Gostaria muito de, nestes dias que antecedem ao Natal, poder me dirigir aos habituais e não-habituais leitores desta gazeta, sem que, em minha cabeça e em meus sentimentos, não estivessem ainda repercutindo as recentes notícias de mais um massacre numa escola dos Estados Unidos, praticado por um jovem de 20 anos. Desta vez, foram vitimas 8 meninos e 12 meninas, de 6 e 7 anos de idade, além da própria mãe do assassino e mais 5 adultos: a diretora da escola, uma psicóloga e professoras, contabilizando 26 pessoas ao todo.
O escritor português, José Saramago, falecido
em junho de 2010, ganhador do prêmio Nobel de literatura, em seu livro
“Evangelho segundo Jesus Cristo”, baseando-se em suas próprias idéias e
conceitos, criou uma ficção de que José, esposo de Maria, não seria pai adotivo
de Jesus, mas seu pai biológico. Por não ter tomado atitude alguma de salvar os
meninos judeus da perseguição e morte, ordenada pelo rei Herodes, José vivera
uma vida inteira de remorsos, atormentado por terríveis pesadelos.
Tendo Herodes tomado conhecimento de que, como
relatavam antigas profecias, guiados por uma estrela, magos do Oriente, haviam
chegado a Jerusalém procurando o Messias recém-nascido. Numa reunião secreta, pediu
a eles que, depois de terem visitado o menino, voltassem para lhe dizer onde
ele estaria. Sua verdadeira intenção, não revelada, era de mandar matá-lo, logo
que tivesse esse conhecimento. Percebendo
que havia sido enganado pelos magos, Herodes enviou soldados armados que
passaram ao fio da espada todos os meninos de Belém e dos arredores e que
tinham menos de dois anos.
Como se pode ver, massacres não são de
hoje. A condição humana, em seus lados mais perversos, se revela em cada um
deles. O medo está subjacente em toda manifestação de agressividade. Para se
defender do medo, não é difícil que o assassino o identifique naqueles que lhe aparecem
como mais fracos e desprovidos de proteção. A corrida armamentista é um caminho
sem fim, incapaz de gerar confiança entre as partes.
A fé propõe que o Natal é a comemoração do
Nascimento de Jesus, Filho de Deus feito homem. O Supremo Senhor, Criador do
Céu e da Terra não entendeu que se tornaria menor, nascendo como criatura.
Escolheu nascer num presépio, desprovido de riquezas e de bens. Aos pastores os
anjos anunciaram: “Paz na terra aos homens de boa vontade!”. Que a Paz esteja
com você também, neste Natal e no Ano Novo que vai iniciar!
Postado por José Morelli
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