A sabedoria popular consagrou
esse ditado e, embora
sejam identificadas honrosas
exceções, ele tem como ser comprovado inúmeras vezes. Dentre todos e todas as
pessoas a quem essa afirmação se aplica e no sentido positivo é a São José, esposo de Maria e pai adotivo do Menino Jesus.
Os evangelhos falam
relativamente pouco a respeito desse personagem, que recebeu de Deus a missão
de estar à frente e de responsabilizar-se pela manutenção e segurança de sua pequena-grande
família, acompanhando-a em momentos fundamentais de sua trajetória terrena. O
adjetivo com o qual o escritor bíblico o qualifica é o de que se tratava de “um
homem justo”.
No capítulo
primeiro de seu evangelho, Mateus insere a genealogia de José, uma forma de
liga-lo à história do povo judeu a começar de Abraão, Isaac e Jacó, passando por
Davi e Salomão e chegando ao seu bisavô Eleazar, ao seu avô Matan e a seu pai
Jacó, através do qual José veio ao mundo. O evangelista conclui dizendo que, de
José, esposo de Maria, nasceu Jesus, chamado o Cristo. Mateus não omitiu que
foi da mulher de Urias, Betsabé, que nasceu seu filho Salomão. A apresentação
da genealogia de José por Mateus mostra a descendência de José da casa de Davi
e, ao mesmo tempo, mostra a inserção de Jesus no povo judeu que, embora
predileto no chamado à salvação, não deixava de ser um povo pecador e carente
da misericórdia divina.
Na sequência dos
fatos, o evangelista Lucas, em seu capítulo primeiro, versículos 26 e 27, narra
a passagem em que “o anjo Gabriel foi mandado por Deus a uma cidade da
Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem prometida em casamento a um homem
chamado José, da casa de Davi. A Virgem se chamava Maria”.
Voltando a
Mateus, capítulo primeiro, versículos 19 e 20, o evangelista diz que o esposo
de Maria, “sendo um homem justo e não querendo acusa-la, resolveu separar-se
ocultamente dela. Ele já havia tomado essa resolução, quando um anjo do Senhor
lhe apareceu em sonho e lhe disse: “José, filho de Davi, não tenhas medo de
tomar contigo Maria, tua esposa, porque o que foi gerado nela vem do Espírito
Santo”.
É interessante
notar que, para Maria, o anjo não aparece como em sonho e, no entanto, nas
diversas vezes em que ele aparece a José é sempre na forma de sonho. Talvez,
com isso, os escritores bíblicos quisessem assinalar a proximidade de José a
todos nós, seres humanos e comuns mortais. José sabia interpretar as vontades
de Deus nos acontecimentos corriqueiros de sua vida.
Ainda no
capítulo primeiro, versículos 24 e 25, Mateus relata que “José fez como lhe
tinha ordenado o anjo do Senhor: tomou consigo sua esposa. Mas ele não teve
relações com ela até quando deu à luz um filho a quem deu o nome de Jesus”.
No capítulo
segundo, do versículo 4º. ao 7º., falando do recenseamento ordenado pelo
imperador Cesar Augusto, o evangelista Mateus diz que: ”Também José subiu da
cidade de Nazaré, na Galileia, para a cidade de Davi, que é chamada Belém, na
Judeia – porque era da linhagem de Davi – para se registrar com Maria, sua
esposa, que estava grávida. Ora, quando estavam lá, chegou o tempo em que ela
devia dar à luz. Ela teve seu filho primogênito, enrolou-o em faixas, e o
colocou numa manjedoura, porque não tinham lugar na estalagem”.
No versículo 13
do mesmo capítulo, Mateus explica que “Depois que os magos partiram um anjo
apareceu em sonho a José dizendo: “Levanta, toma contigo o menino e sua mãe e
foge para o Egito. Permanece lá até eu te avisar, porque Herodes vai procurar o
menino para o matar”. José se levantou, tomou consigo o menino e sua mãe, de
noite, e retirou-se em direção ao Egito”. Nos versículos 19 a 22, Mateus continua
a contar que “Depois da morte de Herodes, eis que um anjo aparece em sonho a
José, no Egito. E lhe diz: “Levanta, toma contigo o menino e sua mãe e volta
para a terra de Israel, porque morreram os que haviam tramado contra a vida do
menino. Ele se levantou, tomou consigo o menino e sua mãe, e reentrou na terra
de Israel. Mas ouviu falar que Arquelau reinava na Judeia, tendo sucedido a seu
pai Herodes, e ficou com medo de ir para lá. Avisado por Deus em sonho,
retirou-se para a região da Galileia”.
No relato em que
Lucas descreve, no versículo 21 do capítulo segundo, a ida de Jesus ao templo
para ser circuncidado, os nomes nem de José nem de Maria são mencionados.
A última menção
a José, sem citar o seu nome, é feita por Lucas no capítulo segundo, versículo
41 e seguintes: “Todos os anos seus pais iam a Jerusalém para a festa da Páscoa.
Quando o menino completou doze anos, subiram, como de costume, para a festa.
Depois que passaram os dias da festa, ao voltarem, o menino Jesus ficou em
Jerusalém sem que seus pais o soubessem... Depois de três dias eles o
encontraram no templo, sentado no meio dos doutores, escutando-os e
fazendo-lhes perguntas. Todos os que o ouviam estavam assombrados com sua
sabedoria e suas respostas. Quando o viram, ficaram comovidos e sua mãe lhe
disse: “Meu filho, porque agiste assim conosco? Teu pai e eu estávamos aflitos
à tua procura!”
Marcos e João
nada falam a respeito de José. A narrativa desses dois evangelistas partem do
momento em que Jesus, já adulto, inicia sua vida pública levando aos seus
conterrâneos e contemporâneos sua mensagem por palavras e ações.
Transparece nos
textos de Mateus e de Lucas, acima citados, a personalidade inspiradora de
José. Neles não consta frase alguma que tenha saído de sua boca. No entanto,
pelas atitudes descritas, ressalta a figura cativante de um homem justo em suas
intenções e posicionamentos, seja como esposo ou pai dedicado, seja como
cidadão, sintonizado nos acontecimentos que exigiam prontidão nas decisões
frente a inúmeros desafios que teve de enfrentar.
Na Carta
Apostólica “Patris corde (Com coração de Pai)” - escrita pelo Papa Francisco,
já dentro deste período de pandemia em que vive a humanidade, e a partir do
entendimento que a comunidade cristã formatou em seu imaginário a respeito
deste santo, nos mais de dois mil anos de história da Igreja, o período de 8 de
dezembro de 2020 a 8 de dezembro de 2021 foi instituído como ano dedicado a São
José. Por meio desta carta, o Papa nos convida a voltarmos nossos pensamentos
para este santo, invocado como pai e intercessor dos necessitados, dos exilados
e dos moribundos que, em vida, e na convivência diária com sua esposa Maria e seu
filho Jesus, soube responder com fidelidade a todos os chamados que Deus lhe
fez em vida.
“Diga-me com quem andas, e eu te direi quem tu és!”
Postado por José Morelli
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