No íntimo, não ficamos satisfeitos quando nos vêem de forma errada (da
maneira como não gostamos de ser vistos). Por outro lado, não concordamos que a
pessoa, com quem nos relacionamos, se sinta aceita de um jeito diferente
daquele que, em verdade, condiz com o que estamos sentindo a seu respeito.
Podemos até deixar o tempo passar, resistindo encarar o momento de “abrir
o jogo”. No entanto, enquanto nada fazemos para
“limpar o
relacionamento”, mantê-mo-lo em
bases muito frágeis, correndo o risco de desfazê-lo, a qualquer instante. Não
ficamos satisfeitos e, dificilmente, estaremos convencendo o outro, deixando-o
satisfeito também. O medo será a base sobre a qual se manterá o relacionamento.
E o medo, como se costuma dizer, não é bom conselheiro, principalmente em
questões tão importantes, como as que nos envolvem com outra pessoa.
Fantasiar que as verdades vão destruir a pessoa do outro, pode não passar
de uma projeção de nossa própria dificuldade de lidarmos com nossos temores e
inseguranças. Nem sempre vale a pena subestimar a capacidade do outro de
encarar as próprias verdades e as nossas. Da mesma forma, nem sempre vale a
pena subestimar-nos em nossa capacidade de lidar com o que der e vier.
Se deixarmos o tempo passar, permitindo que um relacionamento se
estruture sobre mentiras, vamos tornando mais difícil a volta. As mentiras vão
ganhando status de verdades. Vamos sendo vistos da forma como não gostamos e os
círculos formados por nosso convívio vão se alargando e comprometendo-nos junto
ao outro, falsificando a imagem que projetamos de nossa realidade.
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