terça-feira, 8 de agosto de 2023

Quando domingo era domingo

O nome continua o mesmo desde a muito e muito tempo. O domingo fecha a sequência dos sete dias que compõem a semana. Ele teria sido instituído pelo próprio Criador, dando-se a Si o direito a um justo descanso, após o árduo trabalho de criação de todo o universo.  Em sua essência, o domingo se constitui como um dia diferente dos outros. Nele se encerra uma sabedoria de vida.

O descanso, no domingo, não seria apenas para os seres humanos. O boi que ajudava na aragem da terra também mereceria seu justo descanso. Da mesma forma, a vaca deixaria de ser ordenhada, ficando seu leite exclusivamente para suas crias: os bezerrinhos e bezerrinhas.  Com esses e outros exemplos, a ideia transmitida era de que o descanso é mesmo fundamental e necessário para tudo (terra, água, ar, natureza) e para todos.

A sustentação física exige dedicação intensa, começando na segunda feira e indo até que chegue o fim da semana. O dinheiro ganho nos dias de semana deve ser suficiente para custear o dia de descanso, da mesma forma como acontece com o dos onze meses do ano que custeia a remuneração do mês destinado às férias. Domingos e férias existem para servirem como derivativos: para arejamento e cultivo do corpo e da alma.

Não têm sido poucas as mudanças sociais ocorridas nestes últimos anos. A sociedade, em seu todo, tem seguido lógicas diferentes daquelas que a norteavam num passado não tão distante. A lei da sobrevivência tem imposto novos sistemas e costumes. A tecnologia, no lugar de servir às pessoas, tem imposto sobre as mesmas sua sedutora e inexorável tirania. E o domingo foi perdendo seu sentido original.

Seja em que dia da semana for, o destinado ao descanso semanal precisa ser diferente dos outros dias, com outros sabores e cheiros e com outros coloridos: uma oportunidade aberta ao cultivo de outras dimensões da realidade em que, de forma abrangente e plena, nos constituímos.  

Postado por José Morelli

 

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