quinta-feira, 15 de agosto de 2024

Síndrome de Herodes

 Gostaria muito de, nestes dias que antecedem ao Natal, poder me dirigir aos habituais e não-habituais leitores desta gazeta, sem que, em minha cabeça e em meus sentimentos, não estivessem ainda repercutindo as recentes notícias de mais um massacre numa escola dos Estados Unidos, praticado por um jovem de 20 anos. Desta vez, foram vitimas 8 meninos e 12 meninas, de 6 e 7 anos de idade, além da própria mãe do assassino e mais 5 adultos: a diretora da escola, uma psicóloga e professoras, contabilizando 26 pessoas ao todo.

O escritor português, José Saramago, falecido em junho de 2010, ganhador do prêmio Nobel de literatura, em seu livro “Evangelho segundo Jesus Cristo”, baseando-se em suas próprias idéias e conceitos, criou uma ficção de que José, esposo de Maria, não seria pai adotivo de Jesus, mas seu pai biológico. Por não ter tomado atitude alguma de salvar os meninos judeus da perseguição e morte, ordenada pelo rei Herodes, José vivera uma vida inteira de remorsos, atormentado por terríveis pesadelos. 

Tendo Herodes tomado conhecimento de que, como relatavam antigas profecias, guiados por uma estrela, magos do Oriente, haviam chegado a Jerusalém procurando o Messias recém-nascido. Numa reunião secreta, pediu a eles que, depois de terem visitado o menino, voltassem para lhe dizer onde ele estaria. Sua verdadeira intenção, não revelada, era de mandar matá-lo, logo que tivesse esse conhecimento.  Percebendo que havia sido enganado pelos magos, Herodes enviou soldados armados que passaram ao fio da espada todos os meninos de Belém e dos arredores e que tinham menos de dois anos.

Como se pode ver, massacres não são de hoje. A condição humana, em seus lados mais perversos, se revela em cada um deles. O medo está subjacente em toda manifestação de agressividade. Para se defender do medo, não é difícil que o assassino o identifique naqueles que lhe aparecem como mais fracos e desprovidos de proteção. A corrida armamentista é um caminho sem fim, incapaz de gerar confiança entre as partes.

A fé propõe que o Natal é a comemoração do Nascimento de Jesus, Filho de Deus feito homem. O Supremo Senhor, Criador do Céu e da Terra não entendeu que se tornaria menor, nascendo como criatura. Escolheu nascer num presépio, desprovido de riquezas e de bens. Aos pastores os anjos anunciaram: “Paz na terra aos homens de boa vontade!”. Que a Paz esteja com você também, neste Natal e no Ano Novo que vai iniciar!

Postado por José Morelli

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