Consegue perdoar-se e perdoar quem é capaz de enfrentar a própria fraqueza e falibilidade, superando a exigência neurótica de perfeição, que carrega em seu íntimo. Das experiências consigo mesmo, decorrem de forma instantânea as interações que estabelece junto aos outros.
Páscoa é apelo
de paz, amor e superação. Mas; na contingência humana, os bens da paz, tão
enaltecidos nesta época do ano, não são possíveis sem o perdão mútuo: sem o
perdoar-se e sem o perdoar efetivos. O perdão, assim entendido, é um valor
positivo, uma qualidade indispensável ao desenvolvimento das melhores forças
construtivas humanas: princípio de inclusão mais do que de exclusão entre todos.
O todo precisa
de suas partes, integradas entre si, para não se fragmentar, assim como aconteceria
com um corpo que se dissociasse em seus membros. As desigualdades sociais entre
os seres humanos separam a humanidade em partes desiguais, que acabam se
antagonizando. Em sua consciência mais profunda, a humanidade sabe que as
partes que a compõem precisam ser rejuntadas constantemente, a fim de esta
possa manter a própria integridade. Daí a necessidade de parar, voltando-se
para o próprio interior, reencontrando-se e harmonizando-se em tudo o que faz
parte da própria realidade, incluindo a do meio ambiente que a envolve.
Ninguém pode
dizer que seja fácil perdoar-se para conseguir perdoar. Não é fácil mesmo, mas
é algo capaz de gerar pensamentos e sensações positivas de harmonia e de
felicidade.
A celebração da
morte e ressurreição de Jesus é um convite a um recomeço, a uma retomada de si,
a um reordenamento daquelas questões que ficaram mal resolvidas, dissociadas e
em desordem, um convite a um entrelaçamento consigo mesmo e com o outro, a fim
de que voltem a caminhar juntos, com mais alegrias no viver e no conviver.
Postado por José Morelli
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