Generalizar é uma tendência mais ou menos frequente, que pode ser fruto de uma preguiça mental, de um comodismo ou “lei do menor esforço”, às vezes, até mesmo de uma maldade menos consciente. É comum ouvir-se afirmações baseadas em generalizações. Cada pessoa tem sua identidade própria, não merecendo atribuições, só pelo fato de ser desta ou daquela região do país ou por ser desta ou daquela cor ou raça.
Acontece, também, de pessoas que apresentam
algum defeito físico serem vistas e tratadas de forma a terem generalizadas
essa sua condição de deficiência. Tratam-nas como se sua incapacidade fosse
generalizada, vendo-as com mais deficiências do que efetivamente possuem. A cegueira
do cego o impede apenas de ver e não de manter-se de pé. É por isso que,
algumas vezes, o cego, educadamente, agradece a pessoa que lhe cede o lugar
para assentar-se no ônibus. Na verdade, o cego é só cego e não aleijado.
Generalizar é uma maneira simplista de ler e
interpretar a realidade. Baseando-se em apenas um ou em alguns motivos, tira-se
a conclusão sobre o todo, reduzindo-o e empobrecendo-o em sua compreensão e
entendimento.
O filme “Um Estranho no Ninho”, do diretor
Milos Forman, mostra bem as consequências desse entendimento limitado, no
tratamento dos doentes mentais, confinados em manicômios.
Tratando o doente mental, reduzido no seu
entendimento a um único aspecto de sua realidade e desconhecendo sua condição
humana plena, como pessoa que é, dotada de capacidades e múltiplas necessidades,
o filme mostra os equivocos de certos tratamentos em ambientes fechados e
restritos.
Generalizando as condições dos doentes, “Um
Estranho no Ninho” mostra a prática de uma rotina que nivela a todos, não
reconhecendo as necessidades individuais. Em nome do bem comum, são praticadas
pequenas e grandes violências, talvez um retrato ampliado de situações com as
quais convivemos muito frequentemente em nossos dia-a-dia “normais”.
Postado por José Morelli
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