quinta-feira, 30 de abril de 2020

Cultural

O conceito, a ideia do que vem a ser cultura, abrange as diferentes formas com que cada sociedade constrói seu modo de viver, no cotidiano. Dividindo o planeta como que em duas metades de uma mesma laranja, podemos identificar duas culturas bem distintas: a ocidental e a oriental. Alguns ícones são lhes bem característicos. Instantaneamente somos capazes de identificar os que são daqui, do ocidente, e os que são do outro lado do mundo, do oriente. Os palácios da antiga Roma são facilmente reconhecidos, diferenciando-se dos existentes no Japão ou na China. Os caminhos históricos percorridos contribuíram na edificação de cada cultura, propiciando-lhes modos de pensar diferenciados e maneiras peculiares de sentir a própria vida e o ambiente em que esta se desenvolve. 

A formação das diversas línguas, na escrita e na fala, as condições territoriais pelas dificuldades e pelas facilidades apresentadas, o clima, a fauna e a flora, essas e outras variáveis contribuíram e contribuem para formar a cultura de cada lugar.

Além da divisão em apenas duas metades, o mundo pode também ser dividido em dois hemisférios: norte e sul. Nesses quatro espaços se encontram os cinco continentes. Cada um desses cinco continentes possuem vários países. O modus vivendi de cada povo constitui a cultura própria de cada um deles. Uma importante riqueza que permite o entendimento, a boa harmonia e o progresso de cidadãos e cidadãs, dentro e fora dos limites de seus respectivos territórios.

As culturas são vivas e, como tal, possuem seu tempo de começo e de formação, de desenvolvimento, influenciando e recebendo influências e, por fim, de desgaste e de transformação. Toda sociedade é fortemente influenciada pela cultura vivenciada pelos que dela fazem parte. É a sua identificação, o seu sinal distintivo.

Com a chamada globalização, intensificaram-se as trocas entre as diversas culturas: uma boa chance para algumas e um risco para outras. Os valores subjacentes às manifestações culturais não é bom que se percam. Se um povo não valoriza o que é seu e prefere copiar as maneiras de outros povos, atribuindo-lhes significados de maior importância, perde sua identidade, negando-se a si próprio e às suas próprias raízes.

Postado por José Morelli

domingo, 19 de abril de 2020

Elaborar perdas

Não é fácil perder. Na maior parte das vezes, não estamos preparados para aceitar qualquer perda, por menor que seja. Ao processo de aceitação e de assimilação do que não conseguimos evitar de perder, costumamos chamar de “elaborar  perdas”.

O luto, hoje quase em desuso, era um costume que permitia às pessoas manifestarem externa e publicamente seus sentimentos de dor e de tristeza, pela perda de algum ente querido ou próximo. O luto era uma espécie de enfrentamento com a realidade dos fatos e dos sentimentos, por eles desencadeados. É difícil saber quanto e como a obrigatoriedade do luto externo ajudava ou atrapalhava, para cada um, no processo de elaboração da sensação de vazio, que a perda costuma promover.  

Pessoas, animais de estimação, bens materiais, oportunidades, esperanças,... quantas e quantas coisas perdidas ou não-conseguidas, são capazes de causar essa sensação de perda, tão incômoda de suportar e que exige tempo e força de vontade, para que, pouco a pouco, vá sendo amenizada.

O processo de elaboração de perdas é muito pessoal. A ligação de cada um àquilo que considera possuir ou com direito, acontece de maneira bem particularizada. Essa ligação se constitui de um conjunto de elementos tanto racionais como emocionais. Elaborar perdas é intervir, tanto nos pensamentos como nos sentimentos, modificando-os através de novas correlações com a realidade.

Uma perda pode despertar problemas antigos não bem resolvidos. Existem casos em que fica bastante difícil, para o indivíduo, enfrentar sozinho, sem ajuda profissional, seus sentimentos de perda, que podem se manifestar em sensações físicas e de inseguranças. Nestes casos, é recomendável que ele não se furte de buscar ajuda, a fim de que possa superar, com mais facilidade, esses bloqueios à continuidade e desenvolvimento de sua vida.

Não é só com ilusões ou fantasias que se elaboram perdas. É imprescindível que se encare, com objetividade e realismo, o que efetivamente aconteceu ou está acontecendo. Para se enfrentar uma perda é necessário maturidade. Apoiando-se em si, reconhecendo-se a si como base da própria vida, descobrindo-se e acreditando nas próprias forças, é que a pessoa se reconstrói, no enfrentamento da realidade tangível e concreta.

Perdendo ou ganhando, ganhando ou perdendo... a vida se desenvolve, imprimindo direções diferentes no caminho de cada um. Com isto, há momentos em que a percepção do horizonte parece diminuir e há momentos em que, felizmente, essa percepção se amplia, permitindo a sensação de crescimentos, com ganhos e vantagens.

Postado por José Morelli

quarta-feira, 15 de abril de 2020

Compartilhar

Enquanto seres viventes, compartilhamos o que somos e o que temos: o ar que inspiramos e expiramos; o chão sobre o qual nos locomovemos; a chuva que cai (ou não) do céu; o idioma com que nos comunicamos; o dinheiro corrente com o qual transacionamos bens ou serviços; a natureza humana da qual fazemos parte, bem como o mundo em que vivemos. Nossa vida só se mantém viva, se compartilhada no e com o meio em que nos originamos e, no qual, coexistimos com outros seres viventes.

Tudo é compartilhado: o que é bom e o que não o é. A própria razão de bondade ou de maldade não é absolutamente precisa em suas possibilidades de influências positivas ou negativas. Dependendo do ângulo de visão com que se olha, algo pode ser qualificado de uma ou de outra forma. A ênfase dada em favor desta ou daquela visão, muitas vezes esconde objetivos de instrumentalizá-la em função de interesses, por vezes escusos. Compartilhamos regras de vida supostamente organizadas. O contraditório nunca pode deixar de estar presente, nos momentos em que dúvidas pairem sobre nossos julgamentos.

Compartilhamos verdades e mentiras, crenças e descrenças, esperanças e desesperanças, satisfações e sofrimentos, alegrias e tristezas... Nossas moradias compartilham as ruas e calçadas que dão acesso a outras moradias, nosso bairro compartilha com outros mais próximos ou mais distantes, assim como nosso município, nosso estado, nosso país, nosso continente compartilham com outros municípios, estados, países, continentes. Formal ou informalmente, trocas constantes se estabelecem em todas as direções.

Compartilhamos saberes e ignorâncias, harmonias e desarmonias, amores e desamores, gentilezas e indiferenças, progressos e retrocessos, vantagens e prejuízos, virtudes e pecados. Compartilhamos pensamentos e sensações, sentimentos e imaginações, Tantas trocas servem à construção de nós mesmos e à construção do mundo, desenvolvendo-o e respeitando-o em suas potencialidades .

Postado por José Morelli

quarta-feira, 8 de abril de 2020

Meditar

Quantas vezes ouvimos que fazer meditação é uma atividade mental/emocional, que ajuda muito na estruturação e fortalecimento da personalidade humana?...  Já a etimologia da palavra meditação, originária do latim: meditare, cujo significado é “voltar a atenção para o centro”, indica duas possibilidades.  Esse centro pode ser o da própria pessoa, que medita, ou o centro do mundo externo, o universo.

Acredito que não são poucas as pessoas que meditam sem terem consciência de que estejam meditando. Situações difíceis podem abrir oportunidades para que assim aconteça. Quantas vezes, o aparecimento de doenças graves força a tomadas de decisões profundas e verdadeiras, que servem à reorientação da vida de muitos. “Depois de tudo que passei, já não sou mais o mesmo (ou a mesma), aprendi a dar mais valor à vida”, costumam dizer.

Na meditação, o pensamento se projeta com sua energia própria. Ele é uma força de consciência e de integração. Com ele, o foco de atenção se volta seja para o centro da própria pessoa, seja para fora dela. Na primeira hipótese, se volta àquilo que emerge de sua sensibilidade: a pulsão de vida manifestada a partir das batidas do coração e do sangue circulando no corpo; o arfar dos pulmões, ingerindo e expelindo o ar respirado; alguma sensação de prazer/desprazer ou de dor provocada por disfunções, manifestações estas nas quais a mente pode se acoplar, encarando-as como realidades a serem assimiladas e   absorvidas.

Quando a mente se volta para fora da própria pessoa, para o mundo externo, para o universo, o foco de concentração liga a personalidade individual, identificando-a com o que existe além dela e a ultrapassa: pode ser a humanidade em seu todo, o planeta, o universo, a fonte de onde se origina a vida (Deus), anjos, santos e tudo o mais em que se possa acreditar.

O importante, nessas duas formas de meditar, é aproveitar o momento presente em toda sua profundidade e intensidade. Mesmo que o pensamento seja fortuito, passageiro em essência, ainda assim ele pode sentir-se em paz e descansar, harmonizando-se consigo mesmo. Deste modo, ele passa a se sentir quites com o que lhe está ao alcance.

Postado por José Morelli