Em seu livro “Penha Histórica”, editado em 2001, o saudoso historiador Dr. Sylvio Bomtempi, relata em cinco páginas: da 85 à 90, como se deu a Escravidão em nosso bairro. Inicia contando que o então arrabalde de Nossa Senhora da Penha era porta de entrada dos escravizados recém-chegados do continente africano, trazidos do porto do Rio de Janeiro e também os que subiam a Serra do Mar passando por Mogi das Cruzes, Vila criada em 1611.
Nas primeiras décadas do século
XVII, a Penha serviu como lugar onde, devido aos surtos de varíola, “os cativos
procedentes do Rio de Janeiro e de Santos através de Mogi das Cruzes, foram
obrigados à quarentena no Caminho da Penha”, da mesma forma como acontecia no
Lavapés, com os chegados pelo Caminho do Mar.
O Dr. Sylvio explica ainda que as
atrocidades, praticadas por senhores desumanos contra os escravizados,
lançavam-nos a fugas impetuosas reunindo-os em quilombos, “arraiais temidos
difíceis de expugnar”. Entre os lugares que mais procuravam para embrenhar-se,
longe da cidade, contavam com os matagais da Penha.
Em 10 de fevereiro de 1748, Inácio
Pedroso Aveiros foi nomeado pelo Senado da Camara da Vila de São Paulo
capitão-do-mato no âmbito da Penha, que devia convocar os moradores hábeis para,
sob seu comando, destruírem os redutos dos foragidos e matarem os negros
resistentes, cortando-lhes a cabeça e entregando-as à Justiça.
Tendo como pano de fundo a
realidade acima exposta, no livro de Assentamentos da Irmandade do Rosário dos
Homens Pretos da Penha consta o surgimento da Irmandade, cuja primeira
assinatura é de 1755. A este grupo é atribuída a idealização e construção da
Igreja dedicada a Nossa Senhora do Rosário, patrimônio histórico do bairro, que
teve e tem papel importante na vida dos negros e negras da Penha e região. A
respeito dessa história tive a alegria de pesquisa-la e sobre ela escrevê-la no
livro “Penha de França – Expressões do Rosário”, lançado a público oficialmente
em 25 de janeiro de 2017.
Postado por José Morelli