Quando me predisponho a ler, meus olhos se voltam para as palavras escritas, estejam elas onde estiverem. Saio de mim mesmo e me projeto para o que se encontra fora de mim. Dependendo do grau de envolvimento com que me dedico ao que faço, ligo-me às ideias transmitidas por quem as quis conta-las e perenizá-las no tempo e no espaço.
Lucas foi o
evangelista que, depois de ter investigado “cuidadosamente desde a origem” a
vida de Jesus, resolveu expô-la por escrito, começando com o anúncio do
nascimento de João Batista, o precursor do Messias prometido ao povo de Israel.
(capítulo primeiro, versículos de 5 a 25).
Utilizando como
referência o tempo de gravidez em que se encontrava Isabel, casada com
Zacarias, e que já fazia seis meses que trazia João Batista em seu seio, passa
a descrever o anúncio de outra gravidez, agora a de uma prima de Isabel, Maria,
que se tornaria a mãe de Jesus. Diferentemente do primeiro anúncio em que o
Anjo se dirigiu ao pai, Zacarias, neste segundo anúncio, o Anjo se comunicou
diretamente com a mãe.
O texto de Lucas
descreve, passo a passo, o diálogo entre o Anjo e Maria, explicando-lhe como
tudo se daria: “Não tenhas medo, Maria, pois achaste graça diante de Deus. Hás
de conceber no teu seio e dar a luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus...
O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a Sua
sombra”. Em seguida, o Anjo transmitiu-lhe a notícia da gravidez de Isabel.
Prontamente,
“pôs-se Maria a caminho e dirigiu-se à pressa para a montanha, a uma cidade de
Judá... Ao ouvir Isabel a saudação de Maria, o menino saltou-lhe de alegria no
seio e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Erguendo a voz, exclamou: “Bendita
és tu entre todas as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre”. E donde me é
dado que venha ter comigo a mãe do meu Senhor?” (versículos de 39 a 43).
Lido com
atenção, o texto de Lucas traz o dom de transportar o leitor no tempo e no
espaço, um tempo em que viagens só eram feitas à pé ou em lombo de burro e os
caminhos, entre as pequenas cidades, não passavam de trilhas abertas sobre
montanhas. A leitura envolvente traz a quem lê o passado recontado no presente,
reavivando-o em toda densidade expressa literalidade das palavras lidas e dos possíveis
significados às mesmas associados.
Postado por José Morelli
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