sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

Brilhar

 O sol tem esbanjado todo seu brilho nestes dias que antecedem a festa da Páscoa. Antes de o cristianismo se tornar religião oficial no antigo império romano, a festa celebrada neste tempo era dedicada ao sol, exatamente por causa de sua intensa luminosidade, nesta fase do ano. Possuindo luz própria, o sol deve seu brilho a si mesmo. A Páscoa, comemoração da ressurreição de Jesus, substituiu a festa pagã dedicada ao sol. De acordo com a fé cristã, Jesus foi o primeiro e único a passar, por suas próprias forças, da morte para a vida, das trevas para a luz, do sem-sentido para o com sentido.

As pessoas possuem brilhos e sombras. Por mais brilho que possa ter uma pessoa, se ela mesma não consegue reconhece-lo, é como se não o tivesse. Brilhar com luz própria não é necessariamente um mal e, por isso, não precisa provocar sentimentos de culpa. Luz e escuridão são poderes opostos. O apagão que tivemos algum tempo atrás, permitiu-nos medir o quanto pode ser poderosa a escuridão, pelos transtornos que causa.

Quando uma criança é tratada de forma inadequada, com violência ou descaso, ela pode carregar consigo marcas que a condicionam negativamente em seu desenvolvimento. Traumas e bloqueios impedem-na de manifestar seu brilho, sente-se em trevas. Envolvida assim, não consegue perceber o quanto de luz e brilho próprio possui. Não consegue perceber o quanto sua escuridão é forte e fica-lhe mais fácil jogar sobre outros a responsabilidade de tudo que lhe acontece. Não se assume em sua totalidade que, como em todos os outros seres humanos, compõe-se de brilhos e de sombras.

Depois que construiu o curso, o rio desce naturalmente por ele. Superar um trauma é mudar o curso do rio. Mudar o curso da própria história é mudar os pensamentos e sentimentos, é trazer para si a responsabilidade de ser feliz, sem culpa de mostrar a todos que quiserem ver, o brilho que traz nos olhos e em todo ser.

A liturgia católica mostra que a ressurreição de Jesus é uma festa de luz. Jesus vence a morte e faz brilhar, em si, a vida. Com discrição, Jesus brilha, não se lançando com violência sobre as trevas do mal, naqueles que O crucificaram. Das vezes que apareceu após a ressurreição, as palavras que mais pronunciou foram: “a paz esteja com vocês!”

Ao mundo, a você e a todos que lerem este texto desejo a paz de Jesus Ressuscitado e uma feliz páscoa!

Postado por José Morelli

sábado, 9 de dezembro de 2023

"... não tem preço!"

 As boas ou más línguas dizem que todo homem tem o seu preço insinuando assim que, dependendo do valor oferecido, mesmo o mais íntegro dentre os humanos não resistiria à tentação de se vender em sua própria consciência. Quanto ao amor verdadeiro, desinteressado de qualquer outro bem senão o da pessoa amada, este também seria algo que não existiria dinheiro no mundo que o pudesse pagar. Quanto dinheiro seria necessário para se pagar pela compra de um Sol, de uma Lua, do ar que circunda a Terra, das águas salgadas dos oceanos ou das águas doces dos rios? – O que não existe dinheiro com que se possa pagar, não tem preço.

A generosidade de quem doa sangue para um doente que dele está necessitando de imediato, a fim de que possa continuar vivo, é uma atitude que absolutamente não tem dinheiro que pague. A urgência da necessidade, num dado momento, é o que permite de se avaliar a importância de uma determinada decisão e tomada de atitude. O dinheiro não é o único padrão de valor no estabelecimento das trocas entre as pessoas. A oportunidade de atendimento de uma determinada necessidade pode ser única. Se

Desde o momento em que os seres humanos passaram a dividir com a natureza o espaço do planeta Terra, esta tem sido pródiga em lhes proporcionar as condições indispensáveis para que evoluam e se aprimorem em suas capacidades. Estamos vivendo um momento particularmente importante da vida do mundo e da humanidade, um momento que parece estar exigindo mudanças nos entendimentos e na adoção de novos paradigmas a serem seguidos.

Sempre existiram coisas que o dinheiro não conseguiu pagar. O poder do dinheiro, porém, tem se tornado cada vez mais determinante. Ele deixou de ser apenas meio e se transformou em fim. É ele que financia todas as aventuras e desventuras individuais e coletivas.

Todos têm sido chamados para financiar o desenvolvimento. Todos têm que pagar pelos avanços tecnológicos, ainda que nem todos consigam utilizá-los. Os investimentos contemplam mais umas áreas que outras. Para o que tem mercado a produção é maior. Para o que não tem mercado ou dinheiro que possa pagar, a produção é menor ou nenhuma.

Postado por José Morelli

  

 

Monótono

 De origem grega, a palavra monotonia é composta por duas outras palavras: mono e tonia. Mono significa um, único e tonia é o mesmo que tom, vibração. Monótono é tudo aquilo que é percebido como repetitivo, enfadonho, cansativo. 

Vivemos a era da velocidade. Até o tempo parece correr cada vez mais rápido. A demanda de coisas a fazer é grande. A exigência de cumprimento das obrigações é para “ontem”, como se costuma dizer. Nunca o mundo teve tanto a oferecer para ser consumido. Se as pessoas não podem viajar e conhecer o mundo todo, este vem ao encontro delas em suas próprias casas.

No entanto, apesar de tudo isso ainda é muitos os que se queixam de que a vida continua monótona. Não podemos esquecer de que é através dos acontecimentos que a vida vai se apresentando a cada um. Estes são como uma espécie de comunicação da vida. A vida é a transmissora e as pessoas são as receptoras dessa comunicação. E como toda comunicação depende tanto de quem a transmite como de quem a recebe, o problema pode estar tanto na primeira como na segunda dessas duas pontas. Pode estar, também, nas duas: em parte numa e em parte noutra.

É pelos nossos sentidos que captamos tudo o que se passa à nossa volta. Nossa mente recebe as mensagens captadas pelos nossos postos avançados de percepções e as processa, as entende, as aprova ou desaprova. A aprovação acena para a harmonia, enquanto que a desaprovação acena para a desarmonia. 

As coisas, os acontecimentos sempre possuem vários lados para serem observados. Além desses vários lados, as coisas e os acontecimentos possuem profundidade. Eles não são só casca, possuem conteúdos também. Treinar os olhos, os ouvidos, o tato, o olfato, o paladar e a intuição ajudam na percepção das várias formas com que a realidade se apresenta a todos e a cada um de nós.

Mesmo que nos sintamos pressionados a viver de forma acelerada e ansiosa, é importante que sosseguemos nosso “facho”, parando e nos detendo na observação mais aprofundada de pequenos ou grandes acontecimentos, saboreando-os mais demoradamente e intensamente. A ansiedade nos impede de deter-nos nas coisas e nos acontecimentos, vivenciando-os na profundidade de seus significados.

Postado por José Morelli

   

Mundo hostil

 De “hostil” vem hostilidade, que é o mesmo que belicosidade, agressividade, combatividade. Mundo hostil é o ambiente agressivo que nos cerca. Para uma criança, que nasce e cresce num ambiente familiar hostil, em que as pessoas adultas são agressivas e amedrontadoras, é indispensável que ela desenvolva mecanismos de defesa, que lhe sirvam como proteção. Estes mecanismos podem trancá-la, fechando-a em si mesma, ou podem transformá-la num ser tão ou mais agressivo que seu meio.

Um barraco, ameaçado de cair sobre as pessoas que nele habitam, em risco de ser levado pela enchente ou de ter mais chuva caindo dentro do que fora, é parte de um mundo visto e percebido como hostil.  O mesmo se pode dizer da miséria, da fome, do desamparo pela falta de instrução e de conhecimentos, necessários a um mínimo necessário para permitir participação na vida social e econômica. Quando se analisa os desenhos de uma criança, pela maneira como ela se utiliza do lápis e faz suas representações, pode-se avaliar como ela percebe e sente o ambiente externo, que a rodeia, e como se percebe e se sente frente ao mesmo.

Das primeiras experiências que a criança vive em seu ambiente doméstico, ela carrega influências para outros ambientes: rua, escola, campo de futebol, amigos, bairro, cidade, etc. A criança cresce e precisa se defrontar com a vida na sociedade. Precisa se sentir preparada. Os pais já possuem uma vivência maior com a realidade. Sabem que o impacto com a hostilidade do mundo exige certa estrutura pessoal. Daí que, para prepará-la, precisam colocá-la, pouco a pouco, em contato com a realidade tal como ela é, com gradativa objetividade, sem exageros nem para mais nem para menos.

Nós, adultos, também atribuímos um sentido para o mundo que nos cerca. Acumulamos uma experiência e, a cada nova informação recebida, vamos reformulando nossa percepção e juízo da hostilidade com a qual devemos nos confrontar diariamente. Temos consciência de que fazemos parte do mundo, A humanidade é a somatória de cada pessoa e incluímo-nos entre essas pessoas. As armas que tornam o mundo belicoso não são apenas aquelas utilizadas nas guerras, sejam elas entre nações ou entre facções criminosas ou entre o crime organizado e a polícia, nas chamadas guerras urbanas. Além dessas armas convencionais, outra reconhecidamente potente e que nos é extremamente familiar é a língua humana. Com ela podemos construir, é verdade; mas, seu poder destruidor é, também, imenso.

O mundo tem se utilizado de diversas estratégias para lidar com o medo da hostilidade: negociações; corrida armamentista ou guerra fria; confrontos bélicos. No decorrer destes primeiros anos do século vinte e um, o mundo já promoveu diversas guerras. Hostilidade gera hostilidade. Encontramo-nos ainda no começo de um novo século e de um novo milênio. Precisamos encontrar formas mais pacíficas de viver e de conviver.

Postado por José Morelli

Mendigar afeto

 Há quem mendigue esmola e essa é a forma mais apropriada para o uso do verbo mendigar. Em sua postura, o mendigo como que suplica ajuda alheia. Essa e outras posturas, próprias de quem mendiga, é que identificam também o indivíduo carente de afeto. O juízo que o mesmo faz de si se associa a um sentimento de vazio interior, sôfrego de ser preenchido com alguma migalha de carinho ou de atenção.  Neste caso, o verbo mendigar é utilizado em sentido figurativo.

Quem é carente de afeto é dominado por uma sensação de angústia que o perturba e o faz agir com alguma inadequação, como se costuma dizer: metendo os pés pelas mãos. Essa inadequação, muitas vezes, provoca reação contrária daqueles que são por ele (ou por ela) assediados. A afetividade é, antes de tudo, humana: é carência de gente e não de coisas.

A título de exemplo, lembro aqui os versos da música “Teresinha de Jesus”, na versão de Chico Buarque. Eles dizem assim: “O primeiro me chegou como quem vem do florista: trouxe um bicho de pelúcia, trouxe um broche de ametista. Me contou suas viagens e as vantagens que ele tinha. Me mostrou o seu relógio; me chamava de rainha. Me encontrou tão desarmada, que tocou meu coração, mas não me negava nada e, assustada eu disse “não”.

O segundo me chegou como quem chega do bar; trouxe um litro de aguardente tão amargo de tragar. Indagou o meu passado e cheirou minha comida, vasculhou minha gaveta; me chamava de perdida. Me encontrou tão desarmada que arranhou meu coração, mas não me entregava nada e, assustada, eu disse “não”.

O terceiro me chegou como quem chega do nada; ele não me trouxe nada (só a si mesmo o que não seria pouco), também nada perguntou. Mal sei como ele se chama, mas entendo o que ele quer! se deitou na minha cama e me chama de mulher. Foi chegando sorrateiro e antes que eu dissesse não, se instalou como um posseiro dentro do meu coração”. 

Postado por José Morelli

 

 

 

Medo de altura

 O medo é um sentimento que pode se manifestar também através de sensações físicas. Todos estão sujeitos a senti-lo frente a situações que nos ameaçam de alguma forma. Se o mesmo nos é causado por motivos reais e proporcionais à sua intensidade, ele se justifica e revela equilíbrio e objetividade nos pensamentos e sentimentos. Se o mesmo nos é causado por razões imaginárias ou insuficientes não se justifica e revela algum comprometimento na apreensão da própria realidade e das circunstâncias que a rodeiam.

Estar em um lugar alto pode nos representar um perigo real e exigir de nós um cuidado maior do que quando nos encontramos no nível do chão. Em princípio, nossas condições físicas para manter a sensação de equilíbrio são as mesmas, estando nós no térreo ou no vigésimo andar de um prédio. Muitas vezes, porém, a sensação de desequilíbrio sobrevém, somente quando nos damos conta de que nos encontramos num lugar mais elevado do que aquele em que estamos habituados.

Tontura, sensação de vertigem e de perda do equilíbrio são sintomas do medo da altura. Existem outras situações que nos podem promover sensações parecidas com essas. Simbolicamente, subir na vida, ser promovido a um cargo mais elevado, enriquecer acima de um determinado patamar, fazer sucesso e ganhar fama podem causar sensações de desconforto semelhantes às daquelas causadas pelo medo de altura.

Em nosso ouvido interno, temos uma parte chamada de labirinto. Dele depende nosso equilíbrio. Labirintite é uma inflamação do labirinto, que provoca o sintoma da perda do equilíbrio com a consequente sensação de que tudo se encontra girando em torno e de que vamos desmaiar.

Neste sentido, acontece também de, coletivamente, pessoas de uma mesma família não admitirem que nenhum de seus membros alcance uma melhor condição, comungam da idéia de que nenhum membro é merecedor, digno de se sobressair acima dos outros. Isso também pode acontecer com relação aos habitantes de uma mesma cidade ou um mesmo país. 

Postado por José Morelli

 

Momentos mágicos

 Ainda em clima de olimpíadas e de paraolimpíadas Rio 2016, acompanhamos mais uma semana de competições entre atletas que se apresentam com alguma deficiência física ou mental/neurológica. Diferentemente das olímpicas, as competições paraolímpicas vêm sendo transmitidas, apenas, por uma emissora de televisão aberta: a TV-Brasil. No entanto, para quem esses eventos pudessem parecer desinteressantes, a opinião de várias pessoas que tenho ouvido não coincide com a daqueles que desacreditaram no interesse que as mesmas estão despertando.

Tanto os momentos das competições como os das premiações têm se apresentado com uma mescla de magia e de enlevo/sublimidade. Fazendo jus às origens gregas, as subidas aos pódios têm obedecido aos devidos rituais. O templo existente no monte Olimpo dedicado a Zeus era considerado a morada dos deuses. Os pódios possuem um quê de sagrado, uma espécie de altar da Pátria. Os ganhadores de medalhas de ouro, ao ouvirem o hino de seus países, dificilmente não se emocionam e emocionam.

Na medida em que as vistas e as mentes vão se acostumando de verem e de entenderem os atletas e as atletas, com suas deficiências expostas, estas vão deixando de chamar tanta atenção evidenciando-se, no lugar delas, a força e a técnica de pessoas agigantadas com corpos e mentes densos de energia e de garra. Sem a pretensão de usurparem o pódio de Zeus, esses vencedores ascendem à imortalidade – com seus feitos incluídos nos registros olímpicos. Saboreiam, assim, do néctar da glória servido aos deuses, representado pelas medalhas de bronze, prata ou ouro e pelo reconhecimento manifesto no aplauso do público.

As Olimpíadas e as Paraolimpíadas têm se constituído como um legado cultural daqueles que acreditaram e apostaram em nosso país e em nossa gente. Quantos e quantos ensinamentos condensados em momentos tão breves de tempo. O compartilhamento de tantos países e tantas culturas serve como exemplo para outras formas de relacionamentos pacíficos e proativos no âmbito local e mundial, possíveis entre iguais e diferentes.

Postado por José Morelli

Moderno

Uma palavrinha sedutora, que é entendida como qualificativa daquilo que é novo, está na moda, ocupando o topo das descobertas mais surpreendentes. Quem se identifica com algo moderno, projeta-se socialmente como avançado em seu tempo e diferenciado daqueles que permanecem ligados aos padrões antigos, do passado recente ou remoto.

O moderno goza de um status especial. Pode nem mesmo ser assim tão profundo e consistente em suas justificativas; mas, como é quase um recém-nascido, esses aspectos não precisam ser considerados tão relevantes. Basta dizer que é moderno e isso já seria o suficiente. O Moderno, por outro lado, é a vanguarda. Sem ele, o mundo fica parado. Não vai para frente, não abre portas nem caminhos novos, parece desinteressante.

O moderno combina com os jovens. O jovem que é arrojado, não tem medo de romper com o estabelecido, acreditando que não tem nada a perder ao lançar-se no que lhe parece colocá-lo na “crista” da onda.

Contrapondo-se ao moderno existe o antigo, que um dia também já foi considerado moderno. Se o antigo ainda permanece existindo é porque teve alguma importância. Não foi sem motivos que se manteve vivo com o passar dos anos. Aliás, muito do que se apresenta como moderno não deixa de terem sido coisas antigas que passaram por alguma leve maquiagem, que lhe deram um toque diferente na aparência.

O social é assim. Projetamo-nos através daquilo que juntamos à nossa pessoa. Vemo-nos e somos vistos nessas identificações. Viajamos em nossa imaginação e sonhamos de sermos aquilo em que nos projetamos. E isso traz em si um forte apelo de venda, capaz de impulsionar muitos negócios.

O mercado faz uso desses conceitos a fim de vender o que lhe interessa. No meio de todo esse jogo estão os indivíduos, as pessoas. Estas precisam ser fortes em si mesmas. Precisam se colocar um pouco acima dos interesses daqueles que desejam simplesmente manipulá-las. A vida é construída a partir das escolhas individuais e coletivas. A carruagem pode ir para muitas direções. Cada uma dessas direções leva a lugares diferentes. É preciso que nós e todos que somos contemporâneos de vida humana procuremos saber como e onde queremos chegar. 

Postado por José Morelli 

quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

Fenômenos psicológicos das eleições

 O período de campanha eleitoral tem o objetivo de esclarecer e motivar os eleitores, a fim de que o maior número destes se prepare para exercer bem o direito e a obrigação de participarem das escolhas dos candidatos. Um papel importante nesse processo é o desempenhado pela mídia televisiva através das notícias que escolhe dar e do horário eleitoral obrigatório. A informação por ela fornecida deveria ser a mais democrática possível, transmitindo notícias verdadeiras e com equidade.

De um lado se posicionam os candidatos que concorrem aos cargos eletivos e, de outro, nós eleitores, que nos representamos a nós mesmos e aos demais cidadãos e cidadãs que, por alguma razão, não podem votar. Através das escolhas que fazemos, espelhamos nossa consciência. Nossos valores, nossos modos de entender e de sentir a vida. Nossos sonhos e perspectivas de uma sociedade melhor devem se refletir em nossas decisões na hora de votar. Cada cabeça com sua sentença, com seu juízo e com sua esperança. Na somatória dos pensamentos e sentimentos a nação, como um todo, se expressa e se materializa em números de votos mais para uns do que para outros.

As informações que são transmitidas não encontram nossas mentes vazias. Estas informações se juntam a tudo aquilo que trazemos acumulado no pensamento em todos os anos de vida por nós vividos. As campanhas eleitorais e as votações se constituem como oportunidade de reflexão e aprofundamento sobre muitos assuntos importantes. Valem as propostas que nos atendem em nossas necessidades pessoais e valem, também, as propostas que atendem às necessidades dos diversos grupos sociais e ao conjunto de toda a nação. Quanto mais pessoas abertas às necessidades coletivas, maiores serão as probabilidades de escolhas que beneficiam o país em sua maior abrangência.

A sociedade é segmentada em grupos. Os diversos grupos sociais se diferenciam uns dos outros. É natural que cada grupo seja representado junto aos poderes constituídos. Os grupos só existem se existirem indivíduos que os componham. O indivíduo ainda é soberano em sua consciência. Esta deve ser a base sobre a qual se apóiam todas as instituições humanas.  

Postado por José Morelli


 

"Eu e meu medo"

 Umas vezes, meu medo se me apresenta escancarado, outras vezes, sutilmente incômodo, roubando-me a paz de meu espírito. Eu e meu medo nos apresentamos como se fôssemos uma coisa só. Não sou capaz de distingui-lo entre quem sou eu e quem é ele, percebendo-o distinto de mim. Se não me predispuser a me voltar para dentro de mim e descobrir meus próprios segredos, não conseguirei avançar na busca pessoal de maior harmonia com o ser real que sou e com a realidade que existe à minha volta.

Meu medo se constitui de afigurar-me perdendo o controle de mim mesmo, como se um tapete fosse puxado debaixo de meus pés, tirando-me o equilíbrio e a sensação de encontrar-me seguro. Sobrevem-me a dificuldade de reconhecer-me em mim, por não perceber-me correspondendo às expectativas que insisto em alimentar quanto ao quem sou e como sou. Sonho em ser o que não consigo ser plenamente. Em vão, os super-heróis da infância, em mim introjetados, não conseguiram iludir-me quanto aos poderes que percebo não se encontrarem ao meu alcance. Constantemente, contraio novas dívidas para comigo mesmo. Camadas sobre camadas vão se formando, no meu psíquico e em meu físico, na tentativa de manter-me racionalmente justificado perante minha consciência. Injustificavelmente, escondo-me por trás de minhas fantasias narcísicas. Tal um domquixotezinho que vai tentando se enganar, inventando-se mil estórias.

No contraponto do diálogo comigo mesmo, vou ouvindo o máximo que posso, juntando informações. Tento desmistificar-me, despojar-me de minhas expectativas. Comparo-me com pessoas, coisas e até mesmo instituições e nas interações que estabelecem. Permito-me vasculhar por dentro e por fora. Viajo em devaneios. Permito-me perscrutar minhas sensações com muita atenção. Honestamente, vou me reconhecendo no que me é íntimo. Percebo-me no que sou de verdade e não no que desejaria ser. Não sou mais nem menos do que um simples mortal, ser humano, gente de carne e osso, com apenas certo grau de consciência de mim mesmo e do que gravita à minha volta.

O impacto com a realidade externa não deixa de me ser assustador e desestabilizador dos pensamentos e das emoções. Só pouco a pouco e com determinação é possível assimila-lo. Para enfrentar a realidade que me é externa, preciso de que meu eu se perceba e se reconheça em seu próprio medo – sem medo do medo, entendendo-o em suas razões de ser e assimilando-o no que for possível.

Postado por José Morelli

Egoico no bom sentido

 Egoico vem de ego (eu, em latim), cujo significado é: voltado para si mesmo, centrado em si. Cada indivíduo precisa se ter e se reconhecer diante dos próprios olhos e inteligência. O sentido da própria identidade depende também dessa atenção sobre si. Porém, o sentido dessa conscientização também é resultado não só da percepção, do reconhecimento de si mesmo, mas da percepção e do reconhecimento do outro pelo que ele é, distinto, separado, diferente do eu de cada um.

A individualidade de cada pessoa se compara com a individualidade de outra. Estas podem se olhar e se reconhecer em suas semelhanças e em suas diferenças. Os egos se aproximam e se afastam uns dos outros. Os egos se unem criando identidades compartilhadas em grupos e subgrupos. Assim é que surgem os católicos, evangélicos, espíritas, são paulinos, corintianos, santistas, palmeirenses. Egos pessoais que se vêm e se reconhecem como egos grupais.

As torcidas dos clubes de futebol e outras são entidades que se constituem a partir de idéias formadas nas cabeças dos indivíduos, à semelhança de ícones. Essas idéias tendem a se materializar, transformando-se em nomes, símbolos, bandeiras, cores, gritos de guerra, hinos. Com base na consistência de nossas individualidades, a vida humana se constrói em seu fazer-se contínuo, perpetuando-se no tempo e no espaço.

Cada indivíduo escolhe “onde vai querer amarrar o seu burro”, como costumava dizer minha avó portuguesa. Cada indivíduo escolhe um espelho onde vai projetar sua própria imagem e se reconhecer no que é e no que objetiva fazer. Há aqueles que se reconhecem em instituições que se apresentam como legais e alinhadas à maioria e há aqueles que se reconhecem em instituições que se apresentam como desalinhadas à maioria e consideradas ilegais ou até mesmo criminosas. Os egos pessoais e grupais se afirmam. Por suas identificações em suas imagens projetadas nos grupos e subgrupos, os indivíduos despendem a maior parte de suas energias.

Ter consciência da própria existência, do valor da própria individualidade é a base sobre a qual cada indivíduo constrói sua capacidade de escolher o que vai fazer da própria vida. A família é o primeiro lugar onde os indivíduos se constroem em suas identidades. Houve um período da história do Ocidente chamado de humanismo, em que grandes artistas se voltaram para a natureza desvendando-lhes suas imensas possibilidades. As obras desse período que ainda hoje podem ser admiradas são como espelhos que refletem a profunda sensibilidade e inteligência de seus autores. Olhá-las e admirá-las contribui para a construção de um ego mais saudável e produtivo.

Postado por José Morelli

P O S S O !

 No momento em que digo a mim mesmo: posso!, reconhecendo-me no direito de conseguir o que quero - como tantos outros conseguem – estou me dando um presente, um voto de confiança, investindo ainda mais em minha própria capacidade, em meu lado sadio e agradecido de ser quem sou e como sou.

Posso!, repetido no pensamento e sentido na emoção, tendo os olhos bem abertos ou mantendo-os fechados, a fim de que a sensação do direito de poder cale fundo na alma e permeie meu corpo inteiro, harmonizando-me com minha vontade: afastando dúvidas, medos e inseguranças e, deste modo, permitindo que uma energia positiva ganhe cada vez mais força dentro de mim.

O sentimento de culpa não se aplica, quando não existe contradição profunda entre o que eu quero e os princípios e valores que norteiam o meu querer. Se esses princípios precisam ser revistos para que se confirmem, é necessário que eu tenha a coragem de encará-los de frente buscando clarificá-los.

O que vem de mim também pode ser bom e deve ser respeitado e valorizado por mim. Com maturidade, devo assumir minhas decisões e caminhos a seguir. Estes devem servir à minha vida e a daqueles e daquelas que, comigo, convivem em minha casa, na sociedade em que me insiro e no mundo em toda sua complexidade e abrangência.

É uma responsabilidade que eu os assuma dessa forma. Sendo menos rígido, menos inflexível, vou conseguir adequar-me com as situações emergentes do dia a dia, Essa liberdade é um sinal de que estou agindo de maneira condizente com minha capacitação adulta.

Posso!: sou livre para exercer meu direito de querer. Sou responsável por valorizar minhas vontades. Mesmo que tenha que lutar, que brigar, que dizer “sins” e “nãos”, vou afirmar minha vontade. É disso que preciso para ser feliz e poder agradecer pela minha vida. Dando passos nessa direção é natural que consiga, também, valorizar o posso! dos outros, conseguindo mesmo sentir-me feliz (sem inveja), agradecendo pela vida deles, estejam eles perto ou longe das minhas vistas.

Postado por José Morelli


 

Duas sílabas

 A primeira é labial. O ar exalado provoca leve estampido com os lábios, produzindo um som que, associado à vogal e, tem a sonoridade: Pe. A segunda sílaba é lingual. A ponta da língua pressiona a parte posterior dos dentes da frente (da arcada inferior) e, em seguida, fazendo um pequeno volteio, faz produzir o som: nha. Esses dois sons unidos formam a palavra: Penha. Ao ser ouvida, o cérebro instantaneamente a registra. Referências passam a ser associadas a essa palavra: pedra, penhasco, colina, lugar alto, bairro da zona leste de São Paulo, morro e escadaria da igreja da Penha no Rio de Janeiro, Nossa Senhora da Penha padroeira do Estado do Espírito Santo, Nossa Senhora, popularmente reconhecida como guardiã e protetora da Cidade e dos habitantes de São Paulo. 

Tudo se origina do menor para o maior, do antes para o depois. As palavras, as coisas, as pessoas, os grandes mamíferos, as grandes árvores, as planícies, as montanhas, os rios, os continentes e os oceanos dependem para existirem de suas mínimas partes. Por mais que as vendas no atacado possam ter maior expressividade financeira, o varejinho, mesmo que pouco lucrativo, é fundamental. A vida humana exige pequenos cuidados para que possa se desenvolver. A higiene bucal é imprescindível para que os dentes se mantenham sadios e duradouros. O mesmo se pode dizer do banho e da limpeza das roupas a serem utilizadas no dia a dia. Discursos que revolucionaram os rumos da história foram feitos de palavras que se subdividiam em sílabas e letras.   

A vida presente é conectada com o que foi passado. De um chefe indígena americano é recordado o ensinamento de que, para se desenvolver com sabedoria, ao jovem é preciso que lhe sejam dadas asas e raízes. O presente exige que seja audacioso e criativo à semelhança das aves em seus altos vôos. Da mesma forma, o presente exige que não dispense a força que lhe vem das raízes, do passado do qual proveio e ao qual nunca deixa de estar ligado. A história ligada a cada bem ou patrimônio histórico pode ser desfiada como a lã que se desenrola de um novelo, podendo ser lida e relida momento a momento.  

Neste sábado, das 09h30 às 13h00, no Centro Cultural Penha, acontecerá um Seminário com o objetivo de discutir os patrimônios históricos da Zona Leste da Cidade de São Paulo. Estarão presentes membros dos órgãos de preservação da prefeitura, do governo do Estado e do governo federal. Será uma oportunidade desses representantes ouvirem e de serem ouvidos pela sociedade civil no que tange ao assunto.

Postado por José Morelli

Cigarro

Inúmeros são os possíveis sentidos simbólicos que podem ser associados ao cigarro: uns entendidos como positivos (construtivos ou associativos); outros como negativos (destrutivos ou dissociativos) Um desses sentidos, de conotação dúbia, é o de consumo. Enquanto o fumo se queima e é consumido, a fumaça produzida pela combustão é sugada e conduzida aos pulmões de quem o fuma. Depois de ingerida, a fumaça é lançada para fora esvaindo-se no espaço. O cigarro é percebido pelo fumante como diminuindo gradativamente de tamanho até se reduzir ao mínimo possível de continuar a ser levado à sua boca. No sistema econômico vigente, só consome quem tem cacife para tanto. Por isso, cigarro é, também, associado à idéia de poder, de ter dinheiro, de decidir o que quer e o que não quer, de ser dono das próprias vontades e decisões.

Paralelo a esse sentido, o cigarro ainda pode ser associado à condição adulta de autonomia e liberdade. Por indução das propagandas, cigarro é um produto que goza de aceitação junto a pessoas de todos os níveis, desde as mais sofisticadas até as de hábitos mais simples. No entanto, a propaganda prefere associar ao cigarro carros de luxo, roupas finas ou chiques porém descontraídas, homens charmosos e mulheres deslumbrantes. Estas são as imagens mais utilizadas para seduzir as massas no sentido de levá-las à dependência e ao vício. Prazer, satisfação, auto-afirmação, elegância, exibicionismo, charme, sedução, conquista, alívio de tensão, compensação, inserção no grupo, companheirismo, rebeldia social ou familiar, drible à solidão, descontração, estas e outras são idéias que podem passar pela cabeça de qualquer pessoa.

Na outra ponta, do sentido negativo, o pensamento humano pode associar ao fumar idéias de destrutividade, tais como: poluição ambiental, sujeira, veneno, morte prematura, falta de força de vontade, desconforto, prejuízo ao meio ambiente, falta de amor à saúde e à vida, mau hálito, autodestruição, câncer, suicídio, desprezo por si e pela vida em geral, vício insuperável, dependência química ou emocional, coragem, prepotência, desafio às normas estabelecidas e de bom comportamento,

Embora a listagem seja incompleta, os sentidos simbólicos negativos ou positivos, citados acima, são uma pequena amostra das idéias que podem vir à cabeça de fumantes e não fumantes. O intuito da abordagem deste tema é o de contribuir com aqueles que quiserem pesquisar os próprios motivos que os levaram a aderir ao cigarro ou a rejeitá-lo de tê-lo como companheiro de “infortúnio”?! 

Postado por José Morelli

“Bobeou, dançou...!”

Fatos são fatos, indiscutivelmente. Contra eles, dizem, não há argumentos. O problema se encontra nos comentários que são feitos a respeito desses mesmos fatos, as interpretações, as conclusões que são tiradas a partir deles. A realidade é sempre muito abrangente, compreendendo tanto os fatos em si mesmos como suas repercuções em todas as direções e sentidos.

A crise dos bancos norte-americanos vem ocupando grandes espaços na mídia. No entanto, em meio a toda esta confusão, não se pode esquecer de que a vida é Viva. O mundo tem mesmo suas necessidades, por conta de sua contingência material (quantificada). O que é bom em curto prazo pode não sê-lo em médio ou longo prazo. Os negócios sempre sofrem oscilações em suas importâncias. Dependendo dessas oscilações, os investimentos nas bolsas de valores ou em qualquer outro ativo se deslocam de uns para outros. E vai entender todos os meandros da economia, movida por um capital (grana) capaz de voar mais rápido do que a luz do Sol? De qualquer forma, os quadros que se apresentam embutem aspectos da realidade em que o mundo está vivendo neste seu momento histórico.

Há quem espere a casa pegar fogo para tomar alguma providência e há quem se antecipe a esse desastre, adotando as medidas preventivas necessárias para que este seja evitado. Parece que não foi o que fizeram as autoridades responsáveis. E o efeito dominó da crise está aí. Uma mobilização geral dos G.4, G8, G20. Toda essa crise teria sido causada pelos gastos com as guerras do Iraque e outras (armas e soldados)? Ou teria sido por conta do estímulo ao consumo desenfreado e a compulsividade de muitos que se endividaram aproveitando-se de empréstimos lastreados em hipotecas de imóveis supervalorizados?

Daqui do lugar que estamos, em quem acreditar? Quando se ouve falar muito de alguma coisa, será que ela é mesmo tão importante como tentam fazer que pareça?  O imediatismo nem sempre é bom conselheiro. A insegurança é presa fácil do medo? Pode-se entrar de “gaiato” numa história que não se tem muito a ver?

Não esquecer que a vida é viva. Acreditar em si é fundamental. Acreditar no outro também é imprescindível. A informação completa dos acontecimentos e de seus entendimentos instrumentaliza a todos para construção de seus melhores juízos. Interesses escusos levam a boicotes nas informações. Todos correm o risco de serem ludibriados pelos medos que rondam indivíduos e sociedades. Por isso, o recomendável é “não bobear”; pois, quem assim o fizer, “dança mesmo e bonito”!  As lições existem para que todos delas aprendam!

Postado por José Morelli

 

Memória auditiva

Como é bom ter ouvidos sadios, capazes de experimentar sons e ruídos!... E pensar que, para muitas pessoas, o mundo é absolutamente silencioso. Outro dia, a televisão mostrou o trabalho maravilhoso (inédito) de algumas fonoaudiólogas brasileiras, ensinando surdos-mudos a falar, através de exercícios na piscina. O som, produzido na água, é mais bem captado pelos deficientes auditivos. Fica difícil imaginar, para quem nunca teve esse problema, como é viver sem audição.

Tivemos e temos a sorte de ouvir. Desde antes de nos conhecermos por gente, já ouvíamos e registrávamos os diferentes tipos de sons e de ruídos, aprendendo a diferenciá-los. Desenvolvemos a capacidade de retê-los em nossa memória, associando-os a momentos e a

lugares. Um som pode transportar-nos no tempo e no espaço. O barulho de uma cachoeira, o canto dos pássaros, fazem-nos recordar passeios que fizemos.

Algumas pessoas têm mais facilidade de memorizar através daquilo que vêm outras daquilo que tocam com as mãos, outras daquilo que sentem o cheiro ou saboreiam o gosto. E há aquelas que memorizam mais facilmente o que ouvem. Sons e ruídos ficam guardados na memória anos e anos. E, ao ouvi-los novamente, trazem de volta o passado, com uma série de outras recordações. Assim, temos a chance de rever e, quem sabe, refazer um ou outro “filme” de nossa vida. Elaboramos e reelaboramos fatos de nossa história.

Aqui em São Paulo, convivemos com muito barulho. À noite, parte desse barulho diminui. Em momentos de insônia, nossos ouvidos vão se distraindo com os sons da noite. São os galos que cantam, dialogando uns com os outros, confirmando a hora certa dos relógios, São os carros que passam na rua. O barulho do vento ou da chuva. O latido de algum cachorro ou o miado e algazarra de gatos. Enquanto os ouvidos se distraem, a imaginação viaja e fantasia

A audição do mundo externo permite-nos desenvolver a percepção de nós mesmos e do ambiente que nos envolve. Entramos em contato com a natureza. Sensibilizamo-nos com ela. Estabelecemos novos laços de ligação com ela, harmonizando-nos conosco mesmos e com a realidade externa. Nossos ouvidos nos ajudam a aprimorar-nos em nosso ser pessoal.

Postado por José Morelli

 

terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Sorrir

O sorriso é uma expressão facial que envolve principalmente a boca e os olhos. Existem vários tipos de sorrisos. Numa propaganda, veiculada na televisão faz algum tempo, foram mostrados exemplos de sorrisos, lembra-se?... Sorrir é uma manifestação do sentimento. Do íntimo, a alegria e felicidade, como uma resposta, perfaz seu caminho, tendendo a se desabrochar num sorriso. O sorriso é comunicação/interação. Acompanhado ou não de palavras, ele é capaz de dizer muitas coisas. Quando uma pessoa sorri, com sinceridade e espontaneidade, a pureza do seu sentimento é mostrada com poder, contagiando o outro a corresponder sorrindo também.

Falso ou verdadeiro. Quem pode julgar um sorriso?... A experiência mostra que existem sorrisos falsos. A ninguém é permitido a ingenuidade de negá-los. Através das histórias infantis, as crianças já tomam conhecimento das dimensões boas e más da realidade, descobrindo como os seres humanos são capazes de falsear os sentimentos, quando querem conseguir seus intentos a qualquer preço.

Mesmo sendo verdade que existem sorrisos falsos, não vale a pena ter medo de sorrir e de acolher os sorrisos dos outros. Acontece de pessoas criarem esse medo. Numa visita que fiz a uma antiga colônia de férias da Febem, em São Vicente, chamou-me a atenção a impossibilidade ou a incapacidade das crianças que ali estavam de sorrir. Existem adultos amargos, que não conseguem sorrir nunca. A expressão que mostram no rosto indica o clima extremamente melancólico que trazem no coração e na mente.

É próprio do homem sorrir. Uma característica de sua condição racional. O sorriso supõe entendimento. Sorrir é aceitar e aceitar-se. A dimensão física do sorriso, pelo envolvimento do rosto, essa parte tão proeminente do corpo, implica na aceitação das boas ou más condições em que este se encontra, seja ele conservado ou não, bonito ou feio, com boa dentição ou não. O sorriso de um bebê, mesmo antes de ter dentinhos, é cativante.

O sorriso é sinal de um bom estado emocional. Ele, ao mesmo tempo em que manifesta esse bom estado, contribui também para que a saúde se desenvolva ainda mais. Dar uma atenção ao próprio sorriso, cuidando para que ele se aprimore em suas manifestações, é uma verdadeira terapia. 

Postado por José Morelli

Coração

 O coração possui grande importância como centro do aparelho circulatório, lugar de onde o sangue é bombeado a toras as partes do corpo, através das grandes artérias, das veias e dos capilares.

É importante, também, pelo sentido que conquistou em nossas cabeças, pelas ideias e fantasias que formamos dele. O coração, na maneira popular de dizer, é sede do amor, das paixões, do ódio, da indignação e da dor, provocada pela decepção.

O coração é um símbolo, O seu lugar, no peito um pouco à esquerda, é simbólico. Encostar a cabeça no peito, na altura do coração, pode ser entendido como o apoio da razão sobre as emoções: a harmonia entre estas duas fontes de energia, que comandam a orientação de nossas vidas.

A saúde do coração, assim como a doença, influencia na saúde e na doença do corpo inteiro. Saúde e doença de duas ordens: orgânica e funcional ou psicológica (conceitual) e emocional. Estas duas ordens não se excluem. Muitos pensam que a saúde e a doença nunca são só puramente física ou puramente psicológica. Uma certa dose de ambas sempre está presente, quer na doença do todo do corpo ou de qualquer de uma de suas partes.

As necessidades do coração são, da mesma forma, de duas ordens: fisicamente, é preciso que o coração tenha o indispensável para funcionar bem (todas as suas partes estejam perfeitas, a química do organismo o revigore constantemente, o sangue serja daquela densidade adequada. Na ordem dos pensamentos e das emoções, o coração precisa ter satisfeita suas necessidades. Essas necessidades têm a ver com aquele equilíbrio entre o sacrificar-se e a justa compensação, entre a afirmação e próprio valor e a afirmação do valor dos outros. Consequentemente, tudo isto permite a possibilidade de trocas constantes, num jogo cujo desfecho pode contribuir para a saúde o prejudica-la.

Postado por José Morelli