terça-feira, 20 de outubro de 2020

Primavera

Embora a estação da primavera não se manifeste, entre nós, daquela forma tão repentina e contrastante, como acontece em outras regiões do planeta, ainda assim conseguimos, neste tempo, perceber as árvores mais floridas, as parreiras criando brotos e se enchendo de folhas, as ervas rasteiras se avolumando com rapidez. A natureza se rejuvenesce, manifestando-se com mais exuberância. As folhas ficam mais verdes e as flores com seu colorido mais firme.

Estas características da primavera, a gradativa aproximação do verão, o aumento, pouco a pouco, do dia e consequente diminuição da noite, com o sol surgindo mais cedo no horizonte e se pondo mais tarde, não deixam de representar um conteúdo simbólico expressivo.

Estados interiores, emoções e situações vivenciadas por nós, podem ser comparados com este momento da natureza. A juventude é chamada de primavera da vida. É a fase em que a vida floresce. Todos nós precisamos de alternâncias em nossas vidas, assim como se alternam as quatro estações do ano.  

As mudanças que a primavera causa no ambiente nos atingem. Atingem nosso espírito, nosso psiquismo. Se percebermos com facilidade essas mudanças, isto é um indício da capacidade que temos de dar-nos conta, também, do que ocorre ao nosso redor, no ambiente que nos é externo, do seu contínuo renovar-se.

Vivemos, muitas vezes, esse ciclo em nossos pensamentos e sentimentos, Não é preciso que tenhamos esta ou aquela idade para vivenciá-los. O renovar-se constante é uma possibilidade que acontece de formas diferentes, desde que saibamos despojar-nos daquilo que já é ultrapassado ou obsoleto, em nós, e saibamos introduzir em nosso cotidiano as novidades que nos façam bem e nos estimulam a viver com mais entusiasmo.

Postado por José Morelli 

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Virtude e/ou Pecado

Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. O importante é não confundirmos os conceitos pelo que eles representam a fim de não perdermos, totalmente, os rumos a seguir na vida. Classicamente, sete são os considerados pecados capitais: orgulho ou soberba; avareza; inveja; ira; luxúria ou impureza; gula; preguiça. Em oposição a esses pecados, são consideradas virtudes: humildade; generosidade; caridade; mansidão; castidade; temperança; diligência.

As palavras sempre nos serviram como instrumentais dos nossos pensamentos e juízos. O simples fato de associarmos um sentido qualquer a esta ou àquela palavra, considerando-a virtude ou pecado, isso faz com que ao ouvi-la, lê-la, pensa-la ou fala-la, instantaneamente, se desencadeiem em nós sentimentos condizentes com os sentidos que à mesma atribuímos.

As crianças são, naturalmente, mais puras e inocentes em seus pensamentos do que os adultos. A formação de uma criança exige que as ideias, a elas transmitidas, tenham a devida clareza quanto ao que significam. A vantagem disso é que elas, a partir de seus entendimentos, possam se orientar e se construir na direção do que lhes possa garantir a própria sobrevivência tanto material como afetiva/espiritual. 

Ao orgulho se antepõe a humildade. A frase: “Tenho o maior orgulho de minha humildade” pode até ser entendida como uma contradição em seus termos. No entanto, podemos perguntar: quando um termina e começa ou outro? De um orgulho pode nascer uma humildade ou de uma humildade pode se originar um orgulho? Onde se escondem os perigos ao comportamento ético que desejamos construir em nossa vida pessoal, familiar e político/social?

Quanto às demais virtudes e pecados, em suas devidas correlações, são possíveis que escondam riscos de que sub-repticiamente nos enganem? – Uma generosidade pode se transformar em avareza?... Uma caridade pode se transformar em inveja?... Uma mansidão pode se transformar em ira?... Uma castidade pode se transformar em luxúria ou presunção de superioridade?... Uma temperança pode se transformar em gula?... Uma diligência (cuidado excessivo de limpar tudo nos mínimos detalhes) pode se transformar em preguiça incontida (depressão)?... É preciso que nos mantenhamos vigilantes para não cairmos em nossas próprias armadilhas.

Postado por José Morelli