terça-feira, 8 de outubro de 2019

Mãe-gente

Se depender apenas do filho(a), mãe é só mãe. Assim, este (a) a conheceu e se acostumou a vê-la e entende-la desde o nascimento. No entanto, antes de ter se tornado mãe, ela já se constituía como gente: gente-filha; gente-mulher; gente-irmã; gente-amiga/colega; gente-profissional; gente-cidadã. Primeiro veio a condição de gente, depois a de mãe, com suas seguranças e inseguranças, suas forças e suas fraquezas, como a todo e qualquer ser humano normal.

O papel de mãe se desenvolve a partir da vivência concreta. Assim como os braços adquirem habilidade e força através dos movimentos e do trabalho, assim também as expectativas da nova mamãe podem transformá-la em MÃE apenas ou em mãe-gente, mantendo-a em seus demais papéis, com os direitos e obrigações inerentes a cada um deles.

“Ninguém pode dar o que não tem”, assim adverte a sabedoria popular. A mãe que se assegura a si própria o direito de ser gente, pode transmitir ao filho (a) essa sua maneira de ser e de agir. É provável que o este (a), assimilando para si essa liberdade, consiga aceitar, com mais naturalidade, que sua mãe também a tenha e a coloque em prática.

O desenvolvimento da mãe-gente, em seus múltiplos papéis, pode também ser comparado com os galhos de uma árvore. Estes não são todos iguais no comprimento e na espessura. Assim, dependendo do exercício constante em cada papel, estes se desenvolvem em maior ou menor proporção, de acordo com os empenhos dispendidos no exercício dos mesmos.

O desenvolvimento da mãe-gente não acontece sem conflitos. As solicitações vêm de todos os lados. São muitas as demandas e cobranças. As ideias claras quanto ao que quer, aliadas a uma força interior e objetividade, quanto às condições e limites pessoais, ajudam para o equilíbrio no crescimento em cada uma das diversas frentes de atuação.

Para quem vive a experiência de ser filho (a), contribui avaliar os próprios conceitos sobre sua mãe, os sentimentos e sensações que depreendem dos relacionamentos com ela. Que direitos lhe são concedidos?... Que obrigações dela são esperadas?... Quais são as expectativas justas que dela são possíveis: de uma supermãe ou de uma mãe-gente?!...

Postado por José Morelli 

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