Alguém olha prá você e sorri, você corresponde olhando-lhe também e sorrindo. Em outras palavras, reciprocidade é tanto a retribuição do bem com o bem como a do mal com o mal, pagando-se o que se recebe com o mesmo tipo de moeda. A expectativa natural, nos relacionamentos humanos, é de que o gesto generoso e bom seja retribuído com prêmio, enquanto que o delito seja retribuído com punição.
De acordo com o
princípio da reciprocidade, aqueles que menos tivessem recebido menos teriam
obrigação de retribuir, enquanto que aqueles que mais tivessem recebido mais
teriam obrigação de fazê-lo. Não é bem isso que se observa na sociedade e mesmo
nas famílias. Contrapondo-se ao princípio da reciprocidade, parece existir um
outro princípio ou dado cultural/estrutural, que reforça a idéia de
diferenciação entre os seres humanos, considerando-os desiguais quanto a seus
direitos e obrigações.
A impunidade
(como a que se tem tanto ouvido nos noticiários dos jornais e da televisão)
nega e contradiz o princípio da igualdade entre todos, garantido pela
Constituição Brasileira e pelas constituições de quase todos os países do
mundo. A reciprocidade pode ou não estar presente em muitas das situações, que
envolvem pessoas, lugares, animais e coisas. Reciprocidade entre pais e filhos,
de irmãos entre irmãos, entre adultos e crianças, entre patrões e empregados,
entre proprietários e inquilinos, de chefias entre si e destas com seus
subordinados, entre professores e alunos, entre médicos e pacientes, entre
organizações políticas, sociais, culturais e religiosas, entre ricos e pobres,
entre incluídos e excluídos, entre saciados e famintos, entre governos e
cidadãos, entre natureza e seres humanos e vice-versa...
A reciprocidade
pode ser comparada com uma roda. Se ela girar e caminhar no sentido de ir para
a frente, sua tendência é de construir as relações humanas, apostando-se mais
no positivo do que no negativo. A reciprocidade é um princípio da justiça. Além
de simples olhares e sorrisos, a vida é feita de outras trocas recíprocas, boas
e más, capazes de melhorá-la ou piorá-la em sua qualidade e em seu
direcionamento. Todo cidadão ético tem, no princípio da reciprocidade, uma
referência que o ajuda a escolher qual atitude tomar, na situação em que se
encontra, decidindo de acordo com o que dita sua própria consciência.
Postado por José Morelli
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