De “hostil” vem hostilidade, que é o mesmo que belicosidade, agressividade, combatividade. Mundo hostil é o ambiente agressivo que nos cerca. Para uma criança, que nasce e cresce num ambiente familiar hostil, em que as pessoas adultas são agressivas e amedrontadoras, é indispensável que ela desenvolva mecanismos de defesa, que lhe sirvam como proteção. Estes mecanismos podem trancá-la, fechando-a em si mesma, ou podem transformá-la num ser tão ou mais agressivo que seu meio.
Um barraco, ameaçado
de cair sobre as pessoas que nele habitam, em risco de ser levado pela enchente
ou de ter mais chuva caindo dentro do que fora, é parte de um mundo visto e
percebido como hostil. O mesmo se pode
dizer da miséria, da fome, do desamparo pela falta de instrução e de
conhecimentos, necessários a um mínimo necessário para permitir participação na
vida social e econômica. Quando se analisa os desenhos de uma criança, pela
maneira como ela se utiliza do lápis e faz suas representações, pode-se avaliar
como ela percebe e sente o ambiente externo, que a rodeia, e como se percebe e
se sente frente ao mesmo.
Das primeiras
experiências que a criança vive em seu ambiente doméstico, ela carrega
influências para outros ambientes: rua, escola, campo de futebol, amigos,
bairro, cidade, etc. A criança cresce e precisa se defrontar com a vida na
sociedade. Precisa se sentir preparada. Os pais já possuem uma vivência maior
com a realidade. Sabem que o impacto com a hostilidade do mundo exige certa
estrutura pessoal. Daí que, para prepará-la, precisam colocá-la, pouco a pouco,
em contato com a realidade tal como ela é, com gradativa objetividade, sem
exageros nem para mais nem para menos.
Nós, adultos,
também atribuímos um sentido para o mundo que nos cerca. Acumulamos uma
experiência e, a cada nova informação recebida, vamos reformulando nossa
percepção e juízo da hostilidade com a qual devemos nos confrontar diariamente.
Temos consciência de que fazemos parte do mundo, A humanidade é a somatória de
cada pessoa e incluímo-nos entre essas pessoas. As armas que tornam o mundo
belicoso não são apenas aquelas utilizadas nas guerras, sejam elas entre nações
ou entre facções criminosas ou entre o crime organizado e a polícia, nas chamadas
guerras urbanas. Além dessas armas convencionais, outra reconhecidamente
potente e que nos é extremamente familiar é a língua humana. Com ela podemos
construir, é verdade; mas, seu poder destruidor é, também, imenso.
O mundo tem se
utilizado de diversas estratégias para lidar com o medo da hostilidade:
negociações; corrida armamentista ou guerra fria; confrontos bélicos. No
decorrer destes primeiros anos do século vinte e um, o mundo já promoveu
diversas guerras. Hostilidade gera hostilidade. Encontramo-nos ainda no começo
de um novo século e de um novo milênio. Precisamos encontrar formas mais
pacíficas de viver e de conviver.
Postado por José Morelli
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