segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Gentileza

O dicionário etimológico diz que a palavra gentileza vem do vocábulo gentil. Do latim, gentilis tem o sentido de pertencente à mesma família ou ao mesmo clã. A gentileza nasce do sentimento de igualdade (familiaridade) entre as pessoas. Igualdade fundamental no que diz respeito à dignidade e aos direitos de cada um. Gentileza é a qualidade de quem é gentil, de quem é amável e respeitoso ao se dirigir ao próximo por palavras ou por ações concretas.

Atitudes de gentileza possuem uma força intrínseca. O tratamento amoroso e equânime da mãe para com sua prole serve-lhe como exemplo a ser aprendido e seguido, dentro e fora de casa. É dessa forma que se inicia o processo de educação a partir da relação íntima de cada família. Os filhos disputam o amor dos pais. O desejo de serem preferidos, mais a um que a outro, faz com que se criem disputas entre eles (meninos e/ou meninas). Essa disputa acaba distanciando os irmãos, salientando lhes mais as diferenças do que as semelhanças. A troca de gentileza, no acirramento dessa competitividade, é substituída por maus tratos e agressividade mútua entre pessoas que trazem nas veias um mesmo sangue.

Os modelos de relacionamentos perpassam a humanidade inteira desde os menores grupos até os maiores. Os exemplos positivos ou negativos acontecem em todos os níveis: nas relações entre povos e nações e nas que envolvem não mais do que apenas dois indivíduos. A competitividade estrutural do mercado mundial não esgota o sentido de sustentabilidade, necessária ao bom desenvolvimento da humanidade em sua total abrangência.

Multiplicar gestos de gentileza ajuda a sociedade a criar uma sinergia positiva contagiante. A ação gentil descreve um caminho de ida e de volta. Quem a pratica se constrói em sua dignidade enquanto reconhece a dignidade do outro. Quem recebe a gentileza é instado a reconhecer-se em sua própria importância e a de quem foi capaz de, efetivamente, demonstrá-la. 

Postado por José Morelli

  

domingo, 10 de outubro de 2021

Futebol-reflexão

 Mais do que em outros tempos, a volta dos campeonatos de futebol no pós-pandemia, enseja que alguma reflexão seja feita sobre os valores do mesmo; uma vez que são tantos os que a ele dedicam grande parte do próprio tempo e das próprias energias, no mundo inteiro.  O futebol, em verdade, é paradigmático. O que acontece com ele e nele acontece também nas outras atividades das pessoas, em geral.  Como toda brincadeira, o futebol nasceu espontaneamente. Pouco a pouco, foi criando regras que o tornou mais estimulante. As habilidades passaram a ser premiadas e a falta delas punidas.

Alguns tijolos ou pedras podiam servir como gol e meias velhas conseguiam cumprir um bom papel como bola. O acesso a essa atividade lúdica era fácil e democrático. Não era preciso muito espaço: um corredor suficiente para ultrapassagens, uma pequena área de serviço, o luxo de um campinho em algum terreno baldio próximo já era suficiente para atrair garotos sedentos de se divertirem. O nosso craque do passado, Julinho Botelho, que tanto gostava da Penha, iniciou-se como jogador nos campinhos de várzea, que ladeavam a linha férrea da Central do Brasil, lugar conhecido pelo nome de Hortolândia. Ali havia chácaras de flores de propriedade de famílias de imigrantes europeus. A saudade que sentia de seus tempos de infância, no bairro, fez com que se recusasse a assinar contrato milionário no futebol italiano, preferindo voltar à sua terra natal.

O futebol se adaptou aos brasileiros e os brasileiros se adaptaram ao futebol. Em copas do mundo, o Brasil é o único que conseguiu vencer cinco vezes, tornando-se pentacampeão. Todo país pode e deve ter tantas vitrines quanto for capaz de criar. Não há dúvida que o futebol é uma das vitrines com mais visibilidade já criadas por brasileiros. O futebol, no mundo inteiro, tornou-se uma mercadoria, cuja comercialização, é capaz de enriquecer àqueles que fizeram e fazem dele um lucrativo negócio. E, não é de hoje que o futebol e outros esportes são utilizados politicamente.  Há sempre aqueles que buscam colher vantagens políticas, buscando induzir os pensamentos das massas tanto no sentido de aprovação como no sentido de desaprovação ou crítica.

Na condição de atividades lúdicas, desde sempre o futebol e os demais esportes podem servir à educação e à formação das crianças e dos jovens. Tanto o jogar como o torcer requerem aprendizados. A expansão e a contenção dos impulsos são necessárias à convivência harmoniosa e produtiva. Saber se aproveitar do lado bom das coisas e dos acontecimentos deixando à margem o lado ruim, mediante criteriosa reflexão, é uma decisão inteligente e sadia de se adotar.

Postado por José Morelli