terça-feira, 29 de outubro de 2019

Auto-massagem

Quando é a própria pessoa que se massageia, chamamos de auto-massagem. Uma das vantagens de se massagear é o fato de a pessoa sentir o efeito produzido pelo seu próprio toque, nas regiões do corpo em que sente mais tensão. Iniciando com uma pressão mais leve, caso esteja sentindo dor, pode, pouco a pouco, intensificar os movimentos e a pressão, na medida em que a dor vai diminuindo.  O princípio é o de dissolver a tensão, esteja ela na região do corpo em que estiver.

As mãos são o principal meio de se massagear. Um pé é capaz de massagear outro pé ou mesmo algumas regiões da perna, como a barriga-da-perna ou o tornozelo e as canelas, por exemplo. O esforço para adaptar a posição das mãos ou dos pés, já é um exercício, que concorre para que a auto-massagem produza ainda mais efeitos.

A região das costas representa um desafio para ser massageada com as próprias mãos. Porém, com criatividade, é possível encontrar maneiras de alcançá-la em toda a sua extensão, ora friccionando-a, ora dando-lhe leves tapas com o dorso das mãos.

Ao esfregar as mãos uma na outra, elas desprendem energia, assim como acontece com outros objetos. Ao passá-las, logo em seguida, no rosto, nas pernas e em outras partes do corpo, as mãos provocam a passagem e a descarga de eletricidade, fazendo diminuir a tensão, acumulada em cada uma dessas partes.

Enquanto as mãos tocam, não deixam, também, de serem tocadas. Os efeitos são recíprocos. As tensões, no corpo, frequentemente, são causadas pelas preocupações da vida e pelos conflitos não resolvidos. Ao massagear-se, a pessoa se ajuda, procurando aliviar seu corpo das consequências diretas, nele provocadas, pelas preocupações e pelos conflitos. É uma forma de auto-controle diante das situações que desequilibram a vida. Uma razão a mais para se sentir competente e feliz, capaz de se proporcionar, com as próprias mãos, bem estar e saúde.

Corpo e mente estão intimamente ligados. Por dois caminhos as pessoas podem se ajudar: pela via da mente, trabalhando-se em seus pensamentos e vivências e, pela via do corpo, através de exercícios corporais e de massagens. Na medida em que uma pessoa pratica a auto-massagem, ela descobre maneiras novas de se conhecer e de se valorizar através de atitudes palpáveis e concretas

Postado por José Morelli

sábado, 26 de outubro de 2019

Indivíduos que somos

Desde que nos foi cortado nosso umbigo, separando-nos de nossa mãe, constituímo-nos em nossa individualidade. Indivíduo é o mesmo que não dividido. Somos uma unidade, uma unicidade. Não nos confundimo-nos com os demais seres humanos em nossa identidade pessoal. Nosso ser corporal possui tudo o que lhe é necessário para ser autônomo em suas condições de subsistir. Somos sujeitos de responsabilidade. Respondemos pelo que fazemos, pensamos, sentimos. Nossa individualidade humana merece ser respeitada e dignificada pelos outros e por nós mesmos.

No que, então, nos diferenciamos?... Distinguimo-nos pelo que fazemos ou deixamos de fazer. Distinguimo-nos pelos caminhos que escolhemos trilhar. Distinguimo-nos não só pelo que escolhemos realizar; mas, também, pela maneira como realizamos o que escolhemos realizar; pelo momento em que nos colocamos em ação; pelos meios que utilizamos para agir e, finalmente, pelos motivos que nos levaram a concretizar as escolhas que fizemos. As circunstâncias, muitas vezes, influenciam nos resultados obtidos, seja para melhor, seja para pior.

Distinguimo-nos pelo tempo de vida vivido. Distinguimo-nos pelo espaço que ocupamos. O tempo e o espaço nos inserem em nossa história pessoal, familiar e comunitária. Influenciamos e somos influenciados por nossos compartilhamentos com os outros. Nossas histórias pessoais se entrelaçam com as histórias coletivas de nossos contemporâneos. Somos a somatória de nossas experiências compartilhadas. Somos as marcas adquiridas e que vão nos deixando sequelas ou legados.

Somos a intimidade de nossos segredos guardados a sete chaves. Nossa individualidade nos condiciona em nossa solidão. Elevamo-nos e rebaixamo-nos ao comparar o que realizamos com o que esperávamos e sonhávamos realizar. Experimentamos que, ao compartilharmos nossos sonhos, estes passam a ter muito mais chances de se realizarem de forma a surpreender-nos por seus desdobramentos. Vamos além de nós mesmos, a partir de nossa individualidade.

Postado por José Morelli

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Encaixes & desencaixes

O uso do & (e comercial) no título acima tem sua razão de ser. A finalidade dele não é apenas de conectar duas palavras, mas de associá-las entre si. Os encaixes servem de base aos desencaixes assim como os desencaixes servem de base (ponto de partida) aos encaixes.  

Podemos nos encaixar ou nos desencaixar de nós mesmos (de nossos desejos, de nossos projetos de vida, de nossas necessidades) e podemos também nos encaixar ou nos desencaixar daqueles ou daquilo que nos cerca, que se encontra à nossa volta.

O bom entrosamento dos jogadores da seleção brasileira ou de qualquer outro time de futebol resulta em acertos que podem se converter em gols e em vitórias. Encaixes ao serem passadas as bolas aos companheiros, desencaixes ao serem criadas jogadas inovadoras e que desarmam os esquemas táticos do adversário.   A falta de entrosamento pode servir como estímulo aversivo (que incomoda) e instigar a uma mudança na forma de se movimentar em campo. Cabe, principalmente ao técnico que observa o jogo a partir de fora, apontar os desencaixes que impedem o time de se entrosar nas jogadas. 

A harmonia externa depende da harmonia interna. Só se pode dar aquilo que se tem e não aquilo que não se tem. A vontade de colaborar com os companheiros (espírito de equipe) é o fundamento indispensável para que o time funcione como um bom relógio. Os olhos do jogador se voltam para o campo inteiro no interesse de perceber como passar a bola a quem se encontra melhor posicionado.

Racionalmente, temos a capacidade de atribuir significados às coisas. Interpretamos a nós mesmos e ao mundo ao nosso redor. Damos mais valor a algumas coisas e menos a outras. Fundamentados nessas valorizações, damos preferência àquilo que nos parece mais importante em detrimento daquilo que nos parece com menor significância. Uma energia mental é mobilizada direcionando-nos mais para uma direção do que para outra.

Emocionalmente, motivações que a humana razão desconhece também concorrem no conjunto de forças que nos impulsionam em nossas ações.  Medos ocultos, associações estabelecidas em acontecimentos do passado e que ainda permanecem como marcas que a vida não conseguiu apagar também influenciam no sentido de ajudar-nos ou de atrapalhar-nos naquilo que nos propomos fazer.

Quanto melhor nos conhecer-nos, mais bem equipados estaremos na tarefa de encaixar-nos & desencaixar-nos nas demandas de nosso dia a dia.

Postado por José Morelli

terça-feira, 8 de outubro de 2019

Mãe-gente

Se depender apenas do filho(a), mãe é só mãe. Assim, este (a) a conheceu e se acostumou a vê-la e entende-la desde o nascimento. No entanto, antes de ter se tornado mãe, ela já se constituía como gente: gente-filha; gente-mulher; gente-irmã; gente-amiga/colega; gente-profissional; gente-cidadã. Primeiro veio a condição de gente, depois a de mãe, com suas seguranças e inseguranças, suas forças e suas fraquezas, como a todo e qualquer ser humano normal.

O papel de mãe se desenvolve a partir da vivência concreta. Assim como os braços adquirem habilidade e força através dos movimentos e do trabalho, assim também as expectativas da nova mamãe podem transformá-la em MÃE apenas ou em mãe-gente, mantendo-a em seus demais papéis, com os direitos e obrigações inerentes a cada um deles.

“Ninguém pode dar o que não tem”, assim adverte a sabedoria popular. A mãe que se assegura a si própria o direito de ser gente, pode transmitir ao filho (a) essa sua maneira de ser e de agir. É provável que o este (a), assimilando para si essa liberdade, consiga aceitar, com mais naturalidade, que sua mãe também a tenha e a coloque em prática.

O desenvolvimento da mãe-gente, em seus múltiplos papéis, pode também ser comparado com os galhos de uma árvore. Estes não são todos iguais no comprimento e na espessura. Assim, dependendo do exercício constante em cada papel, estes se desenvolvem em maior ou menor proporção, de acordo com os empenhos dispendidos no exercício dos mesmos.

O desenvolvimento da mãe-gente não acontece sem conflitos. As solicitações vêm de todos os lados. São muitas as demandas e cobranças. As ideias claras quanto ao que quer, aliadas a uma força interior e objetividade, quanto às condições e limites pessoais, ajudam para o equilíbrio no crescimento em cada uma das diversas frentes de atuação.

Para quem vive a experiência de ser filho (a), contribui avaliar os próprios conceitos sobre sua mãe, os sentimentos e sensações que depreendem dos relacionamentos com ela. Que direitos lhe são concedidos?... Que obrigações dela são esperadas?... Quais são as expectativas justas que dela são possíveis: de uma supermãe ou de uma mãe-gente?!...

Postado por José Morelli 

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Jogo: "Dentro-fora"

Existe um jogo, uma atividade, talvez o leitor/a já o tenha visto ou mesmo participado dele. Chama-se “Dentro-fora”. Para se jogar, é feito um círculo no chão com giz. É escolhido, em rodízio, um dirigente, que dá as ordens. Os outros participantes saltam para dentro ou para fora do círculo, de acordo com as ordens do dirigente. Na medida em que o tempo passa, as ordens podem ser dadas de forma mais rápida e, quanto maior a rapidez e modificações nas sequências das ordens, mais difícil será acertarem. Quem erra sai da roda e quem fica por último é o vencedor.

Trata-se de um jogo evidentemente, uma boa atividade para aquecimento do grupo. Como todo jogo, este também tem suas aproximações com a vida do cotidiano; uma vez que permite a apreensão de sensações que podem ajudar na percepção de aspectos importantes relacionados à personalidade de cada um, de suas maneiras próprias de interagir com os outros, com as coisas e com as situações emergentes.

Neste jogo são várias pessoas que participam, interagindo umas com as outras e com o espaço físico e temporal. Cada uma com o seu próprio ritmo e suas características individuais, o que possibilita competitividade. Decorre daí o afloramento de sentimentos de insatisfação/frustração, quando se perde e de satisfação/euforia quando se ganha.

Aqueles que mais se envolvem com o jogo têm maior chance de acertar, discriminando a ordem e realizando-a imediatamente. Os que estiverem menos envolvidos, dispersos ou inibidos, terão menor chance de se manterem no jogo até o seu final.

Se o dirigente usa uma mesma sequência para dar as ordens e, de repente, rompe essa sequência, é comum que um número maior de pessoas erre. Se o dirigente apressa o ritmo em que dá as ordens, isso cria maior dificuldade para distinguirem o sentido delas e dos espaços, dentro ou fora, que elas representam.

No dia a dia, nem sempre é tão fácil discriminar o que é “nosso” – de dentro – do que é “dos outros” – de fora. Ainda mais quando se considera que esses sentimentos são bastante fluidos, variando de situação para situação. Às vezes o que é “nosso” é aquilo que sentimos como mais íntimo, não incluindo mais ninguém além de nós mesmos. Outras vezes, “nosso” – de dentro – é a família, as pessoas de casa, da escola, da igreja. Outras vezes, ainda, é toda a torcida do time de nossa preferência, os brasileiros quando joga a seleção ou a nação inteira como quando esta participou, em esmagadora maioria, na campanha pelas “Diretas já”.

A sensação que temos, quando não conseguimos discriminar o que é “nosso” do que é ”dos outros”, o que está dentro do que está fora é uma sensação de confusão e de insegurança, muito desconfortável. Nesses momentos é preciso um mínimo de calma e de atenção e, pouco a pouco, ir recolocando coisa a coisa em seu devido lugar. Assim a sensação vai se transformando, devolvendo aos indivíduos o sentido da estabilidade e de segurança pessoal e de segurança coletiva.  

Postado por José Morelli