segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Seres únicos

 Cada indivíduo é único, funcionando física, mental e emocionalmente com seu jeito próprio de ser. O preço de ser quem é e como é, exige sempre algum pagamento a ser feito. O DNA herdado, somado às contingências históricas, vivenciadas desde o útero materno, se constituem como condicionantes para o desenvolvimento das maneiras próprias de cada um de nós, na condição de pessoa única (e una), inconfundível na própria realidade em que nos constituímos.

A beleza da vida humana se encontra na possibilidade desta se recriar, na medida em que se confronta com novos desafios. A constatação, o reconhecimento das próprias limitações e dificuldades, associado ao inconformismo frente às perdas indesejáveis que estas acarretam, pode ser entendido como oportunidade que a vida dá (à semelhança de uma bola levantada na frente do gol), a fim de que marquemos não apenas um, mas muitos gols.

Mesmo que, como diz o provérbio popular: “quem segue aos seus não degenera”, ainda assim, a reprodução dos comportamentos apreendidos não é suficiente para o atendimento das constantes demandas do presente. Estas são sempre revestidas de alguma dificuldade nova e necessitam de novos e novos aprendizados, a fim de que se ampliem nossos repertórios de respostas a serem dadas em cada situação.

Quem, por medo de aventurar-se, busca os caminhos mais batidos, inevitavelmente acabará por capitalizar perdas irreparáveis em sua trajetória de vida. Quem, por dificuldade de se reconhecer em suas características próprias pessoais, familiares e antropológicas, recusando-se a identificar-se com os padrões herdados e adquiridos na própria história compartilhada de vida, acabará também por construir-se de maneira insatisfeita, negando-se a si mesmo felicidade e realização.

Postado por José Morelli

 

quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

"De medo de morrer, não viveu!"

 Medo se contrapõe a coragem. Esta é capaz de apostar mais na força da saúde, enquanto que o medo é mais vulnerável e sensível ao poder da dissociação da doença e da morte. Por efeito do medo, o corpo e o espírito se encolhem. Por efeito da coragem, ao contrário, o corpo e o espírito se expandem, podendo ultrapassar-se em seus limites, chegando a lugares e situações nunca antes alcançados.

A mãe que teme exageradamente pela sobrevivência do filho, impede-o de desafiar-se e de expandir-se em suas potencialidades. Com isso, causa-lhe um grande prejuízo que é o de não deixa-lo crescer e tornar-se um ser adulto autônomo. Para assegurar-se de mantê-lo preservado faz com que sua vida pessoal e social permaneça pequena, circunscrita tão somente aos limites da própria casa e do grupo familiar a que pertence.

Por detrás de cada atitude humana reside sempre um modo de pensar (conceituar) e de sentir a existência de si e dos outros. Visões objetivas são capazes de reconhecer o que existe de positivo e o que existe de negativo nas pessoas e na vida em geral. Num mundo onde se acentuam situações extremas, enquanto uns se arriscam expondo-se a riscos num número crescente de esportes radicais, outros se fecham em copas não se atrevendo nem a levantarem os olhos para verem e encararem o que se encontra diante deles.

O fato de possuir um convênio médico de qualidade pode ser um fator positivo no cuidado com a saúde pessoal e familiar. Um equilíbrio na utilização dos recursos por ele oferecidos ajuda, tanto na saúde física como na saúde psíquica daqueles que podem contar com tal assistência. No entanto, a facilidade de acesso às consultas médicas, exames de todos os tipos, tratamentos e cirurgias pode induzir a excessos.

Entrar na engrenagem de preocupações neuróticas, desacreditando totalmente de si e da própria capacidade de manter-se sadio constitui-se como um perigo real. Inconscientemente, essa condição de maior poder que os outros faz com que o indivíduo sinta o ego massageado quando fala, com propriedade e conhecimento de causa, sobre médicos, tratamentos, remédios. Os assuntos de pessoas assim preocupadas, invariavelmente, passam a girar em torno do tema da insegurança gerada pelas doenças. Assuntos mais leves e descontraídos deixam de fazer parte das conversas, substituídos por estórias infindáveis sobre doenças, tratamentos e remédios.

Postado por José Morelli