quarta-feira, 31 de julho de 2019

Rotular

É o mesmo que: colocar rótulo o etiquetar. O rótulo serve para identificar o produto que se encontra no interior de uma embalagem qualquer. Todo rótulo tem essa serventia, mas nem sempre o produto corresponde ao que ele diz. Existem tanto rótulos verdadeiros como rótulos falsos, colocados com a intenção de enganar quanto ao produto em si ou à sua procedência. Produtos que, pouco o quase nada se diferencia uns dos outros, podendo facilmente ser trapaceados com rotulagem falsa.

O verbo rotular também é utilizado quando alguém se refere a outra pessoa, resumindo sua identidade com um único adjetivo, de forma superficial e precipitada. Com relação a produtos, é possível se descobrir sua verdadeira natureza através de um teste de qualidade. Afirmações sobre pessoas é uma coisa fácil de fazer. Algumas vezes, se é possível dar-lhes a chance de passarem por averiguações de qualidade; na maior parte das vezes, porém, esse tipo de averiguação não é possível e se fica apenas com a imagem do rótulo inadequado ou superficial.

“Ganha fama e deita-te na cama!” Este provérbio, tão antigo, consegue passar uma ideia interessante. Se alguém adquire credibilidade perante os outros pode fazer uso desta imagem positiva pelo resto da vida, desde que não venha a “pisar na bola”, negando o que a fama lhe havia garantido. A vida é muito dinâmica e uma caixinha de surpresa de todos os tipos. As pessoas podem ser sempre novas, mostrando em qualquer momento faces ainda desconhecidas de sua realidade e que um simples rótulo não consegue mostrar.

É muito cômodo ater-se a rótulos. Não que eles não tenham seu valor e importância. Em se tratando de pessoas, no entanto, é importante que não sejam entendidos com o termo final de uma compreensão ou de uma definição do que elas são, mas como um começo de novas buscas, uma porta aberta que leve a entendimentos mais amplos e profundos da realidade que elas representam.

Rótulo é apenas rótulo, uma simples etiqueta. O conteúdo é sempre mais importante. O primeiro existe em função do segundo e não ao contrário. O rótulo é apenas um meio condutor, que pode ou não levar àquilo que é objeto do desejo. Vale à pena não se acomodar e abrir-se nos olhos e no espírito, superando a preguiça e o medo de ir sempre mais além das aparências.

Postado por José Morelli

quinta-feira, 25 de julho de 2019

Assimilar golpes

Na linguagem do boxe, a expressão “assimilar golpes” significa a capacidade do boxista de suportar os socos do adversário. Quando assimilados, os golpes não minam as forças do lutador, ele se mantém firme. Pode mesmo dar a impressão de que mais se cansa o adversário, desferindo seus socos, do que o contendor recebendo-os. É o bom condicionamento físico e psicológico que lhe dá toda esta capacidade.

Deixando de lado o sentido masoquista, que pode ser atribuído à capacidade de assimilar golpes, no boxe, pode-se fazer uso dessa expressão, aplicando-a à capacidade das pessoas que, no dia-a-dia,  mesmo procurando evitar, ao máximo, as dificuldades da vida, precisam desenvolver uma força muito grande para  assimilá-las, uma vez que, à semelhança do boxista, ao nascerem como gente, para se manterem em pé, será inevitável que, em vários momentos e circunstâncias,  tenham que levar e dar, pelo menos alguns bons socos.

Na vida, os golpes podem ser de naturezas diversas. São as frustrações e perdas, as decepções e outras dificuldades, evitáveis ou inevitáveis, que ocorrem na vida de qualquer ser humano. Certo preparo, uma boa estrutura, uma segurança pessoal, um sentido objetivo de si mesmo e do meio em que vive, ajudam na formação da capacidade de assimilação dos golpes no decurso da vida.

Golpes fracos e fortes. Tanto uns como outros precisam, muitas vezes, serem transformados em força. Não é só se poupando que o lutador desenvolve sua capacidade. Seu treino deve prepará-lo tanto para apanhar, como para bater, tanto para defender-se, como para atacar.

Nas competições, o boxista busca a satisfação da vitória. Sua força é alimentada pela expectativa que tem de vencer. Autoconfiança e segurança é que lhe dão força e resistência. Acreditando em si, na capacidade que tem de superar seu adversário, o lutador desenvolve-se psicológica e fisicamente.

Na educação dos filhos, não é só poupando-os de todas as dificuldades, que os pais os ajudam a estarem preparados para a vida. Idealismo e realismo devem se aliar para que o positivo e o negativo, o fácil e o difícil, o prazer e a dor, a competição e a cooperação sejam percebidos e reconhecidos, de uma maneira equilibrada, contribuindo, assim, para servirem de base à capacidade deles de viverem os bons e maus momentos, que a vida lhes reserva em cada etapa de suas vidas.

Postado por José Morelli


sábado, 13 de julho de 2019

Vulnerabilidades emocionais

Desde os nossos primeiros momentos de vida, mesmo da vida intrauterina, vamos somando sensibilidades ainda que sem entendê-las em seus significados.  Gradativamente, o entendimento vai se dando, à semelhança da posição em equilíbrio entre os dois pratos de uma balança, cujos pesos de um lado e de outro vão se igualando. Quando já temos certa capacidade de enfrentamento de determinadas questões, o peso do prato com negatividade vai se tornando relativamente menor e menos amedrontador, deixando-nos menos vulneráveis aos impactos por ele provocados. 

Nossa vida é um diálogo constante com os acontecimentos que temos de lidar no dia a dia. Quantos sustos nos surpreendem em nossa trajetória de vida. Os desafios sempre exigindo mais e mais força de mente e de espírito e de energia física também. Nem tudo aparece claramente. Só a emergência dos sintomas emocionais é que podem permitir que nos percebamos em nossas vulnerabilidades.

Quem, em algum momento, não experimentou aquela sensação indesejável e desconfortável de insegurança e de risco iminente?...  Quem, em algum momento, não se viu tomado por sintomas emocionais e físicos quase que indescritíveis?... Por mais indesejáveis que sejam esses momentos, ainda assim eles se constituem como oportunidade de aprendizado e de autoconhecimento.

Associações de ideias, atos falhos, sonhos podem nos ajudar no desvendamento de nossos segredos íntimos. Inimigos ocultos são mais perigosos do que os que não o são. Os sintomas desvendam a existência de problemas. Pegamos a ponta do fio de lã que se apresenta visível e vamos puxando, puxando. E não é que lá na outra ponta aparece alguma explicação!... Aí gritamos: “Eureca”, descobrimos de onde vem nossa fraqueza ou vulnerabilidade!

Pouco a pouco, vamos tomando posse de nós mesmos, consolidando-nos em nosso ser pessoal, familiar, profissional e social. Pouco a pouco, vamos amadurecendo e nos fortalecendo frente às nossas vulnerabilidades. Tornamo-nos mais adultos e capazes de ajudar-nos e de ajudar a quem de nós precisa de nossa colaboração ou apoio.

Postado por José Morelli

quinta-feira, 4 de julho de 2019

Quem é você?

Para responder a esta pergunta, eu e você certamente poderíamos fazê-lo de muitas maneiras. Um possível começo de resposta poderia ser assim: Sou a consciência que tenho de mim mesmo - Sou o entendimento que tenho de quem e de como sou – Sou as ideias que construo do mundo, das coisas e das outras pessoas que percebo existindo à minha volta – Sou os pensamentos e juízos que se acumulam em minha mente – Sou as dúvidas que intrigam e confundem meus pensamentos. Sou todas as recordações e lembranças que guardo no arquivo de minha memória.

Sequenciando, posso responder que sou as fantasias e imaginações que fazem minha vida ser mais divertida e instigante – Sou as inspirações que dão formas novas às minhas ideias – Sou as experiências que adquiri ao longo de todos os anos que tenho vivido – Sou as vitórias que conquistei – Sou os erros e fracassos que pratiquei e dos quais alguma lição pude aprender – Sou as marcas deixadas pela educação que me foi dada – Sou a sintonia que tenho do que paira sobre as mentes das pessoas em geral e que costumam chamar de inconsciente coletivo.

Sou, ainda, a vida que anima meu ser físico e mental/espiritual – Sou a capacidade de me emocionar com muitas das coisas que faço e percebo ao meu redor – Sou a energia física que impulsiona meus movimentos – Sou as emoções que experimento em quase tudo o que faço – Sou as sensações que fazem vibrar meu corpo – Sou amor e ódio – Sou barulho e silêncio – Sou erro e acerto. Sou os gostos de minha preferência – Sou as coisas com que me identifico – Sou meu corpo em seu todo e em cada uma de suas partes.

Seguindo na resposta, sou a percepção que tenho através de meus cinco sentidos – Sou a intuição que me ajuda a encontrar as soluções dos problemas - Sou a alegria que sinto de viver e de conviver – Sou a curiosidade que me estimula a conhecer cada vez mais – Sou os gestos que faço – Sou as palavras que pronuncio – Sou o idioma que falo – Sou os raciocínios que construo em meu cérebro – Sou os prazeres que sinto – Sou a dor que me alerta, quando alguma coisa não vai bem em meu corpo ou em minha alma.

Finalmente, sou o nome que recebi em meu registro de nascimento – Sou o apelido que me deram, a nacionalidade que consta em meus documentos, a cor de minha pele, o lugar em que nasci ou resido, o curso que faço ou fiz, a profissão que exerço, o número registrado em minha carteira de identidade, o time que escolhi como de minha preferência e com o qual me identifico.

Postado por José Morelli