A todo parecer está subjacente um ser. Ninguém parece se não é, se não existe, deixando marcas tangíveis e perceptíveis de sua existência no tempo e no espaço. O “parecer” é a forma externa (material) com que o ser humano se deixa ou se permite mostrar aos outros. Em minha história de tantos anos, não foram poucas vezes que ouvi a frase: “não basta apenas ser bom, é preciso também parecer bom!” Mesmo que isso oculte outras intenções escondidas no fundo da alma.
Comecei a
escrever, partindo da pergunta: “Parecer ou ser?...” – Rapidamente juntei o
qualificativo de bondade ao assunto: bem e mal são categorias que aprendemos a
associar aos acontecimentos, desde os primeiros anos de vida. O convívio em
sociedade nos leva, necessariamente, a isso: dependemos uns dos outros em
nossas ações e movimentações. Podemos ser aprovados ou desaprovados naquilo que
falamos ou fazemos.
À ovelha está
associado o simbolismo de um animal tranquilo, gregário e submisso. Já ao lobo,
está associado o simbolismo de um animal perigoso, sagaz e feroz. A sabedoria
popular, em sua experiência milenar, criou o alerta: “cuidado com o lobo que se
esconde debaixo de pele de ovelha”. É claro que a frase se referia a racionais
e não a irracionais.
O potencial de
bondade ou de maldade está presente em cada ser humano. Um mesmo ato ou gesto
pode, numa dada circunstância, se constituir como bom e, numa outra
circunstância se constituir como mal. O beijo de Judas é um bom exemplo. O que
convencionalmente era e é considerado signo de amizade, foi utilizado por Judas
como signo indicativo e de entrega do amigo e mestre Jesus de Nazaré que, na
escuridão da noite, era procurado para ser preso e injustamente condenado.
Enquanto Judas pareceu bom para uns (poderosos do tempo), a história gravou a
memória de seu gesto não como o de um sinal de amizade sincera; mas como o de
um sinal de desavergonhada traição.
Postado por José Morelli
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