encontramo-nos ainda no começo de um novo século e de um novo milênio. Precisamos encontrar formas mais pacíficas de viver e de conviver.

Postado por José Morelli

Mendigar afeto

 Há quem mendigue esmola e essa é a forma mais apropriada para o uso do verbo mendigar. Em sua postura, o mendigo como que suplica ajuda alheia. Essa e outras posturas, próprias de quem mendiga, é que identificam também o indivíduo carente de afeto. O juízo que o mesmo faz de si se associa a um sentimento de vazio interior, sôfrego de ser preenchido com alguma migalha de carinho ou de atenção.  Neste caso, o verbo mendigar é utilizado em sentido figurativo.

Quem é carente de afeto é dominado por uma sensação de angústia que o perturba e o faz agir com alguma inadequação, como se costuma dizer: metendo os pés pelas mãos. Essa inadequação, muitas vezes, provoca reação contrária daqueles que são por ele (ou por ela) assediados. A afetividade é, antes de tudo, humana: é carência de gente e não de coisas.

A título de exemplo, lembro aqui os versos da música “Teresinha de Jesus”, na versão de Chico Buarque. Eles dizem assim: “O primeiro me chegou como quem vem do florista: trouxe um bicho de pelúcia, trouxe um broche de ametista. Me contou suas viagens e as vantagens que ele tinha. Me mostrou o seu relógio; me chamava de rainha. Me encontrou tão desarmada, que tocou meu coração, mas não me negava nada e, assustada eu disse “não”.

O segundo me chegou como quem chega do bar; trouxe um litro de aguardente tão amargo de tragar. Indagou o meu passado e cheirou minha comida, vasculhou minha gaveta; me chamava de perdida. Me encontrou tão desarmada que arranhou meu coração, mas não me entregava nada e, assustada, eu disse “não”.

O terceiro me chegou como quem chega do nada; ele não me trouxe nada (só a si mesmo o que não seria pouco), também nada perguntou. Mal sei como ele se chama, mas entendo o que ele quer! se deitou na minha cama e me chama de mulher. Foi chegando sorrateiro e antes que eu dissesse não, se instalou como um posseiro dentro do meu coração”. 

Postado por José Morelli

 

 

 

Medo de altura

 O medo é um sentimento que pode se manifestar também através de sensações físicas. Todos estão sujeitos a senti-lo frente a situações que nos ameaçam de alguma forma. Se o mesmo nos é causado por motivos reais e proporcionais à sua intensidade, ele se justifica e revela equilíbrio e objetividade nos pensamentos e sentimentos. Se o mesmo nos é causado por razões imaginárias ou insuficientes não se justifica e revela algum comprometimento na apreensão da própria realidade e das circunstâncias que a rodeiam.

Estar em um lugar alto pode nos representar um perigo real e exigir de nós um cuidado maior do que quando nos encontramos no nível do chão. Em princípio, nossas condições físicas para manter a sensação de equilíbrio são as mesmas, estando nós no térreo ou no vigésimo andar de um prédio. Muitas vezes, porém, a sensação de desequilíbrio sobrevém, somente quando nos damos conta de que nos encontramos num lugar mais elevado do que aquele em que estamos habituados.

Tontura, sensação de vertigem e de perda do equilíbrio são sintomas do medo da altura. Existem outras situações que nos podem promover sensações parecidas com essas. Simbolicamente, subir na vida, ser promovido a um cargo mais elevado, enriquecer acima de um determinado patamar, fazer sucesso e ganhar fama podem causar sensações de desconforto semelhantes às daquelas causadas pelo medo de altura.

Em nosso ouvido interno, temos uma parte chamada de labirinto. Dele depende nosso equilíbrio. Labirintite é uma inflamação do labirinto, que provoca o sintoma da perda do equilíbrio com a consequente sensação de que tudo se encontra girando em torno e de que vamos desmaiar.

Neste sentido, acontece também de, coletivamente, pessoas de uma mesma família não admitirem que nenhum de seus membros alcance uma melhor condição, comungam da idéia de que nenhum membro é merecedor, digno de se sobressair acima dos outros. Isso também pode acontecer com relação aos habitantes de uma mesma cidade ou um mesmo país. 

Postado por José Morelli

 

Momentos mágicos

 Ainda em clima de olimpíadas e de paraolimpíadas Rio 2016, acompanhamos mais uma semana de competições entre atletas que se apresentam com alguma deficiência física ou mental/neurológica. Diferentemente das olímpicas, as competições paraolímpicas vêm sendo transmitidas, apenas, por uma emissora de televisão aberta: a TV-Brasil. No entanto, para quem esses eventos pudessem parecer desinteressantes, a opinião de várias pessoas que tenho ouvido não coincide com a daqueles que desacreditaram no interesse que as mesmas estão despertando.

Tanto os momentos das competições como os das premiações têm se apresentado com uma mescla de magia e de enlevo/sublimidade. Fazendo jus às origens gregas, as subidas aos pódios têm obedecido aos devidos rituais. O templo existente no monte Olimpo dedicado a Zeus era considerado a morada dos deuses. Os pódios possuem um quê de sagrado, uma espécie de altar da Pátria. Os ganhadores de medalhas de ouro, ao ouvirem o hino de seus países, dificilmente não se emocionam e emocionam.

Na medida em que as vistas e as mentes vão se acostumando de verem e de entenderem os atletas e as atletas, com suas deficiências expostas, estas vão deixando de chamar tanta atenção evidenciando-se, no lugar delas, a força e a técnica de pessoas agigantadas com corpos e mentes densos de energia e de garra. Sem a pretensão de usurparem o pódio de Zeus, esses vencedores ascendem à imortalidade – com seus feitos incluídos nos registros olímpicos. Saboreiam, assim, do néctar da glória servido aos deuses, representado pelas medalhas de bronze, prata ou ouro e pelo reconhecimento manifesto no aplauso do público.

As Olimpíadas e as Paraolimpíadas têm se constituído como um legado cultural daqueles que acreditaram e apostaram em nosso país e em nossa gente. Quantos e quantos ensinamentos condensados em momentos tão breves de tempo. O compartilhamento de tantos países e tantas culturas serve como exemplo para outras formas de relacionamentos pacíficos e proativos no âmbito local e mundial, possíveis entre iguais e diferentes.

Postado por José Morelli

Moderno

Uma palavrinha sedutora, que é entendida como qualificativa daquilo que é novo, está na moda, ocupando o topo das descobertas mais surpreendentes. Quem se identifica com algo moderno, projeta-se socialmente como avançado em seu tempo e diferenciado daqueles que permanecem ligados aos padrões antigos, do passado recente ou remoto.

O moderno goza de um status especial. Pode nem mesmo ser assim tão profundo e consistente em suas justificativas; mas, como é quase um recém-nascido, esses aspectos não precisam ser considerados tão relevantes. Basta dizer que é moderno e isso já seria o suficiente. O Moderno, por outro lado, é a vanguarda. Sem ele, o mundo fica parado. Não vai para frente, não abre portas nem caminhos novos, parece desinteressante.

O moderno combina com os jovens. O jovem que é arrojado, não tem medo de romper com o estabelecido, acreditando que não tem nada a perder ao lançar-se no que lhe parece colocá-lo na “crista” da onda.

Contrapondo-se ao moderno existe o antigo, que um dia também já foi considerado moderno. Se o antigo ainda permanece existindo é porque teve alguma importância. Não foi sem motivos que se manteve vivo com o passar dos anos. Aliás, muito do que se apresenta como moderno não deixa de terem sido coisas antigas que passaram por alguma leve maquiagem, que lhe deram um toque diferente na aparência.

O social é assim. Projetamo-nos através daquilo que juntamos à nossa pessoa. Vemo-nos e somos vistos nessas identificações. Viajamos em nossa imaginação e sonhamos de sermos aquilo em que nos projetamos. E isso traz em si um forte apelo de venda, capaz de impulsionar muitos negócios.

O mercado faz uso desses conceitos a fim de vender o que lhe interessa. No meio de todo esse jogo estão os indivíduos, as pessoas. Estas precisam ser fortes em si mesmas. Precisam se colocar um pouco acima dos interesses daqueles que desejam simplesmente manipulá-las. A vida é construída a partir das escolhas individuais e coletivas. A carruagem pode ir para muitas direções. Cada uma dessas direções leva a lugares diferentes. É preciso que nós e todos que somos contemporâneos de vida humana procuremos saber como e onde queremos chegar. 

Postado por José Morelli 

quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

Fenômenos psicológicos das eleições

 O período de campanha eleitoral tem o objetivo de esclarecer e motivar os eleitores, a fim de que o maior número destes se prepare para exercer bem o direito e a obrigação de participarem das escolhas dos candidatos. Um papel importante nesse processo é o desempenhado pela mídia televisiva através das notícias que escolhe dar e do horário eleitoral obrigatório. A informação por ela fornecida deveria ser a mais democrática possível, transmitindo notícias verdadeiras e com equidade.

De um lado se posicionam os candidatos que concorrem aos cargos eletivos e, de outro, nós eleitores, que nos representamos a nós mesmos e aos demais cidadãos e cidadãs que, por alguma razão, não podem votar. Através das escolhas que fazemos, espelhamos nossa consciência. Nossos valores, nossos modos de entender e de sentir a vida. Nossos sonhos e perspectivas de uma sociedade melhor devem se refletir em nossas decisões na hora de votar. Cada cabeça com sua sentença, com seu juízo e com sua esperança. Na somatória dos pensamentos e sentimentos a nação, como um todo, se expressa e se materializa em números de votos mais para uns do que para outros.

As informações que são transmitidas não encontram nossas mentes vazias. Estas informações se juntam a tudo aquilo que trazemos acumulado no pensamento em todos os anos de vida por nós vividos. As campanhas eleitorais e as votações se constituem como oportunidade de reflexão e aprofundamento sobre muitos assuntos importantes. Valem as propostas que nos atendem em nossas necessidades pessoais e valem, também, as propostas que atendem às necessidades dos diversos grupos sociais e ao conjunto de toda a nação. Quanto mais pessoas abertas às necessidades coletivas, maiores serão as probabilidades de escolhas que beneficiam o país em sua maior abrangência.

A sociedade é segmentada em grupos. Os diversos grupos sociais se diferenciam uns dos outros. É natural que cada grupo seja representado junto aos poderes constituídos. Os grupos só existem se existirem indivíduos que os componham. O indivíduo ainda é soberano em sua consciência. Esta deve ser a base sobre a qual se apóiam todas as instituições humanas.  

Postado por José Morelli


 

"Eu e meu medo"

 Umas vezes, meu medo se me apresenta escancarado, outras vezes, sutilmente incômodo, roubando-me a paz de meu espírito. Eu e meu medo nos apresentamos como se fôssemos uma coisa só. Não sou capaz de distingui-lo entre quem sou eu e quem é ele, percebendo-o distinto de mim. Se não me predispuser a me voltar para dentro de mim e descobrir meus próprios segredos, não conseguirei avançar na busca pessoal de maior harmonia com o ser real que sou e com a realidade que existe à minha volta.

Meu medo se constitui de afigurar-me perdendo o controle de mim mesmo, como se um tapete fosse puxado debaixo de meus pés, tirando-me o equilíbrio e a sensação de encontrar-me seguro. Sobrevem-me a dificuldade de reconhecer-me em mim, por não perceber-me correspondendo às expectativas que insisto em alimentar quanto ao quem sou e como sou. Sonho em ser o que não consigo ser plenamente. Em vão, os super-heróis da infância, em mim introjetados, não conseguiram iludir-me quanto aos poderes que percebo não se encontrarem ao meu alcance. Constantemente, contraio novas dívidas para comigo mesmo. Camadas sobre camadas vão se formando, no meu psíquico e em meu físico, na tentativa de manter-me racionalmente justificado perante minha consciência. Injustificavelmente, escondo-me por trás de minhas fantasias narcísicas. Tal um domquixotezinho que vai tentando se enganar, inventando-se mil estórias.

No contraponto do diálogo comigo mesmo, vou ouvindo o máximo que posso, juntando informações. Tento desmistificar-me, despojar-me de minhas expectativas. Comparo-me com pessoas, coisas e até mesmo instituições e nas interações que estabelecem. Permito-me vasculhar por dentro e por fora. Viajo em devaneios. Permito-me perscrutar minhas sensações com muita atenção. Honestamente, vou me reconhecendo no que me é íntimo. Percebo-me no que sou de verdade e não no que desejaria ser. Não sou mais nem menos do que um simples mortal, ser humano, gente de carne e osso, com apenas certo grau de consciência de mim mesmo e do que gravita à minha volta.

O impacto com a realidade externa não deixa de me ser assustador e desestabilizador dos pensamentos e das emoções. Só pouco a pouco e com determinação é possível assimila-lo. Para enfrentar a realidade que me é externa, preciso de que meu eu se perceba e se reconheça em seu próprio medo – sem medo do medo, entendendo-o em suas razões de ser e assimilando-o no que for possível.

Postado por José Morelli

Egoico no bom sentido

 Egoico vem de ego (eu, em latim), cujo significado é: voltado para si mesmo, centrado em si. Cada indivíduo precisa se ter e se reconhecer diante dos próprios olhos e inteligência. O sentido da própria identidade depende também dessa atenção sobre si. Porém, o sentido dessa conscientização também é resultado não só da percepção, do reconhecimento de si mesmo, mas da percepção e do reconhecimento do outro pelo que ele é, distinto, separado, diferente do eu de cada um.

A individualidade de cada pessoa se compara com a individualidade de outra. Estas podem se olhar e se reconhecer em suas semelhanças e em suas diferenças. Os egos se aproximam e se afastam uns dos outros. Os egos se unem criando identidades compartilhadas em grupos e subgrupos. Assim é que surgem os católicos, evangélicos, espíritas, são paulinos, corintianos, santistas, palmeirenses. Egos pessoais que se vêm e se reconhecem como egos grupais.

As torcidas dos clubes de futebol e outras são entidades que se constituem a partir de idéias formadas nas cabeças dos indivíduos, à semelhança de ícones. Essas idéias tendem a se materializar, transformando-se em nomes, símbolos, bandeiras, cores, gritos de guerra, hinos. Com base na consistência de nossas individualidades, a vida humana se constrói em seu fazer-se contínuo, perpetuando-se no tempo e no espaço.

Cada indivíduo escolhe “onde vai querer amarrar o seu burro”, como costumava dizer minha avó portuguesa. Cada indivíduo escolhe um espelho onde vai projetar sua própria imagem e se reconhecer no que é e no que objetiva fazer. Há aqueles que se reconhecem em instituições que se apresentam como legais e alinhadas à maioria e há aqueles que se reconhecem em instituições que se apresentam como desalinhadas à maioria e consideradas ilegais ou até mesmo criminosas. Os egos pessoais e grupais se afirmam. Por suas identificações em suas imagens projetadas nos grupos e subgrupos, os indivíduos despendem a maior parte de suas energias.

Ter consciência da própria existência, do valor da própria individualidade é a base sobre a qual cada indivíduo constrói sua capacidade de escolher o que vai fazer da própria vida. A família é o primeiro lugar onde os indivíduos se constroem em suas identidades. Houve um período da história do Ocidente chamado de humanismo, em que grandes artistas se voltaram para a natureza desvendando-lhes suas imensas possibilidades. As obras desse período que ainda hoje podem ser admiradas são como espelhos que refletem a profunda sensibilidade e inteligência de seus autores. Olhá-las e admirá-las contribui para a construção de um ego mais saudável e produtivo.

Postado por José Morelli

P O S S O !

 No momento em que digo a mim mesmo: posso!, reconhecendo-me no direito de conseguir o que quero - como tantos outros conseguem – estou me dando um presente, um voto de confiança, investindo ainda mais em minha própria capacidade, em meu lado sadio e agradecido de ser quem sou e como sou.

Posso!, repetido no pensamento e sentido na emoção, tendo os olhos bem abertos ou mantendo-os fechados, a fim de que a sensação do direito de poder cale fundo na alma e permeie meu corpo inteiro, harmonizando-me com minha vontade: afastando dúvidas, medos e inseguranças e, deste modo, permitindo que uma energia positiva ganhe cada vez mais força dentro de mim.

O sentimento de culpa não se aplica, quando não existe contradição profunda entre o que eu quero e os princípios e valores que norteiam o meu querer. Se esses princípios precisam ser revistos para que se confirmem, é necessário que eu tenha a coragem de encará-los de frente buscando clarificá-los.

O que vem de mim também pode ser bom e deve ser respeitado e valorizado por mim. Com maturidade, devo assumir minhas decisões e caminhos a seguir. Estes devem servir à minha vida e a daqueles e daquelas que, comigo, convivem em minha casa, na sociedade em que me insiro e no mundo em toda sua complexidade e abrangência.

É uma responsabilidade que eu os assuma dessa forma. Sendo menos rígido, menos inflexível, vou conseguir adequar-me com as situações emergentes do dia a dia, Essa liberdade é um sinal de que estou agindo de maneira condizente com minha capacitação adulta.

Posso!: sou livre para exercer meu direito de querer. Sou responsável por valorizar minhas vontades. Mesmo que tenha que lutar, que brigar, que dizer “sins” e “nãos”, vou afirmar minha vontade. É disso que preciso para ser feliz e poder agradecer pela minha vida. Dando passos nessa direção é natural que consiga, também, valorizar o posso! dos outros, conseguindo mesmo sentir-me feliz (sem inveja), agradecendo pela vida deles, estejam eles perto ou longe das minhas vistas.

Postado por José Morelli


 

Duas sílabas

 A primeira é labial. O ar exalado provoca leve estampido com os lábios, produzindo um som que, associado à vogal e, tem a sonoridade: Pe. A segunda sílaba é lingual. A ponta da língua pressiona a parte posterior dos dentes da frente (da arcada inferior) e, em seguida, fazendo um pequeno volteio, faz produzir o som: nha. Esses dois sons unidos formam a palavra: Penha. Ao ser ouvida, o cérebro instantaneamente a registra. Referências passam a ser associadas a essa palavra: pedra, penhasco, colina, lugar alto, bairro da zona leste de São Paulo, morro e escadaria da igreja da Penha no Rio de Janeiro, Nossa Senhora da Penha padroeira do Estado do Espírito Santo, Nossa Senhora, popularmente reconhecida como guardiã e protetora da Cidade e dos habitantes de São Paulo. 

Tudo se origina do menor para o maior, do antes para o depois. As palavras, as coisas, as pessoas, os grandes mamíferos, as grandes árvores, as planícies, as montanhas, os rios, os continentes e os oceanos dependem para existirem de suas mínimas partes. Por mais que as vendas no atacado possam ter maior expressividade financeira, o varejinho, mesmo que pouco lucrativo, é fundamental. A vida humana exige pequenos cuidados para que possa se desenvolver. A higiene bucal é imprescindível para que os dentes se mantenham sadios e duradouros. O mesmo se pode dizer do banho e da limpeza das roupas a serem utilizadas no dia a dia. Discursos que revolucionaram os rumos da história foram feitos de palavras que se subdividiam em sílabas e letras.   

A vida presente é conectada com o que foi passado. De um chefe indígena americano é recordado o ensinamento de que, para se desenvolver com sabedoria, ao jovem é preciso que lhe sejam dadas asas e raízes. O presente exige que seja audacioso e criativo à semelhança das aves em seus altos vôos. Da mesma forma, o presente exige que não dispense a força que lhe vem das raízes, do passado do qual proveio e ao qual nunca deixa de estar ligado. A história ligada a cada bem ou patrimônio histórico pode ser desfiada como a lã que se desenrola de um novelo, podendo ser lida e relida momento a momento.  

Neste sábado, das 09h30 às 13h00, no Centro Cultural Penha, acontecerá um Seminário com o objetivo de discutir os patrimônios históricos da Zona Leste da Cidade de São Paulo. Estarão presentes membros dos órgãos de preservação da prefeitura, do governo do Estado e do governo federal. Será uma oportunidade desses representantes ouvirem e de serem ouvidos pela sociedade civil no que tange ao assunto.

Postado por José Morelli

Cigarro

Inúmeros são os possíveis sentidos simbólicos que podem ser associados ao cigarro: uns entendidos como positivos (construtivos ou associativos); outros como negativos (destrutivos ou dissociativos) Um desses sentidos, de conotação dúbia, é o de consumo. Enquanto o fumo se queima e é consumido, a fumaça produzida pela combustão é sugada e conduzida aos pulmões de quem o fuma. Depois de ingerida, a fumaça é lançada para fora esvaindo-se no espaço. O cigarro é percebido pelo fumante como diminuindo gradativamente de tamanho até se reduzir ao mínimo possível de continuar a ser levado à sua boca. No sistema econômico vigente, só consome quem tem cacife para tanto. Por isso, cigarro é, também, associado à idéia de poder, de ter dinheiro, de decidir o que quer e o que não quer, de ser dono das próprias vontades e decisões.

Paralelo a esse sentido, o cigarro ainda pode ser associado à condição adulta de autonomia e liberdade. Por indução das propagandas, cigarro é um produto que goza de aceitação junto a pessoas de todos os níveis, desde as mais sofisticadas até as de hábitos mais simples. No entanto, a propaganda prefere associar ao cigarro carros de luxo, roupas finas ou chiques porém descontraídas, homens charmosos e mulheres deslumbrantes. Estas são as imagens mais utilizadas para seduzir as massas no sentido de levá-las à dependência e ao vício. Prazer, satisfação, auto-afirmação, elegância, exibicionismo, charme, sedução, conquista, alívio de tensão, compensação, inserção no grupo, companheirismo, rebeldia social ou familiar, drible à solidão, descontração, estas e outras são idéias que podem passar pela cabeça de qualquer pessoa.

Na outra ponta, do sentido negativo, o pensamento humano pode associar ao fumar idéias de destrutividade, tais como: poluição ambiental, sujeira, veneno, morte prematura, falta de força de vontade, desconforto, prejuízo ao meio ambiente, falta de amor à saúde e à vida, mau hálito, autodestruição, câncer, suicídio, desprezo por si e pela vida em geral, vício insuperável, dependência química ou emocional, coragem, prepotência, desafio às normas estabelecidas e de bom comportamento,

Embora a listagem seja incompleta, os sentidos simbólicos negativos ou positivos, citados acima, são uma pequena amostra das idéias que podem vir à cabeça de fumantes e não fumantes. O intuito da abordagem deste tema é o de contribuir com aqueles que quiserem pesquisar os próprios motivos que os levaram a aderir ao cigarro ou a rejeitá-lo de tê-lo como companheiro de “infortúnio”?! 

Postado por José Morelli

“Bobeou, dançou...!”

Fatos são fatos, indiscutivelmente. Contra eles, dizem, não há argumentos. O problema se encontra nos comentários que são feitos a respeito desses mesmos fatos, as interpretações, as conclusões que são tiradas a partir deles. A realidade é sempre muito abrangente, compreendendo tanto os fatos em si mesmos como suas repercuções em todas as direções e sentidos.

A crise dos bancos norte-americanos vem ocupando grandes espaços na mídia. No entanto, em meio a toda esta confusão, não se pode esquecer de que a vida é Viva. O mundo tem mesmo suas necessidades, por conta de sua contingência material (quantificada). O que é bom em curto prazo pode não sê-lo em médio ou longo prazo. Os negócios sempre sofrem oscilações em suas importâncias. Dependendo dessas oscilações, os investimentos nas bolsas de valores ou em qualquer outro ativo se deslocam de uns para outros. E vai entender todos os meandros da economia, movida por um capital (grana) capaz de voar mais rápido do que a luz do Sol? De qualquer forma, os quadros que se apresentam embutem aspectos da realidade em que o mundo está vivendo neste seu momento histórico.

Há quem espere a casa pegar fogo para tomar alguma providência e há quem se antecipe a esse desastre, adotando as medidas preventivas necessárias para que este seja evitado. Parece que não foi o que fizeram as autoridades responsáveis. E o efeito dominó da crise está aí. Uma mobilização geral dos G.4, G8, G20. Toda essa crise teria sido causada pelos gastos com as guerras do Iraque e outras (armas e soldados)? Ou teria sido por conta do estímulo ao consumo desenfreado e a compulsividade de muitos que se endividaram aproveitando-se de empréstimos lastreados em hipotecas de imóveis supervalorizados?

Daqui do lugar que estamos, em quem acreditar? Quando se ouve falar muito de alguma coisa, será que ela é mesmo tão importante como tentam fazer que pareça?  O imediatismo nem sempre é bom conselheiro. A insegurança é presa fácil do medo? Pode-se entrar de “gaiato” numa história que não se tem muito a ver?

Não esquecer que a vida é viva. Acreditar em si é fundamental. Acreditar no outro também é imprescindível. A informação completa dos acontecimentos e de seus entendimentos instrumentaliza a todos para construção de seus melhores juízos. Interesses escusos levam a boicotes nas informações. Todos correm o risco de serem ludibriados pelos medos que rondam indivíduos e sociedades. Por isso, o recomendável é “não bobear”; pois, quem assim o fizer, “dança mesmo e bonito”!  As lições existem para que todos delas aprendam!

Postado por José Morelli

 

Memória auditiva

Como é bom ter ouvidos sadios, capazes de experimentar sons e ruídos!... E pensar que, para muitas pessoas, o mundo é absolutamente silencioso. Outro dia, a televisão mostrou o trabalho maravilhoso (inédito) de algumas fonoaudiólogas brasileiras, ensinando surdos-mudos a falar, através de exercícios na piscina. O som, produzido na água, é mais bem captado pelos deficientes auditivos. Fica difícil imaginar, para quem nunca teve esse problema, como é viver sem audição.

Tivemos e temos a sorte de ouvir. Desde antes de nos conhecermos por gente, já ouvíamos e registrávamos os diferentes tipos de sons e de ruídos, aprendendo a diferenciá-los. Desenvolvemos a capacidade de retê-los em nossa memória, associando-os a momentos e a

lugares. Um som pode transportar-nos no tempo e no espaço. O barulho de uma cachoeira, o canto dos pássaros, fazem-nos recordar passeios que fizemos.

Algumas pessoas têm mais facilidade de memorizar através daquilo que vêm outras daquilo que tocam com as mãos, outras daquilo que sentem o cheiro ou saboreiam o gosto. E há aquelas que memorizam mais facilmente o que ouvem. Sons e ruídos ficam guardados na memória anos e anos. E, ao ouvi-los novamente, trazem de volta o passado, com uma série de outras recordações. Assim, temos a chance de rever e, quem sabe, refazer um ou outro “filme” de nossa vida. Elaboramos e reelaboramos fatos de nossa história.

Aqui em São Paulo, convivemos com muito barulho. À noite, parte desse barulho diminui. Em momentos de insônia, nossos ouvidos vão se distraindo com os sons da noite. São os galos que cantam, dialogando uns com os outros, confirmando a hora certa dos relógios, São os carros que passam na rua. O barulho do vento ou da chuva. O latido de algum cachorro ou o miado e algazarra de gatos. Enquanto os ouvidos se distraem, a imaginação viaja e fantasia

A audição do mundo externo permite-nos desenvolver a percepção de nós mesmos e do ambiente que nos envolve. Entramos em contato com a natureza. Sensibilizamo-nos com ela. Estabelecemos novos laços de ligação com ela, harmonizando-nos conosco mesmos e com a realidade externa. Nossos ouvidos nos ajudam a aprimorar-nos em nosso ser pessoal.

Postado por José Morelli

 

terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Sorrir

O sorriso é uma expressão facial que envolve principalmente a boca e os olhos. Existem vários tipos de sorrisos. Numa propaganda, veiculada na televisão faz algum tempo, foram mostrados exemplos de sorrisos, lembra-se?... Sorrir é uma manifestação do sentimento. Do íntimo, a alegria e felicidade, como uma resposta, perfaz seu caminho, tendendo a se desabrochar num sorriso. O sorriso é comunicação/interação. Acompanhado ou não de palavras, ele é capaz de dizer muitas coisas. Quando uma pessoa sorri, com sinceridade e espontaneidade, a pureza do seu sentimento é mostrada com poder, contagiando o outro a corresponder sorrindo também.

Falso ou verdadeiro. Quem pode julgar um sorriso?... A experiência mostra que existem sorrisos falsos. A ninguém é permitido a ingenuidade de negá-los. Através das histórias infantis, as crianças já tomam conhecimento das dimensões boas e más da realidade, descobrindo como os seres humanos são capazes de falsear os sentimentos, quando querem conseguir seus intentos a qualquer preço.

Mesmo sendo verdade que existem sorrisos falsos, não vale a pena ter medo de sorrir e de acolher os sorrisos dos outros. Acontece de pessoas criarem esse medo. Numa visita que fiz a uma antiga colônia de férias da Febem, em São Vicente, chamou-me a atenção a impossibilidade ou a incapacidade das crianças que ali estavam de sorrir. Existem adultos amargos, que não conseguem sorrir nunca. A expressão que mostram no rosto indica o clima extremamente melancólico que trazem no coração e na mente.

É próprio do homem sorrir. Uma característica de sua condição racional. O sorriso supõe entendimento. Sorrir é aceitar e aceitar-se. A dimensão física do sorriso, pelo envolvimento do rosto, essa parte tão proeminente do corpo, implica na aceitação das boas ou más condições em que este se encontra, seja ele conservado ou não, bonito ou feio, com boa dentição ou não. O sorriso de um bebê, mesmo antes de ter dentinhos, é cativante.

O sorriso é sinal de um bom estado emocional. Ele, ao mesmo tempo em que manifesta esse bom estado, contribui também para que a saúde se desenvolva ainda mais. Dar uma atenção ao próprio sorriso, cuidando para que ele se aprimore em suas manifestações, é uma verdadeira terapia. 

Postado por José Morelli

Coração

 O coração possui grande importância como centro do aparelho circulatório, lugar de onde o sangue é bombeado a toras as partes do corpo, através das grandes artérias, das veias e dos capilares.

É importante, também, pelo sentido que conquistou em nossas cabeças, pelas ideias e fantasias que formamos dele. O coração, na maneira popular de dizer, é sede do amor, das paixões, do ódio, da indignação e da dor, provocada pela decepção.

O coração é um símbolo, O seu lugar, no peito um pouco à esquerda, é simbólico. Encostar a cabeça no peito, na altura do coração, pode ser entendido como o apoio da razão sobre as emoções: a harmonia entre estas duas fontes de energia, que comandam a orientação de nossas vidas.

A saúde do coração, assim como a doença, influencia na saúde e na doença do corpo inteiro. Saúde e doença de duas ordens: orgânica e funcional ou psicológica (conceitual) e emocional. Estas duas ordens não se excluem. Muitos pensam que a saúde e a doença nunca são só puramente física ou puramente psicológica. Uma certa dose de ambas sempre está presente, quer na doença do todo do corpo ou de qualquer de uma de suas partes.

As necessidades do coração são, da mesma forma, de duas ordens: fisicamente, é preciso que o coração tenha o indispensável para funcionar bem (todas as suas partes estejam perfeitas, a química do organismo o revigore constantemente, o sangue serja daquela densidade adequada. Na ordem dos pensamentos e das emoções, o coração precisa ter satisfeita suas necessidades. Essas necessidades têm a ver com aquele equilíbrio entre o sacrificar-se e a justa compensação, entre a afirmação e próprio valor e a afirmação do valor dos outros. Consequentemente, tudo isto permite a possibilidade de trocas constantes, num jogo cujo desfecho pode contribuir para a saúde o prejudica-la.

Postado por José Morelli

segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Quadro clínico

 Temos a noção do que é um “quadro”. Nossa imaginação logo o constrói, toda vez que ouvimos falar, em nossa língua, a palavra que o representa. É da natureza do quadro, mostrar-se. A expressão “quadro clínico”, portanto, é apropriada para dizer de como se encontra, num dado momento, o doente. A palavra “clínico”, que tem origem grega, significa: inclinado/ deitado, alguém que não está bem de saúde e necessita de uma atenção médica especial.

Os quadros convencionais não se movimentam. Apresentam-se estáticos, parados. Aquilo que é, por eles, mostrado hoje, continuará a sê-lo amanhã, no próximo mês, daqui a um ano. Já o quadro clínico de um doente evolui: é dinâmico, vivo, movimenta-se podendo progredir ou regredir, melhorar ou piorar. Neste ponto, a comparação com o quadro não é perfeita. As imagens em movimento, que hoje existem em grande quantidade, poderiam expressar melhor esta particularidade dos quadros clínicos.

Uma foto. O quadro clínico é como uma foto. Para poder acompanhar a evolução do estado do doente, é preciso fotografa-lo de tempo em tempo. Pela comparação das primeiras imagens com as mais recentes, é possível medir a direção e a rapidez com que a doença se retrai ou evolui. Não é possível acompanhar tudo. Procura-se, então, observar os aspectos mais relevantes e representativos em cada caso.

Na psicologia, quantificar é mais complicado. A vida mental e emocional possui maneiras e maneiras de se manifestar. Os testes são bons instrumentos de medição. Com eles, podemos alertar-nos sobre aspectos básicos de um problema. É preciso ter muita abertura na hora de interpretar os resultados. Nada é absoluto. A mente e os sentimentos podem ser extremamente velozes em suas mudanças. A lógica do ser ou não ser nem sempre se aplica. Na subjetividade de cada indivíduo as contradições, que podem ser comparadas a nós, nunca deixam de estar presentes.

Nós, desses difíceis de serem desmanchados, nunca faltam em qualquer quadro clínico de problemas psicológicos. Identificá-los é uma tarefa que exige esforço e coragem. Quanto a desatá-los, é um desafio para a vontade firme de quem deseja libertar-se. O estímulo é saber que libertar-se é renascer, é passar de um estágio da vida para outro, é perder para poder ganhar algo novo, um processo que nunca é desacompanhado de algumas dores. Dores que servem como fertilizantes para a produção de novas alegrias de viver com mais qualidade.

Postado por \José Morelli

sábado, 14 de outubro de 2023

Paralelismos

 Para facilitar a identificação das localizações, no globo terrestre, este é subdividido por linhas imaginárias, no sentido horizontal e vertical. No primeiro destes sentidos, estão a linha do Equador, que divide o globo ao meio, separando os dois hemisférios: Norte e Sul, bem como os trópicos ou paralelos: de Câncer e de Capricórnio, o primeiro acima da linha do Equador e o segundo abaixo da mesma. No sentido vertical estão os chamados meridianos. De acordo com as posições dos trópicos, são identificadas, em seus respectivos períodos, as quatro estações do ano, em cada lugar. Já os meridianos identificam as horas do dia e da noite, a cada volta que a Terra dá, ao redor de si mesma.

Na medida em que os lugares estão mais ou menos próximos das regiões polares, o frio é mais ou menos intenso. Na medida em que os lugares estão mais ou menos próximos da linha do Equador, o calor também se torna mais ou menos intenso. As estações se manifestam de maneiras diferentes, dependendo da localização em que se encontra cada região. No Canadá, a passagem do inverno para a primavera, muda a paisagem radicalmente, o branco das geleiras dá lugar ao verde das folhas e ao colorido das flores. No Brasil, essas transformações ocorrem de maneira menos drástica, uma vez que as temperaturas, aqui, oscilam em graus mais amenos, nem tão frios nem tão quentes.

Ruas paralelas são ruas que, justapostas, seguem numa mesma direção. Fazer um paralelo ou paralelismo é o mesmo que fazer uma comparação. Os fatos que acontecem no mundo em níveis amplos, tendem a acontecer, em outros níveis, de maneira mais ou menos semelhante. O que acontece nos relacionamentos entre os hemisférios, tende a acontecer nas relações intercontinentais, entre países de um mesmo continente, entre estados de um mesmo país, entre bairros de um mesmo município, entre ruas de um mesmo bairro, entre famílias de uma mesma rua, entre pessoas de uma mesma família, entre partes do corpo de uma mesma pessoa.

Os ataques terroristas nos Estados Unidos e a guerra que vem acontecendo no Afeganistão provocam paralelismos em todos os níveis. Espécies de ressonâncias, semelhantes às provocadas pelas ondas sonoras e que nos atingem sensivelmente, em nossas mentes e em nossos corpos. Em certo sentido, não deixamos de ser solidários peas alegrias e pelas tristezas que o mundo vive em sua história.

Postado por José Morelli

Paralelismos entre natureza e tempo

                                       Desde o instante em que fomos gerados no seio materno,

passamos a conviver com a natureza maior que a nós era pré-existente.

Fomos contemplados como pedras do bingo, que completa uma cinqüina.

O tempo se desenrola como um novelo e nos introduz na sucessão de dias e de noites,

Constituindo-nos como passado e presente.

A temporalidade nos estimula e assusta ao mesmo tempo.

Natureza é palavra de gênero feminino.

Tempo á palavra de gênero masculino.

Para transformar-se e gerar novas formas de vida, a natureza precisa do concurso do tempo.

 

Pela maternidade, a mulher experimenta-se como mãe e como filha, (mais uma vez).

Percebe-se investida com um poder que antes só via em sua mãe.

A natureza é mãe permanentemente.

Tempo é sempre fugaz e passageiro, escapando-se pelos vãos dos dedos.

Uma flecha lançada ao ar que ninguém consegue detê-la em seu curso.

O tempo é pai, movimento, energia.

Sem ele, a natureza permanece inerte, não tendo como se modificar

 Natureza e tempo caminham para o imprevisível.

Compartilham entre si ansiedades e angústias.

Homem e mulher compartilham a sabedoria da transitoriedade, da temporalidade, da finitude e da infinitude.

Aprende a usufruir da vida enquanto ela acontece

A vida vai e se esvai inexoravelmente.

A consciência humana busca sentido para tudo com que a vida se defronta.

Conforta-se com a sensação de permanência e de descanso,

Um lago tranqüilo margeado por relva verdejante.

 

Homem e mulher – pai e mãe – natureza e tempo.

Poder e submissão

(poder submisso e submissão poderosa: alternâncias de ilusões)

 Natureza e tempo na sucessão: filhos e filhas

A arte de transmitir e de fomentar a vida.

Pai e mãe unidos pelos mesmos objetivos.

O cultivo da sensibilidade para consigo e para com o outro.

A superação do egoísmo.

O legado de cada dois... a posteridade.

A semente remanescente do fruto...

Semente natureza, que se transforma e dá origem a novas vidas.

O jogo do poder nas identificações e nas diferenciações. 

Postado por José Morelli

 

Para além das controvérsias

 Existe um chão batido sobre o qual as pessoas não podem deixar de caminhar, sob pena de perderem o que julgam indispensável ao próprio viver e ao viver das gerações futuras. O instinto de sobrevivência é uma dessas energias que funcionam automática e imperiosamente, a partir de dentro para fora de cada indivíduo. Dizem que o cavalo, com toda a sua destreza e pose, não consegue passar em uma pinguela e que o burrinho, sempre tão menosprezado em sua capacidade, quando instigado a transpor alguma, simplesmente fecha os olhos e vai de um lado para o outro, não se atendo a possíveis controvérsias.

Considerando a sociedade em seu todo, nota-se que as pessoas não são iguais em suas maneiras de ser e de agir. As respostas de cada uma às demandas naturais são formuladas das mais variadas maneiras. Uns apostam na capacidade crítica dos cidadãos, enquanto que outros consideram que o desenvolvimento do conhecimento e da crítica é perigoso para uma boa organização econômico-social, principalmente.

Viver e conviver são dois importantes imperativos: duas grandes sabedorias humanas. Desde pequeninas, as crianças se voltam para onde se encontram o amparo e o alimento. Essa mesma lei também acompanha a trajetória de vida das pessoas adultas, da maturidade à velhice.

Alguns acham que são as elites que dão as cartas para o jogo da vida e que as massas são apenas usadas como meios de manobras. Sabe-se também que as elites se digladiam entre si no sentido de exercer domínio sobre as massas. Os discursos utilizados apresentam os mais diferentes argumentos.

A humanidade já passou por muitas experiências históricas. A sabedoria armazenada não se perde totalmente. Fica guardada no subconsciente coletivo das diversas culturas existentes. Cada geração deixa as marcas de suas descobertas. A geração atual também está deixando suas marcas. As consequências das escolhas feitas já podem ser percebidas a partir dos resultados que estão sendo produzidos. Os rumos precisam ser sempre reavaliados. Não há o que estranhar, uma vez que se trata de uma tarefa que precisa ser realizada com muita garra e sem interrupção, deixando de lado quaisquer controvérsias.

Postado por José Morelli

sexta-feira, 13 de outubro de 2023

Generalizar

 Generalizar é uma tendência mais ou menos frequente, que pode ser fruto de uma preguiça mental, de um comodismo ou “lei do menor esforço”, às vezes, até mesmo de uma maldade menos consciente. É comum ouvir-se afirmações baseadas em generalizações. Cada pessoa tem sua identidade própria, não merecendo atribuições, só pelo fato de ser desta ou daquela região do país ou por ser desta ou daquela cor ou raça.

Acontece, também, de pessoas que apresentam algum defeito físico serem vistas e tratadas de forma a terem generalizadas essa sua condição de deficiência. Tratam-nas como se sua incapacidade fosse generalizada, vendo-as com mais deficiências do que efetivamente possuem. A cegueira do cego o impede apenas de ver e não de manter-se de pé. É por isso que, algumas vezes, o cego, educadamente, agradece a pessoa que lhe cede o lugar para assentar-se no ônibus. Na verdade, o cego é só cego e não aleijado.

Generalizar é uma maneira simplista de ler e interpretar a realidade. Baseando-se em apenas um ou em alguns motivos, tira-se a conclusão sobre o todo, reduzindo-o e empobrecendo-o em sua compreensão e entendimento.

O filme “Um Estranho no Ninho”, do diretor Milos Forman, mostra bem as consequências desse entendimento limitado, no tratamento dos doentes mentais, confinados em manicômios.

Tratando o doente mental, reduzido no seu entendimento a um único aspecto de sua realidade e desconhecendo sua condição humana plena, como pessoa que é, dotada de capacidades e múltiplas necessidades, o filme mostra os equivocos de certos tratamentos em ambientes fechados e restritos.

Generalizando as condições dos doentes, “Um Estranho no Ninho” mostra a prática de uma rotina que nivela a todos, não reconhecendo as necessidades individuais. Em nome do bem comum, são praticadas pequenas e grandes violências, talvez um retrato ampliado de situações com as quais convivemos muito frequentemente em nossos dia-a-dia “normais”.

Postado por José Morelli

segunda-feira, 18 de setembro de 2023

Para pensar e sentir

 Uma realidade próxima de cada um de nós é o corpo em que nos constituímos. Com ele, espírito forma uma unidade indissociável. Sentir a integração entre mente e corpo, numa harmonia possível, corresponde à realidade da vida humana terrena. Os significados que atribuímos ao nosso corpo, pelo que ele é para nós, no seu todo e em suas partes, devem ser positivos, colocando-nos para cima, energizando-nos e animando-nos.

O sentido de “eu”: (meu/nosso) é atribuído a cada membro de nosso corpo. Olhemos para nossas mãos, sintamos como nelas nos encontramos e nos reconhecemos. Concentremo-nos tranquilamente, com o nosso pensamento, e procuremos perceber a sintonia que elas possuem com o nosso ser total: corporal e mental. Como devem ser nossos pensamentos e sentimentos para que associem nossas mãos a ideias positivas e não só estranhas aos nossos entendimentos.

De nossas mãos, passemos a atentar para outras partes que constituem nosso corpo: braços; pernas; barriga; peito/pulmões/coração; pés; ombros; cabeça; costas; pescoço; boca/olhos/nariz/orelhas; genitais; etc...

Quanto mais coragem tivermos para reconhecer-nos em nossas consonâncias e dissonâncias entre nosso “eu” e as formas e funcionamentos de cada uma de nossas partes, melhor será a integração conosco mesmo. É o “eu” que estabelece o sentido da união entre as partes e o todo. Somos esse conjunto existencial. As ações de todas e de cada de nossas partes são atribuíveis ao nosso “eu” inteiro. É através de nosso corpo que nos relacionamos com os corpos e almas dos outros.

É pela consciência que nos dimensionamos na integridade de nosso ser corporal e espiritual. Possuímo-nos, integramo-nos em nossa identidade/personalidade, permitindo-nos assim que estabeleçamos trocas, dando-nos de nós mesmos aos outros e recebendo dos outros aquilo que deles ou delas podemos agregar em nós - sem nos confundir-nos. Distinguindo-nos pelo que efetivamente somos e temos e pelo que os outros, efetivamente têm e são.

Postado por José Morelli 

"Para quem vier!"

 As pessoas costumam dizer que “a festa é para quem vier!”- No caso presente, não se tratava exatamente de uma festa, mas sim de uma palestra realizada no último domingo, dia 17 de setembro, às 15h00, como fora divulgado através deste jornal: “Palestra sobre AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) - a ser proferida pelo Dr. Marcelo Serpieri, doutor em medicina pela USP.

O palestrante mostrou com clareza que, até o momento, a maneira mais eficaz de combater a AIDS é a informação. Por isso, sua palestra consistiu de informações e explicações de todos aqueles dados que, desde 1982, vinham sendo coletados pelos cientistas e pesquisadores do mundo todo.

Embora se tratasse de um assunto complexo, a exposição foi feita de maneira acessível para que, tanto os adultos como os adolescentes e jovens presentes, pudessem acompanhar e entender.

Saber e reconhecer onde e como se encontram os perigos de contaminação e como evita-los ou contorna-los gera segurança. A ignorância, o medo e a insegurança não ajudam. Os números estatísticos mostram que a AIDS é um flagelo deste nosso tempo, assim como outros, que assolaram o mundo em épocas passadas: a febre amarela; a varíola; a gripe espanhola.

Resumidamente, a palestra permitiu aos participantes conhecerem melhor sobre: a natureza da doença; o vírus transmissor – o HIV ; os grupos de risco; os testes para diagnóstico; as fases de evolução da doença; o tempo para manifestação da síndrome; as infecções oportunistas; os riscos de contágio; os meios de preveni-los.

Houve oportunidade para perguntas. Através destas, o tema ficou mais adaptado aos participantes. Aspectos do interesse deles surgiram e puderam ser discutidos e aprofundados. Sem desconhecer o caráter realístico duro do assunto, a opinião geral foi de terem gostado da forma como se deu a palestra. Foi um ato de coragem olhar e encarar o tema, que tanta influência traz para os relacionamentos interpessoais.

O surgimento da AIDS não deve impedir os relacionamentos íntimos entre as pessoas, fazendo com que passem a ser vistos como ameaças de morte iminente. Os valores positivos e construtivos – a “festa” de as pessoas se proporcionarem prazer, sem culpa, deve prevalecer  em nossos pensamentos e sentimentos.  (Ano de 1986).

Postado por José Morelli

quarta-feira, 13 de setembro de 2023

Nossa Senhora da Penha de França: expressividade da Fé

 Diferentemente das localidades em que se encontram igrejas de Nossa Senhora da Penha, seja no Rio de Janeiro seja na cidade de Vitória, no Espírito Santo, cujas topografias se caracterizam como cumes de montanhas, a da cidade de São Paulo se encontra a meia encosta da colina, como costumava dizer o eminente historiador penhense, de saudosa memória, Dr. Sylvio Bomtempi. A fim de deixar um registro, de próprio punho, sobre a Penha dos primeiros anos do século passado, o Padre António Benedito de Camargo, vigário da paróquia por longos 55 anos, consignou no Livro do Tombo, em 25 de agosto de 1905, o seguinte:

“edificada sobre um alto, num descampado inteiramente plano, onde sopram todos os ventos, que fazem trazer a população isente de moléstias. É esta procurada continuamente por convalescentes, espécie de sanatório onde têm eles saído sãos, robustos, cheios de vida. É raro, por isso, aparecer entre os habitantes daqui moléstias de caráter grave”.

Dada a posição em que se encontrava e se encontra o Santuário Eucarístico de Nossa Senhora da Penha, voltado para o centro da cidade,  o arcebispo de São Paulo, à época, Dom Duarte Leopoldo e Silva, insistia junto aos padres redentoristas de que o lugar onde seria construído o novo santuário (hoje basílica) deveria permitir que o mesmo fosse visível à cidade e que, deste, a cidade pudesse ser vista e protegida pelo olhar atento de Nossa Senhora. 

Para melhor aquilatar o tipo de experiência dos que vinham para as antigas festas da Penha, vale recordar a descrição da festa em 1918, contada no romance “Menino Felipe – Primeira Viagem”, de Afonso Schmidt:

“Os trens partiam superlotados da Estação Norte. Pela estrada de rodagem da Penha, formavam-se cortejos de carroças cobertas de ramos verdes, enfeitadas de bandeirolas de papel de seda. Quando chegavam à subida do santuário, os romeiros deixavam os veículos à porta das vendas (próximo à passagem do Aricanduva), botavam um feixe de capim diante dos burros e galgavam a ladeira, à pé, conduzindo grossas velas de cera... A estação encontrava-se a meio quilometro de distância, num corte praticado na colina, à chegada de cada trem, era uma algazarra. Roceiros vendiam canas, batata doce assada, cuias de garapa e tigelinhas de quentão. Depois, os grupos se punham a caminho da igreja. Ouviam-se queixas de violão, risadas finas de bandolins. Os romeiros caminhavam devagar, colhendo flores dos arbustos que pendiam dos barrancos. Havia gente que parava para contar caso. Ou para tirar o calçado, que lhe espremia os pés. Quando chegamos ao largo da igreja foi um deslumbramento”...

 Tais experiências, relacionadas aos lugares altos, aparecem inúmeras vezes tanto no Antigo como no Novo Testamento da Bíblia de maneira sempre muito significativa. Já no primeiro livro, capítulo 8º do Gênesis, referindo-se à história de Noé e de sua arca, o autor sagrado escreve o seguinte:

“E no sétimo mês, no décimo sétimo dia do mês, a arca pousou sobre as montanhas de Ararat. As águas continuaram a baixar até o décimo mês e, no primeiro dia do décimo mês apareceram os cumes dos montes”. (Gen. 8:4-5)

Nesse mesmo livro encontra-se o relato sobre a Torre de Babel, no qual conta que Javé confundiu as línguas dos que a construíam, a fim de não chegarem a concretizar o ambicioso intento. Em resposta, Javé desce e aplica um castigo àquele povo, a fim de que este entendesse que não deveria fechar-se em si mesmo; mas manter-se aberto a outros povos:

 “Vamos construir uma torre cujo cimo atinja os céus! Tornemo-nos famosos e não nos dispersemos pela terra toda... (em resposta, Javé diz) Eia, pois! Desçamos lá mesmo e confundamos-lhes a língua, para que ninguém mais compreenda a fala do outro!“ (Gen. 11: 4 e 7). Babel significa confusão.

Outra passagem atribuída ao patriarca Abraão, mostra como Deus jogou duro com ele. Tendo-lhe prometido que teria uma descendência maior do que as areias do mar, pede-lhe que ofereça em sacrifício seu filho único. Com o intuito de prova-lo, Deus o chama:

“Abraão! Abraão!”. “Eis-me aqui, respondeu-lhe. E Deus continuou: “Toma teu filho, teu único filho, que tanto amas, Isaac, e vai à região de Moriá e lá oferecê-lo-ás em holocausto sobre um dos montes que te indicarei” (Gen. 22:1-2)

Abraão fez tudo como lhe foi pedido; porém, quando estendeu a mão e pegou a faca para sacrificar o filho, o Anjo do Senhor lhe apareceu e disse:

“Não levantes tua mão contra o menino e não faças mal algum! Agora sei que verdadeiramente temes a Deus, pois não me recusaste teu filho, teu filho único” (Gen. 22: 12)

No livro do Êxodo, Moisés vive a experiência de encontro com Deus desta vez no alto do monte Horeb:

“Moisés apascentava as ovelhas de Jetro, seu sogro, sacerdote de Madiã. Tendo conduzido o rebanho para o outro lado do deserto, chegou à montanha de Deus, o Horeb... Então, no meio da sarça, Deus o chamou: “Moisés! Moisés!” E ele respondeu:  “Aqui estou!” Não te aproximes daqui. Tira as tuas sandálias, porque o lugar em que estás é uma terra santa” (Êxodo 3: 4e5).

Foi ainda nesse mesmo lugar que Deus revelou a Moisés qual o seu nome:

“Mas se eles perguntarem o seu nome? Que é que vou responder-lhes?”. Deus disse a Moisés: “Eu Sou Aquele que Sou” (Javé).  (Êxodo 3:13-14)

Em outro momento, no monte Sinai, Deus entregou a Moisés as duas tábuas da lei, na qual haviam sido gravados os dez mandamentos:

“Moisés subiu para ir ter com Deus. Do alto da montanha, Javé o chamou dizendo: “Assim falarás à casa de Jacó: ... E agora se ouvirdes com atenção a minha voz, e observardes a minha aliança, sereis para mim uma propriedade exclusiva, escolhida dentre todos os povos; pois toda a terra é minha. E vós sereis para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa.” (Êxodo 19: 3-4e5).

Tendo sido informada, pelo Anjo, que sua prima Isabel se encontrava no sexto mês de gravidez, Maria apressou-se para ir ao seu encontro. O evangelista São Lucas assim escreve:

“Maria se dirigiu a toda pressa para a região montanhosa, a uma cidade da Judéia. Entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino saltou no seio dela e ficou cheia do Espírito Santo. Então, exclamou em voz alta: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu seio! De onde me vem a felicidade de que a mãe do meu Senhor venha me visitar?”  (Lucas 1: 39 a 43).

No sentido de preparar seus discípulos, para os acontecimentos que iriam se abater sobre Jesus, sua paixão e morte de cruz, Ele transfigurou-se diante deles no alto do monte Tabor. Assim descreve o evangelista Mateus como isto aconteceu:

“Jesus tomou consigo a Pedro, Tiago e seu irmão João, e os levou a um lugar à parte sobre um alto monte. Transfigurou-se diante deles: seu rosto brilhava como o sol e sua roupa tornou-se branca como a luz. Então lhes apareceram Moisés e Elias, conversando com ele. Pedro interveio, dizendo a Jesus: “Senhor, como é bom estarmos aqui! Se queres, farei aqui três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. Ainda falava, quando uma nuvem luminosa os envolveu, enquanto dela saía uma voz que dizia: “Este é meu Filho bem amado no qual encontro toda minha satisfação. Ouvi-o”. (Mateus 17: 1-5)

Da mesma forma como Moisés recebeu, no monte Sinai, as tábuas da lei gravadas com os dez mandamentos, Jesus também sobe a um monte, para dali promulgar as bem-aventuranças, que se constituem como aprimoramento da lei mosaica:

“Jesus subiu ao monte. Quando sentou, seus discípulos chegaram para perto dele. Tomou a palavra e ensinava-os assim: “Felizes os pobres em espírito, porque a eles pertence o reino dos céus. Felizes os aflitos, porque serão consolados. Felizes os mansos e humildes, porque herdarão a terra da promessa. Felizes os famintos e sedentos da justiça, porque serão saciados. Felizes os misericordiosos, porque serão tratados com misericórdia. Felizes os puros de coração, porque verão a Deus. Felizes os promotores da paz. Porque serão chamados filhos de Deus. Felizes os perseguidos por causa da justiça, porque a eles pertence o reino dos céus...” (Mateus 5:1-11).

Condenado à morte de cruz, Jesus levou-a sobre os ombros até o monte Calvário. Do alto de sua cruz, Ele nos deixou como herança Maria, sua própria Mãe:

“Perto da cruz de Jesus, estavam sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas e Maria Madalena. E Jesus, vendo sua mãe e perto dela o discípulo a quem amava, disse à sua mãe: “Mulher, eis aí teu filho!” Em seguida, disse ao discípulo: “Eis aí tua mãe!” E desde aquela hora o discípulo a recebeu aos seus cuidados”. (João 19: 25-27).

De maneira semelhante à experiência de fé, vivenciada pelos romeiros que subiam a ladeira da Penha, rumo ao antigo santuário, caminhando “devagar, colhendo flores dos arbustos que pendiam dos barrancos”, como foi descrito acima no livro de Afonso Schmidt; nos dias atuais, também, experiência parecida pode ser vivenciada pelos componentes dos grupos que vêm participar das visitas monitoradas à Penha. Ao subirem as escadas que levam ao alto da torre da Basílica, outros tipos de flores podem ir colhendo dos arbustos, até chegarem ao amplo terraço, localizado no mesmo andar onde se encontram os cinco sinos que compõem o carrilhão. Desse lugar visualizam a cidade se descortinando, no horizonte: “um deslumbramento”.

Postado por José Morelli

 

segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Os ipês amarelo estão florindo

Apesar do tempo se apresentar assim, tão tumultuado. Com as estações do ano pouco definidas, mais uma vez, antes ainda da chegada oficial da primavera, os ipês, com suas flores de cor amarelo, já podem ser encontradas aqui e ali, embelezando ruas, jardins e quintais. O tom suave que tinge a delicada película dessas flores se destaca em meio ao verde das outras plantas ou aos variados coloridos de muros, paredes e telhados. A floração ainda vai se manter mais algumas semanas. Aqueles que forem atentos e se derem o direito de apreciá-la, deixando-se sensibilizar em suas retinas, suscitar ideias em suas mentes e despertar sensações de prazer ao vê-la, poderão experimentar em si mesmos a natureza em seu processo de contínua transformação.

É sabido que toda cidade grande convive com muita poluição. Com algumas exceções, na maior parte dos bairros de São Paulo, a quantidade de verde está aquém do que é recomendável, para que o ar possa ser melhor purificado, antes de ser inspirado pelos pulmões de humanos e de irracionais. Ainda assim, muitas espécies de pássaros passam pela cidade, nesta fase do ano. Tem havido mesmo um crescimento do número dessas espécies que permanece aqui, acostumando-se com o que a cidade lhes oferece como possibilidade de sobrevivência. Nem tudo está perdido, portanto! A vida é mais forte do que a ante vida!

A respeito dos ipês, diz-se que, quanto mais frio e seco o inverno, maior a intensidade de sua florada. A presença dos ipês floridos e dos pássaros são um sinal de esperança. A natureza é sensível e forte ao mesmo tempo. Os seres humanos também fazem parte dessa mesma natureza. Estes têm se destacado, principalmente nos últimos anos, no sentido de penetrar nos segredos da matéria, descobrindo lhe todo potencial nela oculto. Da exploração de suas descobertas, passaram a ganhar muito dinheiro e a se distanciarem entre si. Perceberam ainda que a concorrência os estimula para mais inventos e novas fontes de renda e de riqueza. Hoje, uns mais outros menos, se encontram como que embriagados com todo esse fascínio. Construíram-se uma roda-viva que, além de fomentar lhes vida, acaba também por triturá-la.

Publicado por José Morelli

 

sexta-feira, 18 de agosto de 2023

“Diga-me com quem andas, e eu te direi quem tu és!”

 

                                                                                           A sabedoria popular consagrou esse ditado e, embora sejam identificadas honrosas exceções, ele tem como ser comprovado inúmeras vezes. Dentre todos e todas as pessoas a quem essa afirmação se aplica e no sentido positivo é a São José, esposo de Maria e pai adotivo do Menino Jesus.

Os evangelhos falam relativamente pouco a respeito desse personagem, que recebeu de Deus a missão de estar à frente e de responsabilizar-se pela manutenção e segurança de sua pequena-grande família, acompanhando-a em momentos fundamentais de sua trajetória terrena. O adjetivo com o qual o escritor bíblico o qualifica é o de que se tratava de “um homem justo”.

No capítulo primeiro de seu evangelho, Mateus insere a genealogia de José, uma forma de liga-lo à história do povo judeu a começar de Abraão, Isaac e Jacó, passando por Davi e Salomão e chegando ao seu bisavô Eleazar, ao seu avô Matan e a seu pai Jacó, através do qual José veio ao mundo. O evangelista conclui dizendo que, de José, esposo de Maria, nasceu Jesus, chamado o Cristo. Mateus não omitiu que foi da mulher de Urias, Betsabé, que nasceu seu filho Salomão. A apresentação da genealogia de José por Mateus mostra a descendência de José da casa de Davi e, ao mesmo tempo, mostra a inserção de Jesus no povo judeu que, embora predileto no chamado à salvação, não deixava de ser um povo pecador e carente da misericórdia divina.

Na sequência dos fatos, o evangelista Lucas, em seu capítulo primeiro, versículos 26 e 27, narra a passagem em que “o anjo Gabriel foi mandado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem prometida em casamento a um homem chamado José, da casa de Davi. A Virgem se chamava Maria”.

Voltando a Mateus, capítulo primeiro, versículos 19 e 20, o evangelista diz que o esposo de Maria, “sendo um homem justo e não querendo acusa-la, resolveu separar-se ocultamente dela. Ele já havia tomado essa resolução, quando um anjo do Senhor lhe apareceu em sonho e lhe disse: “José, filho de Davi, não tenhas medo de tomar contigo Maria, tua esposa, porque o que foi gerado nela vem do Espírito Santo”.

É interessante notar que, para Maria, o anjo não aparece como em sonho e, no entanto, nas diversas vezes em que ele aparece a José é sempre na forma de sonho.    Talvez, com isso, os escritores bíblicos quisessem assinalar a proximidade de José a todos nós, seres humanos e comuns mortais. José sabia interpretar as vontades de Deus nos acontecimentos corriqueiros de sua vida.

Ainda no capítulo primeiro, versículos 24 e 25, Mateus relata que “José fez como lhe tinha ordenado o anjo do Senhor: tomou consigo sua esposa. Mas ele não teve relações com ela até quando deu à luz um filho a quem deu o nome de Jesus”.

No capítulo segundo, do versículo 4º. ao 7º., falando do recenseamento ordenado pelo imperador Cesar Augusto, o evangelista Mateus diz que: ”Também José subiu da cidade de Nazaré, na Galileia, para a cidade de Davi, que é chamada Belém, na Judeia – porque era da linhagem de Davi – para se registrar com Maria, sua esposa, que estava grávida. Ora, quando estavam lá, chegou o tempo em que ela devia dar à luz. Ela teve seu filho primogênito, enrolou-o em faixas, e o colocou numa manjedoura, porque não tinham lugar na estalagem”.

No versículo 13 do mesmo capítulo, Mateus explica que “Depois que os magos partiram um anjo apareceu em sonho a José dizendo: “Levanta, toma contigo o menino e sua mãe e foge para o Egito. Permanece lá até eu te avisar, porque Herodes vai procurar o menino para o matar”. José se levantou, tomou consigo o menino e sua mãe, de noite, e retirou-se em direção ao Egito”. Nos versículos 19 a 22, Mateus continua a contar que “Depois da morte de Herodes, eis que um anjo aparece em sonho a José, no Egito. E lhe diz: “Levanta, toma contigo o menino e sua mãe e volta para a terra de Israel, porque morreram os que haviam tramado contra a vida do menino. Ele se levantou, tomou consigo o menino e sua mãe, e reentrou na terra de Israel. Mas ouviu falar que Arquelau reinava na Judeia, tendo sucedido a seu pai Herodes, e ficou com medo de ir para lá. Avisado por Deus em sonho, retirou-se para a região da Galileia”.

No relato em que Lucas descreve, no versículo 21 do capítulo segundo, a ida de Jesus ao templo para ser circuncidado, os nomes nem de José nem de Maria são mencionados.

A última menção a José, sem citar o seu nome, é feita por Lucas no capítulo segundo, versículo 41 e seguintes: “Todos os anos seus pais iam a Jerusalém para a festa da Páscoa. Quando o menino completou doze anos, subiram, como de costume, para a festa. Depois que passaram os dias da festa, ao voltarem, o menino Jesus ficou em Jerusalém sem que seus pais o soubessem... Depois de três dias eles o encontraram no templo, sentado no meio dos doutores, escutando-os e fazendo-lhes perguntas. Todos os que o ouviam estavam assombrados com sua sabedoria e suas respostas. Quando o viram, ficaram comovidos e sua mãe lhe disse: “Meu filho, porque agiste assim conosco? Teu pai e eu estávamos aflitos à tua procura!”

Marcos e João nada falam a respeito de José. A narrativa desses dois evangelistas partem do momento em que Jesus, já adulto, inicia sua vida pública levando aos seus conterrâneos e contemporâneos sua mensagem por palavras e ações.

Transparece nos textos de Mateus e de Lucas, acima citados, a personalidade inspiradora de José. Neles não consta frase alguma que tenha saído de sua boca. No entanto, pelas atitudes descritas, ressalta a figura cativante de um homem justo em suas intenções e posicionamentos, seja como esposo ou pai dedicado, seja como cidadão, sintonizado nos acontecimentos que exigiam prontidão nas decisões frente a inúmeros desafios que teve de enfrentar.

Na Carta Apostólica “Patris corde (Com coração de Pai)” - escrita pelo Papa Francisco, já dentro deste período de pandemia em que vive a humanidade, e a partir do entendimento que a comunidade cristã formatou em seu imaginário a respeito deste santo, nos mais de dois mil anos de história da Igreja, o período de 8 de dezembro de 2020 a 8 de dezembro de 2021 foi instituído como ano dedicado a São José. Por meio desta carta, o Papa nos convida a voltarmos nossos pensamentos para este santo, invocado como pai e intercessor dos necessitados, dos exilados e dos moribundos que, em vida, e na convivência diária com sua esposa Maria e seu filho Jesus, soube responder com fidelidade a todos os chamados que Deus lhe fez em vida.

“Diga-me com quem andas, e eu te direi quem tu és!”

Postado por José Morelli