sábado, 17 de agosto de 2024

Sobrenome

 Chamava minha atenção, nas cartas que meu pai recebia de seus parentes da Itália, ver seu nome precedido pelo sobrenome: “Signore Morelli Giuseppe”. De acordo com os costumes daquele país, o nome familiar antecede ao pessoal. No português, a palavra sobrenome, pode ser entendida como nome que se sobrepõe ao nome pessoal. Cada lugar tem o seu costume. Através deste, são expressos os modos de pensar e de sentir das pessoas e dos diversos grupos e nacionalidades. De uma forma ou de outra, podemos perceber, em todos os lugares, a importância dada ao nome de família.

Nos registros de nascimento, alguns trazem, junto ao próprio nome, o sobrenome do pai; outros o da mãe e do pai e há, também, aqueles que trazem somente o nome de família da mãe. Além da tradição cultural, outras razões podem influenciar na atitude de eleger este ou aquele sobrenome. De qualquer maneira, estes são dados significativos, reveladores dos pensamentos de indivíduos e sociedades.

As famílias são identificadas por seus sobrenomes. Pessoalmente, podemos gostar mais ou menos de nosso nome familiar. Podemos gostar mais do sobrenome materno do que do paterno ou ao contrário. Ligamos o sobrenome às pessoas, às suas atitudes. Se elas nos agradam, tendemos a gostar também de seus nomes de família. Se nos desagradam, transferimos nosso descontentamento para seus sobrenomes.

Temos uma tendência de fazer comparações. Com relação aos sobrenomes, essa tendência também ocorre com relativa freqüência. Atribuímos a algumas famílias conceitos elevados, de importância positiva. Se a posição elevada de uma família e de seu respectivo sobrenome nos incomoda, por alguma razão, podemos sentir raiva e desprezo, negando-lhe sua importância.

Lidamos com nosso sobrenome. Podemos lidar bem ou mal com ele. Nosso nome familiar pode ajudar-nos ou atrapalhar-nos. Por influência dele, podemos nos sentir com ou sem importância, impulsionados para frente ou bloqueados em nossos caminhos. Precisamos aprender a nos relacionar com nosso sobrenome, seja qual for a circunstância de vida em que nos encontramos. Embora nosso nome familiar nos tenha precedido no tempo, dando-nos a base de sermos quem somos, ele não pode ser considerado maior do que nosso ser pessoal. Aquele merece sim todo nosso apreço; porém, em situações de conflitos, este tem prioridade. Mais do que nosso sobrenome, nossa individualidade merece, de nós mesmos, atenção, respeito e oportunidade.   

Postado por José Morelli

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