Chamava minha atenção, nas cartas que meu pai recebia de seus parentes da Itália, ver seu nome precedido pelo sobrenome: “Signore Morelli Giuseppe”. De acordo com os costumes daquele país, o nome familiar antecede ao pessoal. No português, a palavra sobrenome, pode ser entendida como nome que se sobrepõe ao nome pessoal. Cada lugar tem o seu costume. Através deste, são expressos os modos de pensar e de sentir das pessoas e dos diversos grupos e nacionalidades. De uma forma ou de outra, podemos perceber, em todos os lugares, a importância dada ao nome de família.
Nos registros de
nascimento, alguns trazem, junto ao próprio nome, o sobrenome do pai; outros o
da mãe e do pai e há, também, aqueles que trazem somente o nome de família da
mãe. Além da tradição cultural, outras razões podem influenciar na atitude de
eleger este ou aquele sobrenome. De qualquer maneira, estes são dados
significativos, reveladores dos pensamentos de indivíduos e sociedades.
As famílias são
identificadas por seus sobrenomes. Pessoalmente, podemos gostar mais ou menos
de nosso nome familiar. Podemos gostar mais do sobrenome materno do que do
paterno ou ao contrário. Ligamos o sobrenome às pessoas, às suas atitudes. Se
elas nos agradam, tendemos a gostar também de seus nomes de família. Se nos
desagradam, transferimos nosso descontentamento para seus sobrenomes.
Temos uma
tendência de fazer comparações. Com relação aos sobrenomes, essa tendência
também ocorre com relativa freqüência. Atribuímos a algumas famílias conceitos
elevados, de importância positiva. Se a posição elevada de uma família e de seu
respectivo sobrenome nos incomoda, por alguma razão, podemos sentir raiva e
desprezo, negando-lhe sua importância.
Lidamos com
nosso sobrenome. Podemos lidar bem ou mal com ele. Nosso nome familiar pode
ajudar-nos ou atrapalhar-nos. Por influência dele, podemos nos sentir com ou
sem importância, impulsionados para frente ou bloqueados em nossos caminhos.
Precisamos aprender a nos relacionar com nosso sobrenome, seja qual for a circunstância
de vida em que nos encontramos. Embora nosso nome familiar nos tenha precedido
no tempo, dando-nos a base de sermos quem somos, ele não pode ser considerado maior
do que nosso ser pessoal. Aquele merece sim todo nosso apreço; porém, em
situações de conflitos, este tem prioridade. Mais do que nosso sobrenome, nossa
individualidade merece, de nós mesmos, atenção, respeito e oportunidade.
Postado por José Morelli
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