Por volta do ano de 1.796, o núcleo habitacional penhense,
formado em torno da Igreja de Nossa Senhora da Penha, apresentava um relativo
crescimento do número de seus habitantes, o que exigia cada vez maior atenção
dos poderes real e do clero. Na época, não havia separação entre Igreja e
Estado. Foi nesse mesmo ano que a Rainha D. Maria I, de Portugal, elevou a
Penha de França à categoria de Freguesia, dotando-a de novas estruturas em sua
organização política e religiosa. Foi nomeado o Padre José Rodrigues Coelho
como seu primeiro vigário. Nas paróquias, vigorava o costume de se constituírem,
entre os fiéis, Irmandades. Havia as que eram formadas de brancos, outras de
homens pretos, além daquelas que congregavam pardos ou mulatos. Algumas dessas
irmandades se encarregavam de promover a construção de igrejas e de as
administrarem. Essa forma de organização também facilitava às autoridades o controle
e o domínio sobre esses diversos segmentos sociais.
Na Penha, entre os negros, havia alguns que já tinham se
tornado livres, através de cartas de alforria; a maioria, porém, ainda vivia
sob o regime de escravidão. A igreja matriz servia preferencialmente aos
brancos, descendentes de europeus. Nossa Senhora, com o título de Penha de
França, já era popularmente considerada padroeira da Vila de São Paulo. Toda
vez que algum problema grave se abatia sobre a cidade, a secular imagem desta
santa era levada para a Sé catedral. Ali, mais paulistanos podiam fazer suas
preces especiais. Nas festas de oito de setembro, era a vez dos moradores dos
quatro cantos da cidade virem à Penha, para retribuir as graças recebidas. Foi
nesse contexto que se formou a Irmandade dos Homens Pretos da Freguesia da
Penha de França, trazendo em seus pensamentos e em seus corações a firme
intenção de edificarem uma capela, dedicada a Nossa Senhora do Rosário, na qual
pudessem realizar suas funções religiosas e também terem um lugar digno onde
pudessem enterrar os seus mortos. “Recriar
o paraíso agora para merecer quem vem depois”.
“Um mais um é sempre mais que dois”. A epígrafe, redigida pelo Dr. Sylvio Bomtempi e que se
encontra em lápide, no interior da igreja, resume o seu sentido histórico. Esta
diz que a capela se constitui como eloqüente testemunho da solidariedade no
sofrimento e da esperança na redenção. Para isso é que ela foi chamada a
existir. “Quero não ferir
meu semelhante. Nem por isso quero me ferir”.
Antes mesmo de serem trazidos para o Brasil, os negros,
principalmente os vindos da região do Congo, muitos deles já eram convertidos
ao catolicismo. Ainda em terras africanas, os dominicanos disseminaram entre
eles a devoção a Nossa Senhora do Rosário, utilizando-se dos mistérios do terço
como meio para catequizá-los. Por conta dessas influências, muitas igrejas
dedicadas à Mãe de Jesus, com este mesmo título, foram construídas em pequenas
e grandes cidades desse nosso imenso Brasil. A partir dos grupos de congadas,
formou-se um rico repertório de canções e de danças. Representando as lutas
entre mouros e cristãos, estes grupos expressam a fé e a confiança que
depositam em sua padroeira. “Canta!
Leva tua vida
Na cidade de São Paulo, a igreja mais antiga construída por
irmandade de negros, foi a do Largo do Rosário, atual Praça António Prado. Ela
foi derrubada e, hoje, em seu lugar, se encontra a bolsa de valores. Para
substituí-la foi construída a igreja do Paissandu. A da Penha foi a única que
sobrou. “Falo desse
chão, da nossa casa. Bem que ta na hora de arrumar...”
“A felicidade mora ao lado” No próximo domingo, dia 1º de junho, às 18
horas, será levantado o mastro à frente da igreja. O espaço passará a ser
reservado às festividades sob a proteção dos seus padroeiros: a Senhora do
Rosário e São Benedito. Em seguida, no interior da igreja, será cantado o
terço. Com estes dois eventos, será dado o ponta-pé inicial das festividades
deste ano e que se prolongarão até o último dia do mês. “Vamos precisar de todo mundo”. O dia principal da festa será o dia 22 (domingo). É só
acompanhar pela programação publicada na gazeta. A letra da música “Sal da Terra” de Beto Guedes e Ronaldo Bastos foi a que deu inspiração
para a escolha do tema para a festa: “QUERO VIVER MAIS DUZENTOS ANOS” Esperamos por você.
Venha!
Postado por José Morelli
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