Comparativamente, a vaidade pode não ser prioridade absoluta dentre os valores a serem praticados, no decorrer de toda uma existência. No entanto, na contingência de tempo e de espaço em que se dá a vida de cada indivíduo, esta não deixa de ter seu devido valor e importância. A própria etimologia da palavra vaidade dá à mesma a dimensão de seu essencial significado. Ela não tem como característica ser duradoura ou permanente; muito pelo contrário, sua característica própria é a de ter existência efêmera ou passageira, à semelhança de uma flor que se abre ao nascer do sol e se fecha quando este se põe.
Para dois
endereços são destinados os esforços no sentido de embelezar-se fisicamente: o
do espelho que permite o se ver, acompanhado da própria admiração e o dos
olhares dos outros que visa despertá-los em suas desatenções. A identificação
com o belo permite a cada um que se reaproxime de si mesmo, harmonizando-se com
as imagens que, por diversos ângulos de visão, lhe são devolvidas pelo espelho
no qual se reflete. O retorno dos olhares dos outros, mediante mil gestos ou
palavras, permite a quebra da solidão de quem se percebe percebido e admirado em
sua própria existência e encantamento.
O aqui/agora é
imprescindível. Sua importância é única. O tempo é comparado a uma flecha
lançada pelo arqueiro. Não tem outro jeito dela chegar ao seu alvo, se não
percorrer cada milímetro de seu trajeto. Rasgar o espaço, superando seu próprio
peso e resistência do ar, não é tarefa fácil à flecha. Assim, também, nós,
seres humanos, nas diversas fases de nossa existência, temos que superar
barreiras e mais barreiras que nos sevem como obstáculos à nossa realização
pessoal, familiar, profissional ou social/espiritual.
A vaidade faz
parte do pacote em que nossa vida vem embalada. Não dá para ignorar o papel que
o transitório possui no contexto geral do existir humano. Ele precisa ser
reconhecido em sua devida importância. Ele pode e deve ser associado aos
aspectos mais permanentes de nossa existência. O cuidado é de que não percamos
nada do que é importante. Entrelaçando nossos valores uns com os outros, sejam
eles relacionados à nossa realidade física ou não, reconhecemos a importância que
eles representam, na totalidade de seu conjunto.
Publicado por José Morelli
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