Mais do que em outros tempos, a volta dos campeonatos de futebol no pós-pandemia, enseja que alguma reflexão seja feita sobre os valores do mesmo; uma vez que são tantos os que a ele dedicam grande parte do próprio tempo e das próprias energias, no mundo inteiro. O futebol, em verdade, é paradigmático. O que acontece com ele e nele acontece também nas outras atividades das pessoas, em geral. Como toda brincadeira, o futebol nasceu espontaneamente. Pouco a pouco, foi criando regras que o tornou mais estimulante. As habilidades passaram a ser premiadas e a falta delas punidas.
Alguns tijolos ou pedras podiam
servir como gol e meias velhas conseguiam cumprir um bom papel como bola. O
acesso a essa atividade lúdica era fácil e democrático. Não era preciso muito
espaço: um corredor suficiente para ultrapassagens, uma pequena área de serviço,
o luxo de um campinho em algum terreno baldio próximo já era suficiente para
atrair garotos sedentos de se divertirem. O nosso craque do passado, Julinho
Botelho, que tanto gostava da Penha, iniciou-se como jogador nos campinhos de
várzea, que ladeavam a linha férrea da Central do Brasil, lugar conhecido pelo
nome de Hortolândia. Ali havia chácaras de flores de propriedade de famílias de
imigrantes europeus. A saudade que sentia de seus tempos de infância, no
bairro, fez com que se recusasse a assinar contrato milionário no futebol
italiano, preferindo voltar à sua terra natal.
O futebol se adaptou aos
brasileiros e os brasileiros se adaptaram ao futebol. Em copas do mundo, o
Brasil é o único que conseguiu vencer cinco vezes, tornando-se pentacampeão.
Todo país pode e deve ter tantas vitrines quanto for capaz de criar. Não há
dúvida que o futebol é uma das vitrines com mais visibilidade já criadas por
brasileiros. O futebol, no mundo inteiro, tornou-se uma mercadoria, cuja
comercialização, é capaz de enriquecer àqueles que fizeram e fazem dele um
lucrativo negócio. E, não é de hoje que o futebol e outros esportes são
utilizados politicamente. Há sempre
aqueles que buscam colher vantagens políticas, buscando induzir os pensamentos
das massas tanto no sentido de aprovação como no sentido de desaprovação ou crítica.
Na condição de atividades
lúdicas, desde sempre o futebol e os demais esportes podem servir à educação e à
formação das crianças e dos jovens. Tanto o jogar como o torcer requerem
aprendizados. A expansão e a contenção dos impulsos são necessárias à
convivência harmoniosa e produtiva. Saber se aproveitar do lado bom das coisas
e dos acontecimentos deixando à margem o lado ruim, mediante criteriosa
reflexão, é uma decisão inteligente e sadia de se adotar.
Postado por José Morelli
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