terça-feira, 30 de abril de 2019

Sabotador

A figura do sabotador se faz presente em muitas estórias. Em alguns filmes ele surge, sempre sorrateiro, colocando dinamites nos trilhos por onde vai passar o trem carregado de dinheiro ou de reluzentes barras de ouro. O sabotador é aquele que impõe barreiras ao desenrolar dos acontecimentos. Pode parecer estranho, mas não é fora de propósito dizer que é comum a existência de um sabotador, que atua a partir de dentro de cada pessoa. É como um inimigo interno, que aparece toda vez que o indivíduo teria a oportunidade de conseguir algum sucesso na vida. Há casos em que bem se aplicaria a frase: “dessa forma, a pessoa se basta nem precisando de inimigo!”.

Um exemplo típico desse fenômeno psicológico é o caso daquele estudante que, tendo feito cursinho e se preparado para o vestibular o ano inteiro, no dia do exame esquece-se de acionar o alarme do despertador, perdendo a hora ou, ao tomar o ônibus, engana-se e vai para o lado oposto, distanciando-se ainda mais do lugar onde deveria realizar as provas.

O sabotador age em função do medo ou de algum outro sentimento aversivo (na maior parte das vezes, de maneira inconsciente). O medo divide a pessoa. Se, por um lado, ela deseja seu progresso, seu autodesenvolvimento, sua libertação e autonomia; por outro, esse seu crescimento inspira-lhe medo: um é o seu discurso, acompanhado de lamentações, outra é sua disposição interna e emocional para crescer e se tornar mais adulta e responsável por sua própria felicidade.

Reconhecer a existência de um sabotador, dentro de si, já é um passo para desmascará-lo e descobrir as maneiras como costuma detonar com todas as chances que a vida oferece. É mais fácil combater um inimigo, sabendo quem ele é e onde se encontra, do que combater um inimigo oculto, não sabendo como e onde encontrá-lo. Boa saúde, êxito profissional, prestígio e valorização social, realização afetiva, postura adulta e amadurecida são alguns dos objetivos, que podem inspirar medo e, consequentemente, levar o sabotador a agir, conspirando contra essas ou outras possíveis razões de ser e de sentir-se feliz na vida.

Postado por José Morelli

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