sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

A VIDA da Vida

Refiro-me à VIDA (maior): Aquela da qual provieram todas as demais vidas (incluindo, é claro, esta nossa que estamos vivendo no presente momento). VIDA (primeira): que a natureza inteira necessita para que se mantenha viva e atuante, transformando-se a cada novo ciclo e renascendo a cada nova geração.

Os cientistas falam de um chamado “Big-Bang”, uma espécie de explosão que, de acordo com cálculos presumidos, teria acontecido a uns 13 bilhões de anos atrás, dando origem à formação do Universo e ao início daquilo que convencionamos chamar de “tempo”.

Da referida explosão, também conhecida pelo nome de “energia primordial”, teriam sido formadas as grandes estrelas. Destas, por sua vez, teriam surgido estrelas menores e nebulosas.

Já as substâncias químicas teriam sido formadas da aglomeração de moléculas. Como desdobramento dessas transformações, do agrupamento de vários tipos de moléculas em estruturas complexas, desenvolveram-se outros modos especiais de vida tais como: os minerais; os vegetais e os animais desde os menores (microscópicos) até os maiores (os dinossauros, por exemplo), culminando com o surgimento dos seres humanos com capacidade de desenvolver a racionalidade e a consciência de sua própria existência e maneira de se reconhecer existindo.

Os caminhos percorridos pelos cientistas e os caminhos percorridos pela fé não precisam necessariamente se contrariar nem se contradizer. Na medida em que ambas as visões se clarificam em seus caminhos, estas podem também convergir ajudando-se mutuamente em suas constatações e compreensões.

Na linguagem bíblica do livro do Gênesis, a criação do homem é descrita como se Deus fosse um oleiro que confeccionasse Adão (nome que significa: feito do barro), utilizando-se da terra (natureza: matéria pré-existente) e de suas próprias mãos. Concluída a edificação da imagem, Deus sopra sobre ela, transmitindo-lhe a vida saída de si: “criou-o à sua imagem e semelhança” diz a Bíblia.

No capítulo 3 do livro do Êxodo, o texto relata que, tendo Deus falado a Moisés numa sarça (planta) ardente (sem que se consumisse com o fogo), ao perguntar-Lhe com qual nome deveria chamá-Lo, obteve a seguinte resposta: “Eu sou Aquele que é” ou “Eu sou o existente”: JAVÉ.

VIDA da VIDA foi o tema escolhido para o presente texto. VIDA que se manifesta (que se mostra). VIDA que se dá às demais VIDAS. No 3º. Capítulo, versículos de 16 a 18, de seu Evangelho, São João diz: “Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho unigênito para que todo aquele que crê não pereça, mas tenha a VIDA ETERNA”. Pelo sangue de Jesus derramado até a última gota e por sua Ressurreição, a VIDA, antes transmitida pelo sopro de Deus, é agora enriquecida com seu Amor, que permeia a alma humana e toda a natureza criada por DEUS: EXISTIR (em maiúsculo), que ultrapassa (transcende) a tudo e a todos.

Postado por José Morelli

domingo, 16 de dezembro de 2018

Utopia

Nas antigas barracas de tiro ao alvo dos parques de diversões, onde se fazia uso de velhas espingardas de chumbinhos, sempre era preciso mirar um pouco mais acima do alvo, a fim de que o projétil pudesse atingi-lo mais abaixo, na altura em que este se encontrava efetivamente. Assim, também, as pessoas, tanto individual como coletivamente, precisam fantasiar (mirar mais alto) suas próprias aspirações de maneira idealizada, armazenando uma quantidade maior de energia, em seu próprio pensamento e em suas próprias forças físicas.

Utopia é esse sonho de vida melhor que impulsiona as pessoas para frente ou para cima. A utopia funciona como a cenoura pendurada na ponta de uma vara e segura pelo cavaleiro, mantendo-a a frente dos olhos de um cavalo. Na ânsia de conseguir pegar a cenoura, o cavalo corre ao seu encalço sem, porém, nunca conseguir alcançá-la. Da mesma forma como a cenoura para o cavalo, as utopias têm o mérito de fazerem as pessoas se movimentarem, não se deixando acomodar frente às dificuldades.

A palavra utopia provém do grego e, por sua etimologia, significa lugar inexistente. De acordo com o Google, ainda, utopia tem como significado mais comum a idéia de civilização ideal, imaginária, fantástica. Pode referir-se a um sonho ainda não realizado, uma fantasia, uma esperança muito forte.

Utopias podem ser constituídas de valores materiais ou imateriais. Mais comumente do que se pode pensar, as utopias fazem parte da vida das pessoas e das coletividades. Muito do que se pode perceber acontecendo, no presente, teve seu começo em utopias, criadas em pensamentos e corações de muita gente. A vida pessoal de cada indivíduo, também, pode receber grandes impulsos a partir de utopias (sonhos) que, sucessivamente, vão servindo a consecução de novos ideais. A transformação, em realidade, de cada um deles, suscita o surgimento de nova utopia, novo sonho. A necessidade de preencher os vazios abertos por essas realizações estimula a imaginação em seu papel de arquitetar sempre novas utopias.

Postado por José Morelli

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Ariano Suassuna

Um dos nomes mais importantes da literatura brasileira da atualidade ainda é o do romancista, dramaturgo e poeta Ariano Suassuna, falecido no ano de 2014 aos 87 anos de idade. Nascido em João Pessoa, na Paraíba, residiu a maior parte de sua vida em Recife, Pernambuco. Dentre suas obras, merece destaque o “Auto da Compadecida”, escrita em 1955, traduzida e representada em nove idiomas, além de também ter sido adaptada para o cinema, obtendo grande sucesso.

Ariano Suassuna se dedicou em pesquisar a cultura popular brasileira. Suas constatações quanto ao assunto merecem ser acatadas com credibilidade, uma vez que se fundamentam em considerações pertinentes e objetivas.  O jeito simples de se vestir e de se posturar, aliado à sua espontaneidade, são uma demonstração de como Ariano Suassuna encarna a importância que atribui às populações das zonas rurais mais pobres e humildes. Entende que, ao contrário destas terem obstruídos os próprios pensamentos, são capazes de torná-los ainda mais límpidos e reluzentes.

O juízo que Ariano Suassuna adota relativamente à origem do teatro no Brasil é de que este já existia mesmo antes da presença e da influência dos jesuítas; uma vez que os indígenas, subdivididos em nações e tribos, tinham em comum expressões de natureza poética e teatral muito fortes: na dança, na música, nas máscaras que usavam, nas plumagens e pinturas com que adornavam os próprios  corpos.

O ensino oficial das escolas costuma reconhecer como evoluídas e dignas de valorização apenas culturas originadas na Europa, no Oriente Médio e na Ásia, deixando de valorizar culturas das Américas, bem como aquelas advindas da África ou da Oceania, consideradas rudimentares e pré-históricas

As manifestações culturais são como elos de uma corrente. O presente e o passado obedecem a uma razão de continuidade. A falta de qualquer elo dessa cadeia impede a melhor compreensão do desenvolvimento cultural considerado em seu todo.

Postado por José Morelli