As expressividades foram muitas. Cada uma delas representativa de valores importantes que assinalaram as direções percorridas nesses mais de três séculos e meio de existência. Não são poucos os nomes pelos quais são chamados nossos rios e ribeirões (Aricanduva, Guaiaúna, Tiquatira...) bem como um número significativo de ruas (Aracati, Umbó, Paracanã, Betari...), que testemunham a presença de índios, num período que antecede à nossa história. Depois deles, tivemos aqui ricas famílias (portuguesas em sua maior parte) possuidoras de grandes extensões de terras, doadas pela coroa portuguesa na forma de sesmarias.
No livro, escrito
por mim, cujo título consta na introdução desta matéria “Penha de França –
Expressões do Rosário”, registro acontecimentos e personalidades que fizeram
parte da herança europeia nos primórdios da Penha: o Padre Jacinto Nunes de
Siqueira, construtor da primeira capela e, por isso, considerado fundador do
bairro; o Padre Antonio Benedito de Camargo e o antigo casario onde viveu e, no
qual, pernoitou Dom Pedro I em sua passagem pela Penha, poucos dias antes de
proclamar a Independência do Brasil; o Coronel Antonio Prost Rodovalho e seu
Palacete outrora construído na rua que leva o seu nome; a senhora Maria Carlota
de Melo Franco e sua imponente mansão, no lugar em que hoje se encontra o Posto
de Saúde da Penha, na Praça Nossa Senhora da Penha e outros.
Para fazê-las
produzir, os proprietários de terras além da mão de obra dos indígenas,
contaram também com o trabalho duro de escravizados africanos. Embora o
protagonismo destes não tenha merecido o devido registro na história oficial,
através das narrativas do livro “Expressões do Rosário” busquei fazer justiça
ao legado deixado pelos membros da Antiga Irmandade dos Homens Pretos da Penha
de França, construtora da Igreja de Nossa Senhora do Rosário (patrimônio
tombado pelos órgãos de preservação histórica do município e do estado), num
tempo em que ainda imperava o regime de escravidão no Brasil. O livro, além de
versar sobre o bairro, também conta a história da presença dos africanos e seus
descendentes até os dias de hoje.
Postado por José Morelli
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