A cada vinte e quatro horas, um novo dia recomeça, o Sol re-aparece no céu, a Terra re-inicia mais uma volta em torno de si mesma. Vivemos a sucessão dos dias e das noites acompanhando-a em seu constante re-começo. Racional e instintivamente, organizamo-nos para isso. Estabelecemos nossa rotina de cada dia, alternando trabalhos e descansos, ação externa e quietude (re-abastecimento das forças consumidas). Impomo-nos obrigações e proibições e nos cobramos de cumpri-las. Gratificamo-nos pelo que cumprimos e mortificamo-nos pelo que descumprimos.
A alternância entre dias e noites não é a única
variação observada no contexto do planeta em que vivemos. A natureza perfaz
também os caminhos das quatro estações do ano. Através destas, os hemisférios norte
e sul do planeta Terra ora se aproximam ora se distanciam do Sol, de sua luz e
calor. Primavera, verão, outono e inverno cumprem seus papéis, promovendo
condições diferenciadas e complementares junto àquilo que, em nosso modo de
entender, chamamos natureza (tudo o
que vemos nascendo, re-inovando). Honestamente falando, não podemos censurar
nem o verão por ser quente, nem o inverno por ser frio, nem a primavera por sua
exuberância externa, nem o outono pelo que faz de bem às raízes das árvores, movimento
visível apenas em baixo da terra. Enquanto a natureza é beneficiada em uma
parte, a outra descansa. As estações, em seu conjunto, contemplam o todo do
mundo em sua integralidade.
Um dia é apenas semelhante a outro, nunca igual ou
idêntico ao que se seguiu. Uma semana é apenas semelhante à outra, nunca igual
ou idêntica à que se seguiu. Nossas vidas sofrem variações na medida em que
avançam nos dias e nas noites, nas semanas e nos meses. Cada nova vivência nos
faz um pouco diferentes do que éramos. Os juízos e as sensações não são mais
iguais. Podem até se assemelharem, mas idênticas não conseguem mais voltarem a
ser.
Re-começar é ter diante dos próprios olhos a
perspectiva do porvir, do futuro. É não esmorecer, deixando-se levar pelo
desânimo. É acreditar nas próprias forças físicas, intelectuais e emocionais. É
enxergar valor naquilo que é capaz de realizar. É dar sentido aos pequenos e
aos grandes gestos. É solidarizar-se com a vida em seus dias e noites, em suas
semanas e em seus ciclos naturais. É aprimorar-se em suas próprias
experiências. É compartilhar da vida em sua trajetória irreversível de evolução
e progresso. É, como ensinou o famoso biólogo e arqueólogo francês, Teilhard de
Chardin, aproximar-se do ponto ômega, última letra do alfabeto grego e
representativa do objetivo final a que toda natureza se encontra orientada e
para o qual se dirige.
Postado por José´Morelli
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