Egoico vem de ego (eu, em latim), cujo significado é: voltado para si mesmo, centrado em si. Cada indivíduo precisa se ter e se reconhecer diante dos próprios olhos e inteligência. O sentido da própria identidade depende também dessa atenção sobre si. Porém, o sentido dessa conscientização também é resultado não só da percepção, do reconhecimento de si mesmo, mas da percepção e do reconhecimento do outro pelo que ele é, distinto, separado, diferente do eu de cada um.
A individualidade
de cada pessoa se compara com a individualidade de outra. Estas podem se olhar
e se reconhecer em suas semelhanças e em suas diferenças. Os egos se aproximam
e se afastam uns dos outros. Os egos se unem criando identidades compartilhadas
em grupos e subgrupos. Assim é que surgem os católicos, evangélicos, espíritas,
são paulinos, corintianos, santistas, palmeirenses. Egos pessoais que se vêm e
se reconhecem como egos grupais.
As torcidas dos
clubes de futebol e outras são entidades que se constituem a partir de idéias
formadas nas cabeças dos indivíduos, à semelhança de ícones. Essas idéias
tendem a se materializar, transformando-se em nomes, símbolos, bandeiras,
cores, gritos de guerra, hinos. Com base na consistência de nossas
individualidades, a vida humana se constrói em seu fazer-se contínuo,
perpetuando-se no tempo e no espaço.
Cada indivíduo
escolhe “onde vai querer amarrar o seu
burro”, como costumava dizer minha avó portuguesa. Cada indivíduo escolhe
um espelho onde vai projetar sua própria imagem e se reconhecer no que é e no
que objetiva fazer. Há aqueles que se reconhecem em instituições que se
apresentam como legais e alinhadas à maioria e há aqueles que se reconhecem em
instituições que se apresentam como desalinhadas à maioria e consideradas
ilegais ou até mesmo criminosas. Os egos pessoais e grupais se afirmam. Por
suas identificações em suas imagens projetadas nos grupos e subgrupos, os
indivíduos despendem a maior parte de suas energias.
Ter consciência
da própria existência, do valor da própria individualidade é a base sobre a
qual cada indivíduo constrói sua capacidade de escolher o que vai fazer da
própria vida. A família é o primeiro lugar onde os indivíduos se constroem em
suas identidades. Houve um período da história do Ocidente chamado de humanismo,
em que grandes artistas se voltaram para a natureza desvendando-lhes suas
imensas possibilidades. As obras desse período que ainda hoje podem ser
admiradas são como espelhos que refletem a profunda sensibilidade e
inteligência de seus autores. Olhá-las e admirá-las contribui para a construção
de um ego mais saudável e produtivo.
Postado por José Morelli
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