Apesar do tempo se apresentar assim, tão tumultuado. Com as estações do ano pouco definidas, mais uma vez, antes ainda da chegada oficial da primavera, os ipês, com suas flores de cor amarelo, já podem ser encontradas aqui e ali, embelezando ruas, jardins e quintais. O tom suave que tinge a delicada película dessas flores se destaca em meio ao verde das outras plantas ou aos variados coloridos de muros, paredes e telhados. A floração ainda vai se manter mais algumas semanas. Aqueles que forem atentos e se derem o direito de apreciá-la, deixando-se sensibilizar em suas retinas, suscitar ideias em suas mentes e despertar sensações de prazer ao vê-la, poderão experimentar em si mesmos a natureza em seu processo de contínua transformação.
É sabido
que toda cidade grande convive com muita poluição. Com algumas exceções, na
maior parte dos bairros de São Paulo, a quantidade de verde está aquém do que é
recomendável, para que o ar possa ser melhor purificado, antes de ser inspirado
pelos pulmões de humanos e de irracionais. Ainda assim, muitas espécies de
pássaros passam pela cidade, nesta fase do ano. Tem havido mesmo um crescimento
do número dessas espécies que permanece aqui, acostumando-se com o que a cidade
lhes oferece como possibilidade de sobrevivência. Nem tudo está perdido,
portanto! A vida é mais forte do que a ante vida!
A respeito
dos ipês, diz-se que, quanto mais frio e seco o inverno, maior a intensidade de
sua florada. A presença dos ipês floridos e dos pássaros são um sinal de
esperança. A natureza é sensível e forte ao mesmo tempo. Os seres humanos
também fazem parte dessa mesma natureza. Estes têm se destacado, principalmente
nos últimos anos, no sentido de penetrar nos segredos da matéria, descobrindo
lhe todo potencial nela oculto. Da exploração de suas descobertas, passaram a
ganhar muito dinheiro e a se distanciarem entre si. Perceberam ainda que a
concorrência os estimula para mais inventos e novas fontes de renda e de
riqueza. Hoje, uns mais outros menos, se encontram como que embriagados com
todo esse fascínio. Construíram-se uma roda-viva que, além de fomentar lhes
vida, acaba também por triturá-la.
Publicado por José Morelli
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