segunda-feira, 7 de agosto de 2023

Papel da vaidade humana

 Comparativamente, a vaidade pode não ser prioridade absoluta dentre os valores a serem praticados, no decorrer de toda uma existência. No entanto, na contingência de tempo e de espaço em que se dá a vida de cada indivíduo, esta não deixa de ter seu devido valor e importância.  A própria etimologia da palavra vaidade dá à mesma a dimensão de seu essencial significado. Ela não tem como característica ser duradoura ou permanente; muito pelo contrário, sua característica própria é a de ter existência efêmera ou passageira, à semelhança de uma flor que se abre ao nascer do sol e se fecha quando este se põe.

Para dois endereços são destinados os esforços no sentido de embelezar-se fisicamente: o do espelho que permite o se ver, acompanhado da própria admiração e o dos olhares dos outros que visa despertá-los em suas desatenções. A identificação com o belo permite a cada um que se reaproxime de si mesmo, harmonizando-se com as imagens que, por diversos ângulos de visão, lhe são devolvidas pelo espelho no qual se reflete. O retorno dos olhares dos outros, mediante mil gestos ou palavras, permite a quebra da solidão de quem se percebe percebido e admirado em sua própria existência e encantamento.    

O aqui/agora é imprescindível. Sua importância é única. O tempo é comparado a uma flecha lançada pelo arqueiro. Não tem outro jeito dela chegar ao seu alvo, se não percorrer cada milímetro de seu trajeto. Rasgar o espaço, superando seu próprio peso e resistência do ar, não é tarefa fácil à flecha. Assim, também, nós, seres humanos, nas diversas fases de nossa existência, temos que superar barreiras e mais barreiras que nos sevem como obstáculos à nossa realização pessoal, familiar, profissional ou social/espiritual.

A vaidade faz parte do pacote em que nossa vida vem embalada. Não dá para ignorar o papel que o transitório possui no contexto geral do existir humano. Ele precisa ser reconhecido em sua devida importância. Ele pode e deve ser associado aos aspectos mais permanentes de nossa existência. O cuidado é de que não percamos nada do que é importante. Entrelaçando nossos valores uns com os outros, sejam eles relacionados à nossa realidade física ou não, reconhecemos a importância que eles representam, na totalidade de seu conjunto.

Publicado por José Morelli

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