domingo, 23 de fevereiro de 2020

O leão e o ratinho

Tendo como personagens principais o leão e o ratinho, podemos imaginar muitas histórias. Se o fizermos, não seremos os primeiros a fazê-lo, sem dúvida. Por suas características marcantes, o leão e o ratinho já foram protagonistas de inúmeras histórias. Comparados entre si, suas diferenças saltam aos olhos: o leão, grande e forte; o ratinho, pequeno e fraco.

Essas diferenças, longe de impedirem o desenvolvimento das histórias, podem torná-las ainda mais interessantes e emocionantes. Não é tão difícil descobrir algumas vantagens que o ratinho leva, utilizando-se justamente de seu pequeno tamanho e menor força. Por ser assim, ele é mais ágil e capaz de entrar em buracos que lhe possam servir como abrigo e que são impossíveis de o leão passar e, menos ainda, entrar para capturá-lo.

Nossa história poderá ter desfecho rápido. Poderemos, no entanto, enriquecê-la com o desenrolar de ações surpreendentes. Além de ater-nos somente àquelas características mais próprias dos irracionais, podemos emprestar-lhes nossa racionalidade e emotividade. Os bichos passam a pensar e a arquitetar planos, a sentir medos e raivas. Projetamos neles atributos humanos. Assim eles passam a representar-nos e servir-nos como termos de comparação. Através destas histórias, conseguimos traduzir momentos nossos, vivências nossas.

Se não estivermos dispostos a imaginar história alguma, poderemos, pelo menos, observar nossa própria história de vida e aquelas que acontecem com as outras pessoas, à nossa volta. Veremos como essas histórias de leão e de ratinho se reproduzem não só no mundo irracional, mas também entre os seres inteligentes, grandes e pequenos, fortes e fracos, saudáveis e doentes, ricos e pobres. Essas mesmas histórias podem nos permitir que nos vejamos e nos entendamos melhor. Permite-nos, também, entender a dinâmica dos relacionamentos entre grupos sociais e entre nações, sejam elas grandes ou pequenas, pobres ou ricas, desenvolvidas ou subdesenvolvidas. Cada uma delas por suas possibilidades de explorar as características que lhe são próprias, utilizando-as sabiamente para defesa e preservação da vida, que é o bem mais precioso que cada uma possui.  

Postado por José Morelli

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Dr. Sylvio Bomtempi

De acordo com informações fornecidas por sua irmã, Nair, o Dr. Sylvio nasceu em oito de abril de 1.929, no bairro da Penha em São Paulo. Seus primeiros estudos fez na Escola Barão de Ramalho. O ginásio cursou-o no Colégio do Carmo dos Irmãos Maristas, situado no centro da cidade. Já o científico, como era chamado o curso médio na época, realizou-o no Colégio Anglo-Latino. Graduou-se em direito, pela Universidade de São Paulo, na Faculdade do Largo São Francisco, turma de formandos do ano de 1954, comemorativo do 4º. Centenário da Cidade de São Paulo. Exerceu a advocacia em escritórios na Rua Benjamin Constant (centro) e no bairro da Penha.

Além das valiosíssimas contribuições profissionais no campo da advocacia e do magistério, o Dr. Sylvio dedicou-se, com verdadeira paixão, à pesquisa histórica de São Paulo, especialmente dos bairros da Penha de França e de São Miguel Paulista. Em 1969 teve publicado seu livro: “O Bairro da Penha” editado pelo Departamento de Educação e Cultura da Secretaria de Cultura do Município de São Paulo. No ano seguinte – 1970 - conquistou o primeiro lugar no II Concurso Municipal de História dos Bairros de São Paulo, com a publicação do livro: “O bairro de São Miguel Paulista”. No ano de 2000, em comemoração do V Centenário do Brasil e do 440º. Ano de São Miguel Paulista, a UNICSUL - Universidade Cruzeiro do Sul promoveu a edição do livro “Origens Históricas de São Miguel Paulista”. No ano seguinte (2001)- a mesma UNICSUL patrocinou a publicação de uma nova edição do livro sobre a Penha, intitulado “Penha Histórica”. Tendo sido membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, o Dr. Sylvio colaborou ainda com um grande número de publicações de matérias históricas em periódicos do bairro e de outros veículos de comunicação da região e da cidade.

Um dos legados, deixado pelo Dr. Sylvio, foi o de sua relevante participação na Comissão que, na década de 80, lutou pela não derrubada da Antiga Matriz da Penha, uma vez que sua demolição já havia sido decidida pelos poderes públicos e pelas autoridades eclesiásticas da época.  Graças à tenacidade de valorosos cidadãos e cidadãs penhenses e paulistanos, a Penha pode hoje ainda contar com a presença do Santuário Eucarístico de Nossa Senhora da Penha e da importante pastoral que através dele é realizada.

Outro importante legado do Dr. Sylvio é a epígrafe, por ele redigida, inscrita na lápide de mármore que se encontra fixada na entrada da Igreja de Nossa Senhora do Rosário. Esta epígrafe resume o sentido histórico da Igreja, construída pela Antiga Irmandade dos Homens Pretos da Penha de França, cuja ereção se deu em 16 de junho de 1802. Desde 2002, todos os anos, a Comunidade do Rosário vem realizando eventos religiosos e culturais com o objetivo de dar visibilidade ao patrimônio histórico, bem como promover a devoção a Nossa Senhora do Rosário e a São Benedito.

Dr. Sylvio faleceu no dia 26 de junho de 2017. Que ele descanse em paz, na companhia de Deus Nosso Senhor e de Nossa Senhora da Penha!

Postado por José Morelli