O luto, hoje quase em desuso, era um
costume que permitia às pessoas manifestarem externa e publicamente seus
sentimentos de dor e de tristeza, pela perda de algum ente querido ou próximo.
O luto era uma espécie de enfrentamento com a realidade dos fatos e dos
sentimentos, por eles desencadeados. É difícil saber quanto e como a
obrigatoriedade do luto externo ajudava ou atrapalhava, para cada um, no
processo de elaboração da sensação de vazio, que a perda costuma promover.
Pessoas, animais de estimação, bens
materiais, oportunidades, esperanças,... quantas e quantas coisas perdidas ou
não-conseguidas, são capazes de causar essa sensação de perda, tão incômoda de
suportar e que exige tempo e força de vontade, para que, pouco a pouco, vá sendo
amenizada.
O processo de elaboração de perdas é
muito pessoal. A ligação de cada um àquilo que considera possuir ou com
direito, acontece de maneira bem particularizada. Essa ligação se constitui de
um conjunto de elementos tanto racionais como emocionais. Elaborar perdas é
intervir, tanto nos pensamentos como nos sentimentos, modificando-os através de
novas correlações com a realidade.
Uma perda pode despertar problemas
antigos não bem resolvidos. Existem casos em que fica bastante difícil, para o
indivíduo, enfrentar sozinho, sem ajuda profissional, seus sentimentos de
perda, que podem se manifestar em sensações físicas e de inseguranças. Nestes
casos, é recomendável que ele não se furte de buscar ajuda, a fim de que possa
superar, com mais facilidade, esses bloqueios à continuidade e desenvolvimento
de sua vida.
Não é só com ilusões ou fantasias que
se elaboram perdas. É imprescindível que se encare, com objetividade e
realismo, o que efetivamente aconteceu ou está acontecendo. Para se enfrentar
uma perda é necessário maturidade. Apoiando-se em si, reconhecendo-se a si como
base da própria vida, descobrindo-se e acreditando nas próprias forças, é que a
pessoa se reconstrói, no enfrentamento da realidade tangível e concreta.
Perdendo ou ganhando, ganhando ou
perdendo... a vida se desenvolve, imprimindo direções diferentes no caminho de
cada um. Com isto, há momentos em que a percepção do horizonte parece diminuir
e há momentos em que, felizmente, essa percepção se amplia, permitindo a
sensação de crescimentos, com ganhos e vantagens.
Postado por José Morelli
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