terça-feira, 30 de novembro de 2021

Anunciando a Boa Nova

Acontecimentos não se esvaem no tempo, como a água que escapa pelos vãos dos nossos dedos das mãos, sem possibilidade de retorno imediato. Os acontecimentos, em seus desdobramentos, geram outros e mais outros, numa sequência quase que infindável. Daí, que se pode entendê-los inseridos na infinitude do tempo e do espaço.

O Nascimento do Menino Jesus, em Belém da Judéia, foi pré-anunciado 700 anos antes, pelos profetas do Antigo Testamento. Miquéias destaca os seguintes detalhamentos do mesmo: “E tu Belém, pequena entre as cidades de Judá, é de ti que sairá para Mim Aquele que deve governar Israel e cujas origens remontam aos tempos de outrora, aos dias antigos (Miquéias 5,1).

Já o profeta Isaías assim o descreve: “E lá vem, a tua luz! E a glória de Javé desponta sobre ti... A esta vista serás radiosa, teu coração palpitará e se dilatará,... a ti chegarão as riquezas das nações. Uma inundação de camelos te cobrirá, dromedários de Madian e de Efa! Todos virão de Sabá, eles trarão ouro e incenso; e anunciarão os louvores de Javé”. (Isaías 60,1; 5e6).

A tradição do presépio faz emergir da história bíblica o acontecimento do Natal de Jesus. Como as demais igrejas católicas romanas, a do Rosário da Penha, também montou seu presépio. Fiel às suas origens históricas no bairro, pelo fato de ter sido construída pela Antiga Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos da Penha de França, os personagens José, Maria e o Menino Jesus, bem como as figuras dos reis magos: Gaspar, Melchior e Baltazar, são identificados com a mesma cor dos irmãos e irmãs da irmandade, idealizadora e construtora da igreja, ainda nos tempos em que vigia no Brasil o regime de escravidão. As roupas que vestem as imagens dão-lhes a dignidade que merecem e sempre mereceram, mesmo nos tempos em que eram submetidos e submetidas aos trabalhos mais pesados em todas as áreas.

Assim como a Estrela Guia, aparecendo no Oriente, anunciou aos reis magos o nascimento do Messias prometido aos judeus, a mensagem de Jesus chega hoje a todos e todas de boa vontade, aqui e nos recantos mais longínquos do mundo.

Fizeram parte da equipe de planejamento e execução do presépio do Rosário deste ano: a Natália (do Estúdio da Torre) a Selma, o Robinson, a Patrícia e a Rosângela. Venham visita-lo!

Postado por José Morelli

 

  

sexta-feira, 5 de novembro de 2021

Diversidade cultural

 Quanto mais aumenta nossa capacidade de comunicação, em rapidez e alcance, vamos expandindo nossos limites de conhecimentos de outras manifestações culturais, além daquelas junto às quais nascemos e nos desenvolvemos. Os caminhos percorridos pelas diversas culturas fizeram com que elas se constituíssem de maneiras diferenciadas. O desenvolvimento de toda essa multiplicidade cultural se deveu e se deve à necessidade humana de compartilhamento, mediante trocas recíprocas de suas produções no viver e no conviver.

Todas as formas de cultura possuem seus fundamentos, suas trajetórias próprias. As linguagens de cada uma delas foram construídas a partir dos estímulos provocados pelas condições ambientais. As peculiaridades da natureza condicionaram a formação das ideias, dos utensílios domésticos, das armas de defesa e de ataque, dos instrumentos musicais e de suas sonoridades, da poesia, da prosa, da dança e de outras expressões artísticas.

Acostumamo-nos e aprendemos a gostar daquilo que nos foi e é oferecido para que vejamos e ouçamos. Identificamo-nos com as formas culturais dos lugares que fazemos parte.  Nada, no entanto, nos deve proibir de abrir-nos a outros gostos que não seja o daquilo tudo que pertence à nossa cultura de origem. Subjacente às culturas de cada país ou região, existem sempre preciosos valores a serem considerados e respeitados.

A música é considerada uma linguagem universal, podendo ser mais facilmente entendida em suas mensagens. As sonoridades musicais, ao reverberarem em nossos tímpanos, sensibilizam nosso corpo e nossa mente. A alma de cada povo pode ser mais bem captada pela musicalidade produzida por sua cultura.

Num mundo economicamente globalizado, seria fundamental que as múltiplas culturas também fossem compartilhadas globalmente. Mesmo que tendo que dar fortes braçadas para vencer a correnteza, ainda assim seria importante que tivéssemos o coração e a mente abertos para aceitação de outros povos bem como de suas respectivas culturas.

Postado por José Morelli

 

Associações

 A um pensamento pode se associar um sentimento, ligando-se um ao outro como causa e efeito. De igual maneira, a uma sensação física pode se associar um pensamento que, por sua vez, pode promover um sentimento novo qualquer, de alegria ou de tristeza. Vivemos associando. Não é à toa que nosso corpo é considerado um organismo. Nele, tudo funciona concatenado em todas as direções, de um lado para o outro, nas diagonais, de cima para baixo ou no sentido contrário a este. Enquanto a vida junta e associa, a morte separa e dissocia. Muito antes de os nossos predecessores humanos construírem máquinas e aparelhos, que hoje nos parecem tão sofisticados em suas associações causais, já as suas mentes e corpos funcionavam mediante o princípio de associações constantes de pensamentos e de idéias, de sensações e de sentimentos, de partes do corpo associando-se umas com outras e de cada uma e de todas com o conjunto do todo e vice-versa. Num trabalho assim, cada órgão de nosso corpo realiza uma função específica, o mesmo acontecendo com o nosso ser inteiro, enquanto busca a consecução de seus objetivos.

Somos dinâmicos. Desenvolvemo-nos em muitas direções. Nem sabemos, precisamente, onde podemos chegar naquilo que nos propomos levar a termo. Nossas capacidades são múltiplas. Delas podemos escolher desenvolver mais a umas que a outras. Associamo-nos para competir individualmente ou em equipe. Competição é emulação, estímulo. Servimo-nos uns aos outros no esforço de superar-nos em nossos limites. Afastando-nos ou aproximando-nos podemos nos manter associados. Objetivos comuns nos servem como pontos de ligação, possibilitando-nos a utilização do melhor de nós mesmos, para alcançarmos aquilo que buscamos.

Estamos ainda sob o efeito das emoções da conquista do pentacampeonato, pela equipe brasileira de futebol, no último fim de semana. Das boas qualidades que os jogadores revelaram, o espírito de equipe parece ter sido fundamental para que eles conseguissem se sobressair aos outros, vencendo-os em todos os jogos que realizaram. O exemplo deles vem ao encontro de nossos anseios. Precisamos muito desse mesmo espírito de equipe. Nós e o Brasil precisamos muito dessa união, dessa associação, desse esforço comum, desse interesse, dessa harmonia, entre todos, dentro e fora do campo, não só de quatro em quatro anos, mas sempre, em todos os anos, meses, dias: em suas 24 horas... ininterruptamente.

Nota: esta matéria foi escrita e publicada no jornal do bairro “Gazeta Penhense”, em 2002, na semana seguinte à conquista do Pentacampeonato de futebol pelo Brasil.    

Postado por José Morelli