Este tipo de frase fez parte da estratégia de comunicação com que pais e mães amedrontavam suas crianças, no sentido de que não se aproximassem ou deixassem aproximar de quem aparecesse, à frente, com tais características. A frase, curta e grossa, não deixava margem a equívocos. A eficácia de sua mensagem deveria ficar indelevelmente marcada na alma, por toda a vida. E, assim, o subconsciente se condicionaria a essa ideia, encaixando-a ou desencaixando-a no conjunto de suas referências.
Faz parte da
formação das crianças que sejam alertadas quanto aos perigos que a cercam. No
entanto, a escolha do caminho mais curto e cômodo não é suficiente para
garantir uma boa e saudável educação aos pequenos. A frase contém os
substantivos “homem” e “capa”, sendo que este segundo vem seguido pelo
qualificativo “preta”. Uma capa, além de acobertar a quem dela faz uso, pode
também ocultar armas perigosas.
A ideia expressa
assinala os dois lados: o da força e o da fraqueza. Pelo seu conteúdo, não
deixa de ser uma frase machista. À figura masculina é atribuído um simbolismo
de perigo e de medo. A capa, associada à sua cor preta, também conota um
simbolismo na mesma linha negativa. Obviamente, às figuras do feminino e da
veste de qualquer outra cor que não seja a preta restariam apenas as conotações
da fraqueza e da vulnerabilidade.
Conceitos e
preconceitos, valores e contra valores culturais são passados de geração em
geração, através das expressões da linguagem. Ao conteúdo das frases se soma a
ênfase emocional com que são pronunciadas. As atitudes concretas no dia a dia
reforçam as ideias manifestadas oralmente.
A realidade, em
sua total abrangência, precisa ser valorizada e respeitada nas diferenças com
que se apresenta. Só o reconhecimento equilibrado das forças e das fraquezas, presentes
em suas variadas formas consegue imprimir um desenvolvimento harmonioso e
consistente de toda humanidade, no presente e no futuro.
Postado por José Morelli
Nenhum comentário:
Postar um comentário