quarta-feira, 3 de agosto de 2022

Justiça restaurativa

 É uma boa notícia, sem dúvida alguma, saber que, em algumas cidades brasileiras, - Porto Alegre e Guarulhos são exemplos - já começa a se estruturar e estar em funcionamento uma nova forma de justiça, qualificada de restaurativa. O sentido dado a esse qualificativo é mais amplo do que o comumente entendido nas práticas convencionais da justiça. Não só se busca a recuperação das perdas materiais, mas também a dos danos morais/espirituais provocados pelos delitos ou contendas entre réu e vítima. Além dos prejuízos materiais, tem-se em vista a recuperação de outros valores perdidos, tais como confiança pessoal e mútua, maior segurança junto ao grupo social, respeito, amizade, solidariedade, compaixão, amor.

Esta evolução do sistema judiciário se deve ao entrelaçamento entre os diversos conhecimentos e especializações promovidos pelas ciências. Como parceiros, participam juízes, promotores, advogados, assistentes sociais, familiares, membros da comunidade, educadores, religiosos, sociólogos, psicólogos e outros profissionais. Todos estes têm algo a contribuir para a construção de maneiras novas de entendimento das situações em que os seres humanos se envolvem e que geram conflitos ou discordâncias. A palavra dis-cordância se contrapõe à palavra con-cordância e significa corações separados ou desunidos.

A sociedade atual, com tantos progressos, tem ampliado sua capacidade em múltiplas  direções: construtivas e destrutivas. As relações humanas precisam evoluir para poderem atender às demandas conquistadas com as avançadas tecnologias de comunicação e outras.

Cada caso é um caso, cada pessoa é uma pessoa, cada situação é uma situação. Reconhecê-los no que são e pelo que são, não apenas em seus aspectos estáticos, mas em seus dinamismos, abertos à vida, com perspectivas de futuro, esses reconhecimentos são necessários para a evolução dos sistemas que devem dar sustentação às estruturas sociais organizadas, governamentais e não-governamentais.

O corporativismo ajuda os grupos a se fortalecerem. Porém, além dele, é preciso que todos aprendamos a cooperar uns com os outros, relacionando-nos, formando parcerias, para que, juntos, enfrentemos os problemas que se nos apresentam e que se constituem como maiores desafios.   

Nestes dias, o Papa Francisco viajou ao Canadá. O sentido que quis dar a esta sua visita foi o de penitência: ele foi lá para pedir desculpas aos indígenas que, anos atrás, sofreram injustiças com a conivência de escolas católicas. Assim, uma justiça restaurativa foi estabelecida entre a igreja católica e os indígenas canadenses visando compensar o mal praticado no passado.

Postado por José Morelli