terça-feira, 30 de abril de 2019

Valores

São chamados de valores, aquelas coisas ou qualidades que, no pensamento das pessoas, são consideradas como gradualmente importantes. A força física ou moral, a beleza, o sorriso podem ser considerados valores. A família, a amizade, a religião, a liberdade, a honestidade, a saúde, a diversão, a comunicação, o silêncio, a coragem, a humildade, o esporte, o amor podem também ser considerados valores, na medida em que gozam de importância na mente de um indivíduo, de um grupo familiar, de uma comunidade ou coletividade mais abrangente. A educação é um valor, que tem como objetivo transmitir o conhecimento, bem como os valores de cada tema ou matéria que é ensinada na escola.

Os bens materiais podem ser avaliados de forma quantitativa e/ou qualitativa. Se um bem material for de estimação, o seu valor merecerá, da parte de quem o possui, uma valoração maior, podendo chegar ao ponto de não ter preço que o pague, como se costuma dizer. Já os bens imateriais não podem ser avaliados de forma tão precisa. Atribuir valor é algo muito pessoal. Cada indivíduo vê a si mesmo, as outras pessoas e o mundo que o cerca, à sua maneira. A partir dessa visão, constrói uma hierarquia de valores. É a própria consciência de cada um, que estabelece a posição de cada valor, hierarquizando-os em forma de pirâmide.

Mesmo sendo mais precisos, os bens materiais oscilam em seus valores. As bolsas de valores mostram muito bem isso. A cada instante, os valores das ações das empresas sofrem alta ou baixa, dependendo de mil circunstâncias, que influem no desempenho das empresas. Se assim acontece com os bens materiais, o mesmo pode também acontecer com os bens imateriais. Algumas circunstâncias podem relativizar a importância dos valores, comparados uns com os outros. Diante de determinadas situações, a necessidade de falar pode perder sua posição para o silêncio, a coragem, para a necessidade de um recuo estratégico.

Os indivíduos se identificam e são identificados, pelos outros, pelo que valorizam. Valores positivos, construtivos, ajudam as pessoas a se auto-estimarem e influenciam no tratamento que se reservam a si mesmas. Os progressos, que o mundo moderno oferece, podem se constituir, mais ainda, como valores, na medida em que estiverem voltados para o bem de mais cidadãos. Democracia é um valor. Uma palavra fácil de ser pronunciada, mas muito difícil de ser colocada em prática. Muitos são os indicadores de que a violência urbana é consequência de um sistema democrático falho, incapaz de dar, a um maior número de pessoas, acesso aos bens, fruto do progresso humano.

Postado por José Morelli

Sabotador

A figura do sabotador se faz presente em muitas estórias. Em alguns filmes ele surge, sempre sorrateiro, colocando dinamites nos trilhos por onde vai passar o trem carregado de dinheiro ou de reluzentes barras de ouro. O sabotador é aquele que impõe barreiras ao desenrolar dos acontecimentos. Pode parecer estranho, mas não é fora de propósito dizer que é comum a existência de um sabotador, que atua a partir de dentro de cada pessoa. É como um inimigo interno, que aparece toda vez que o indivíduo teria a oportunidade de conseguir algum sucesso na vida. Há casos em que bem se aplicaria a frase: “dessa forma, a pessoa se basta nem precisando de inimigo!”.

Um exemplo típico desse fenômeno psicológico é o caso daquele estudante que, tendo feito cursinho e se preparado para o vestibular o ano inteiro, no dia do exame esquece-se de acionar o alarme do despertador, perdendo a hora ou, ao tomar o ônibus, engana-se e vai para o lado oposto, distanciando-se ainda mais do lugar onde deveria realizar as provas.

O sabotador age em função do medo ou de algum outro sentimento aversivo (na maior parte das vezes, de maneira inconsciente). O medo divide a pessoa. Se, por um lado, ela deseja seu progresso, seu autodesenvolvimento, sua libertação e autonomia; por outro, esse seu crescimento inspira-lhe medo: um é o seu discurso, acompanhado de lamentações, outra é sua disposição interna e emocional para crescer e se tornar mais adulta e responsável por sua própria felicidade.

Reconhecer a existência de um sabotador, dentro de si, já é um passo para desmascará-lo e descobrir as maneiras como costuma detonar com todas as chances que a vida oferece. É mais fácil combater um inimigo, sabendo quem ele é e onde se encontra, do que combater um inimigo oculto, não sabendo como e onde encontrá-lo. Boa saúde, êxito profissional, prestígio e valorização social, realização afetiva, postura adulta e amadurecida são alguns dos objetivos, que podem inspirar medo e, consequentemente, levar o sabotador a agir, conspirando contra essas ou outras possíveis razões de ser e de sentir-se feliz na vida.

Postado por José Morelli

segunda-feira, 22 de abril de 2019

Potência sexual

A potência sexual pode ser considerada em 3 momentos: do desejo; da excitação (ereção ou lubrificação); e, por último, do orgasmo (satisfação ou gozo). Esses 3 momentos se complementam, dando à sexualidade sua condição de normalidade e de completude.

Existem casos em que a pessoa não consegue nem mesmo sentir desejo sexual, pelo fato de, inconscientemente, não se permitir ter esse desejo.  Este tipo de impotência pode se originar de uma consciência muito rígida, presa a preceitos religiosos e morais. Pode, também, ter se originado de alguma violência sexual, sofrida na infância e que provocou um trauma, um bloqueio intransponível. 

Situações que possam despertar desejo, são sentidas como ameaçadoras. Fantasias e sensações fazem com que o ego perca o controle da situação, causando-lhe uma espécie de pânico. O medo leva-a a fugir, como o diabo da cruz, de tudo o que possa causar-lhe esses sofrimentos.

Ereção ou lubrificação, no homem e na mulher, respectivamente. Ambas são necessárias à realização de um ato sexual completo e satisfatório. A impotência pode se dar nessa fase, desde que o homem não se predisponha através da ereção de seu membro e a mulher através da lubrificação e maior elasticidade da vagina. Essas predisposições podem, também, sofrer bloqueios físicos ou psicológicos. Exames clínicos permitem a detecção de possíveis problemas orgânicos ou funcionais, que estejam impedindo o bom desempenho, nessa fase.

Satisfação ou gozo. Chegar ao orgasmo é o terceiro e último movimento, que completa o ato sexual. Para algumas pessoas pode não ocorrer bloqueio nas fases anteriores (do desejo e da excitação), mas apenas nesta última, do orgasmo. Nestes casos, também, dificuldades orgânicas e funcionais ou de ordem emocional podem ser causas do impedimento da capacidade de satisfação sexual. A rigidez moral ou o sentimento de culpa são exemplos de possíveis condicionamentos emocionais, capazes de inibir essa capacidade, roubando do ato sexual, seu momento de prazer mais intenso e de gratificação mútua, entre pessoas que se desejam e que se amam. 

Postado por José Morelli  
   

Policiar-se

O que é policiar-se?... É fazer o papel de polícia consigo mesmo, é ficar no próprio pé, cuidando para não prejudicar-se. Alguns exemplos: policiar-se para não responder a provocações, desnecessariamente; policiar-se para não se exceder na bebida; policiar-se para não se deixar levar por pensamentos e idéias negativas; policiar-se para não dizer palavrões; policiar-se para não tratar mal a quem mais ama; policiar-se para controlar a própria ansiedade; policiar-se para que o sentimento de culpa não domine os pensamentos e sentimentos, detonando o próprio bem estar e felicidade.

Precisamos das duas coisas: da contenção e da expansão. Conhecendo-nos bem, saberemos reconhecer o que, em nós, precisa ser contido e o que precisa ser expandido. De acordo com os objetivos a que nos propomos, precisamos adequar nossas maneiras de ser e de agir. Cada nova experiência de vida possibilita-nos descobertas a respeito de nós mesmos. Somamos informações. 

Construímos nossa própria imagem, com a qual vamos nos identificando. Este é um processo de crescimento pessoal. Da interação que temos com os outros e com o meio em que nos encontramos, vivenciamos experiências que nos ajudam a crescer socialmente. Trazemos forças dentro de nós. 

Precisamos orientar essas forças na direção que desejamos. Quando nos policiamos estamos nos contendo. Esta contenção, no entanto, entendida no conjunto de nossas aspirações, não é negativa, mas positiva. Visa adequar-nos para que estejamos aptos a atingir nossos principais objetivos na vida. Não nos mutilamos com ela. Contabilizamo-la como ganho e não como perda.

Em nossos relacionamentos familiares, mantemos vínculo com as pessoas que nos são mais próximas. Toda família também tem seus objetivos. Desses objetivos cada um participa à sua maneira. Desde crianças até adultos mais velhos, todos precisam aprender a se policiar, para que possam colaborar na consecução dos objetivos do grupo. Valorizando o grupo e seus objetivos, as restrições individuais não serão vistas nem sentidas como perdas. Representarão a parcela de contribuição de cada um para o bem da família e do grupo social a que pertencem, em suas necessidades mais abrangentes.

Nas relações que mantemos com nosso meio social, percebemos também a necessidade de nos desenvolvermos, expandindo-nos e contendo-nos - policiando-nos - de acordo as exigências do momento e das circunstâncias, em que nos encontramos.

Postado por José Morelli


domingo, 14 de abril de 2019

O simbólico

Desde o momento em que nossa mente passou a manter os primeiros contatos com a vida ao nosso redor, fomos aprendendo a identificar símbolos. A criança já deixa de chorar, só de ver a mãe preparando-lhe o seio. Neste caso, a presença do seio materno diante dos olhos da criança, pode ganhar alguns sentidos, tais como: de que sua reivindicação, através do choro, será em breve atendida; de que sua fome, que tanto a incomodava, será saciada; de que poderá, ainda, ganhar de lambuja, o prazer oral da sucção e o aconchego caloroso e seguro dos braços e do colo da mãe.

De acordo com o dicionário do Silveira Bueno, símbolo é, em sentido psicológico, “uma idéia consciente que representa e encerra a significação de outra inconsciente”. Na medida em que fomos crescendo e nos desenvolvendo, nossa mente foi aprendendo a criar e identificar símbolos, uns que acrescentam valor às coisas, dando-lhes mais importância, outros que as desvalorizam, diminuindo-lhes a importância.

Em todos os tempos, a humanidade fez uso de símbolos em suas comunicações. A relação simbólica está presente na imaginação das pessoas e da sociedade. Convivemos com uma infinidade de símbolos, que nos ajudam a pensar, a sentir e a entender-nos em nossos relacionamentos. Hoje, com a intensificação do consumo e o desenvolvimento dos meios de comunicação e das técnicas de propaganda, os produtos, que são lançados no mercado, ganham significados através de mil estratégias, que os fazem mais sedutores diante dos olhos dos potenciais consumidores. Dizem alguns estudiosos destes assuntos, que hoje mais do que em outros tempos, as pessoas consomem as coisas, mais pelo que elas simbolizam, do que por aquilo que elas são na realidade.  

Os símbolos permeiam a vida de todos nós. Deixamo-nos influenciar por eles. A eles devemos muito do que fazemos ou deixamos de fazer. O diploma é um símbolo. Quantos esforços somos capazes de despender para conseguirmos um título qualquer, na expectativa de ampliarmos nossas capacidades de conseguir um melhor emprego e rendimento?!... As moedas e notas são outros símbolos, cada uma representando valores que, em nossa imaginação, dependendo do momento em que nos encontramos e da necessidade que temos, poderá significar uma infinidade de outros bens, que seja uma casa, uma viagem, um eletrodoméstico ou qualquer outro bem que atenda ao nosso desejo.

Postado por José Morelli



Mitos

Os m i t o s  ocupam um lugar especial no pensamento das pessoas. Na forma de pequenas histórias ou através de simples frases ou palavras, eles servem de modelo a ser alcançado na vida. Uma quantidade razoável de mitos é do conhecimento de grande parte da sociedade. Quando se faz referência a eles, logo são identificados e entendidos. Os mitos são um ponto de convergência, no qual os pensamentos se encontram e, a partir do qual, conseguem avançar na extensão e profundidade de seus desdobramentos.

Da mesma forma como os mitos podem servir de trampolim, de onde se pode mergulhar fundo na realidade e nos significados, que a ela podem ser atribuídos, assim também é possível que os pensamentos e os  sentimentos se estanquem neles, não conseguindo ultrapassá-los. O mito do “príncipe encantado” representa a forma mais gratificante do envolvimento de um casal, num relacionamento estável e infindo.  

A expectativa deste “mundo de felicidades - sem restrições -”, no entanto,  não é capaz de se concretizar, plenamente, nas condições normais, em que os humanos estabelecem suas vivências a dois, no casamento. As notícias mostram que mesmo casamentos entre reis e príncipes, de verdade, não têm sido aquele “mar de rosas” , capaz de merecer o mesmo final-feliz das histórias infantis, de príncipes e princesas“: enfim, eles se casaram e foram felizes para sempre”. 

Existe grande distância entre o idealizado (representado pelo mito) e a realidade. A impossibilidade de compatibilizar esses dois planos, pode fazer do mito um inimigo em potencial. No lugar dele ser visto apenas como um ideal, que estimule  na busca do que é melhor, ajudando naqueles momentos em que a rotina e o peso das responsabilidades exigem mais do casal, ele é confundido como a única forma aceitável de vida. A decepção se torna insuportável e o casamento deixa de corresponder minimamente àquilo que dele esperavam, transformando-se numa frustração.

Apesar desses eventuais mal-entendidos, os mitos podem ajudar na ampliação dos entendimentos da vida, em muitas de suas circunstâncias, pelo que ela pode proporcionar de máximo e de mínimo a cada um. Aprendendo a desvendá-los, conseguiremos descobrir os segredos de sabedoria que neles e na vida se ocultam.

Postado por José Morelli

segunda-feira, 8 de abril de 2019

"Limpar a relação"

Muitas vezes, do que precisamos não é de romper um relacionamento, que mantemos com alguém; mas de limpá-lo daquilo que, nele, não julgamos conveniente e nos incomoda. Situações mal-resolvidas, desentendimentos, motivados por falhas na comunicação, podem ser enfrentados e melhor esclarecidos, se buscamos aprimorar a qualidade de nossas conversas, deixando mais claro e transparente o que pensamos e sentimos. Cuidando para não deixar nada pendente, não deixamos de manifestar se existe alguma mágoa, que nos esteja sufocando. Racionalmente, poderíamos até tentar negar essa nossa necessidade; mas, se não a revelamos, nosso ser inteiro não deixará de nos cobrar e denunciar nossa “covardia” ou “falta de confiança”.

No íntimo, não ficamos satisfeitos quando nos vêem de forma errada (da maneira como não gostamos de ser vistos). Por outro lado, não concordamos que a pessoa, com quem nos relacionamos, se sinta aceita de um jeito diferente daquele que, em verdade, condiz com o que estamos sentindo a seu respeito.

Podemos até deixar o tempo passar, resistindo encarar o momento de “abrir o jogo”. No entanto, enquanto nada fazemos para  limpar o relacionamento”, mantê-mo-lo em bases muito frágeis, correndo o risco de desfazê-lo, a qualquer instante. Não ficamos satisfeitos e, dificilmente, estaremos convencendo o outro, deixando-o satisfeito também. O medo será a base sobre a qual se manterá o relacionamento. E o medo, como se costuma dizer, não é bom conselheiro, principalmente em questões tão importantes, como as que nos envolvem com outra pessoa.

Fantasiar que as verdades vão destruir a pessoa do outro, pode não passar de uma projeção de nossa própria dificuldade de lidarmos com nossos temores e inseguranças. Nem sempre vale a pena subestimar a capacidade do outro de encarar as próprias verdades e as nossas. Da mesma forma, nem sempre vale a pena subestimar-nos em nossa capacidade de lidar com o que der e vier.

Se deixarmos o tempo passar, permitindo que um relacionamento se estruture sobre mentiras, vamos tornando mais difícil a volta. As mentiras vão ganhando status de verdades. Vamos sendo vistos da forma como não gostamos e os círculos formados por nosso convívio vão se alargando e comprometendo-nos junto ao outro, falsificando a imagem que projetamos de nossa realidade.

Postado por José Morelli 

Intuição

A palavra intuição é originária do latim: into-ire. Into é dentro. Intoire é ir para dentro, penetrar no âmago da questão, alcançar a essência do conhecimento de alguma coisa, sua razão primeira ou, como é usual no campo da farmacologia, seu princípio ativo. O dicionário do Silveira Bueno diz que “intuição” é o mesmo que “percepção clara, reta e imediata de verdades, sem necessidade de intervenção do raciocínio”.

É o que costumam dizer e a experiência parece confirmar que as mulheres são mais intuitivas que os homens. É provável que elas tenham desenvolvido essa capacidade, em função das exigências da maternidade: os meses que trazem o filho no seio e os primeiros cuidados com o bebê, além da dedicação à casa e à família, por gerações e gerações, funcionaram como condicionantes, natural e cultural, que as ajudaram e ajudam no aperfeiçoamento deste dom humano.

A intuição não é reconhecida como capaz de garantir cientificamente uma verdade, que se possa aplicar de casos particulares para o geral. Por isso, no campo científico, a intuição não goza do mesmo status da razão, do raciocínio. No entanto, sabemos que a intuição participou de muitas descobertas científicas. Não foram poucos os pesquisadores e cientistas que partiram de uma primeira intuição e, depois, conseguiram comprová-la, utilizando-se dos métodos científicos racionais.

Qualquer pessoa pode ter intuições, independentemente de sua escolaridade. A intuição é de suma importância na resolução de grande parte dos problemas do dia-a-dia. O interesse, o amor, a experiência da vida e a inteligência ajudam a intuição a encontrar respostas e caminhos a seguir. Não importa que as verdades, assim conseguidas, não gozem do status de serem científicas, elas se aplicam a situações imediatas e isso é o que vale.

Acreditar na própria capacidade de intuir, percebendo e construindo as próprias lógicas de pensamentos, de maneira clara, correta e imediata é um motivo de segurança na vida, um reforço positivo à autovalorização e à autoestima. Exercitar-se nessa capacidade faz com que ela se aprimore sempre mais.

Todo bom profissional precisa saber se utilizar tanto dos conhecimentos de sua área de atuação, como de sua intuição. Conhecimento, capacidade de raciocínio e intuição são fontes que convergem para um mesmo ponto. O resultado é o melhor possível. Na prática psicológica, o concurso desses fatores é de fundamental importância para garantia dos bons resultados, seja qual for a linha teórica adotada pelo profissional da área.

Postado por José Morelli

terça-feira, 2 de abril de 2019

Desdobramentos

Uma infinidade de coisas é passível de desdobramentos: uma camisa, uma folha de papel de seda, um lençol... Tomando como exemplo este último, podemos perceber que a cada novo desdobramento, a visão do lençol se duplica em seu tamanho, até que nos apareça em sua dimensão total. Se ele for de tecido estampado, os desenhos irão aparecendo, pouco a pouco. Só quando estiver totalmente aberto e estendido, é que perceberemos sua beleza e combinação com o ambiente.

Dos acontecimentos, podemos dizer que, também, se desdobram e como. Uma simples atenção pode dar origem a uma conversa mais prolongada, da qual pode nascer uma amizade, que pode se transformar num amor e num namoro, que, enfim, pode terminar num casamento duradouro e feliz. Não sabemos quais os rumos dos desdobramentos. Eles podem se orientar para vários sentidos, sendo que, cada um deles, pode reservar surpresas imprevisíveis. 

Os resultados daquilo que fazemos, pensamos e sentimos nos comprometem. São como caminhos que não têm volta. Não dá para desfazê-los ou apagá-los. Todo acontecimento tem aspectos bons e maus. Existem alguns que comprometem mais para o positivo, outros mais para o negativo. A bebida, as drogas, a ociosidade, o crime têm conseqüências. Os que enveredam por estes caminhos ficam enredados e não lhes é fácil deles saírem.

No plano social se dá o mesmo. A orientação da política e da economia, adotada por um governo tem, também, seus desdobramentos. Muitas conseqüências advêm de cada medida tomada. É difícil imaginar todos os efeitos que podem ocasionar ao povo a retirada de direitos adquiridos através de mudanças no regime de previdência social. Por outro lado, não dá para se imaginar os benefícios, para uma cidade, estado ou nação a adoção de meios mais eficazes de combate à corrupção, quanto, a médio e longo prazo, isso implicaria na melhora da qualidade de vida do povo e das condições para um desenvolvimento sustentável da nação em todos os aspectos.

Desdobramentos são todos os efeitos que podem advir daquilo que é buscado efetivamente. A escolha política de toda e qualquer medida, a exemplo do que fazem os jogadores de xadrez, deve ser acompanhada de acurados cuidados quanto à sua execução, a fim de que seus desdobramentos garantam os melhores resultados.

Postado por José Morelli