sábado, 24 de agosto de 2024

Novena de Nossa Senhora da Penha

Como cristãos e devotos de Nossa Senhora da Penha, nosso olhar é capaz de ver e de reconhecer a vida e tudo o que ela encerra como um grande presente que recebemos de Deus. Por isso, na novena deste ano, vamos refletir e agradecer, de maneira especial:

-          o dom da cidade de São Paulo, que comemora 450 anos de sua fundação;

-          o dom do bairro da Penha, de onde se difunde a devoção à Nossa Senhora como padroeira desta cidade, na comemoração de seus 337 anos de existência;

-          o dom da Diocese de São Miguel Paulista, cuja instalação e posse de seu primeiro bispo diocesano, na pessoa de Dom Fernando Legal, está comemorando 15 anos.

 

O dom da cidade de São Paulo

A história de São Paulo de Piratininga teve início em 25 de janeiro de 1.554, com a construção do Colégio dos jesuítas, pelos padres José de Anchieta e Manoel da Nóbrega. Como era costume dos colonizadores portugueses, na época, o nome dado ao colégio foi o do santo do dia que, de acordo com o calendário litúrgico, comemorava a Conversão de São Paulo no caminho de Damasco. Tendo se convertido ao cristianismo, São Paulo tornou-se o apóstolo que mais se dedicou à pregação do Evangelho aos não-judeus, conhecidos também como gentios. José de Anchieta empenhou toda sua vida em catequizar os índios; por isso é chamado de apóstolo do Brasil.

Portugueses, índios e religiosos passaram a conviver nos campos de Piratininga, construindo suas choupanas ou casas e dedicando-se ao que era necessário num lugar ainda com tudo por fazer, no sentido de atender aos padrões de vida exigidos por seus novos habitantes. As matas com seus animais pequenos e grandes convidavam à caça. Os rios caudalosos, limpos e cheios de variados peixes instigavam à pesca. A terra fértil servia ao cultivo de hortaliças, raízes e outras plantas, cujos frutos serviam à alimentação de pessoas e de animais domésticos. A vida transcorria laboriosa. Índios e portugueses aprendiam e ensinavam uns aos outros. Quem melhor do que os índios para conhecer os segredos destas terras virgens e a melhor maneira de com elas se harmonizar?... Quanto aos colonizadores, seu espírito era mais presunçoso, julgavam-se superiores e com direitos sobre tudo o que poderia se transformar em dinheiro, coisa que não era conhecida pelos indígenas e não fazia parte de sua cultura. No entanto estes pareciam ser mais felizes do que os europeus  recém-chegados ao povoado.

A sede de riquezas dos colonizadores os levava a agirem de forma violenta, principalmente contra os que ousassem atravessar-lhes o caminho. Inevitáveis se tornaram os conflitos envolvendo portugueses e índios. Com o passar do tempo foram surgindo postos avançados, como as aldeias de Santo Amaro, de São Miguel de Ururaí e outras que pudessem servir de defesa aos moradores da Vila de São Paulo, protegendo-a de ataques de outras tribos indígenas.

Os rios se constituíram como caminhos para se adentrar no interior do Continente. Os campos de Piratininga eram banhados por vários deles: Tamanduateí, Anhangabaú, Pinheiros e o mais famoso, Rio Grande ou Anhembí, que hoje é chamado de Tietê.

450 anos se passaram desde sua fundação. O pequeno povoado cresceu, cresceu muito. O número de seus habitantes se multiplicou a cada nova geração. Hoje, São Paulo é a maior cidade da América Latina e uma das maiores do mundo. Mesmo com tantos problemas e dificuldades, a cidade de São Paulo se constitui como um dom para todos os que nela vivem e participam de seus bens.

 

O dom do bairro da Penha

Quando os bandeirantes subiam o Anhembí em direção à sua nascente, passando pela foz do Aricanduva, costeavam as terras onde se formaria o povoado e a futura Freguesia da Penha de França. Muitos deles namoravam essas terras e aspiravam obter do rei de Portugal o direito de possuí-las. Essas terras doadas eram chamadas de sesmarias. Ao referir-se a esse período, o historiador Dr. Sylvio Bomtempi chama-o de fase de descortinamento.

Baseando-se em documentos históricos fidedignos, o Dr. Sylvio atesta que, em data anterior a 10 de fevereiro de 1.667 já é feita alusão à Ermida de Nossa Senhora da Penha, mandada construir pelo Padre Jacinto Nunes de Siqueira. Em torno desta e do curral que havia a seu lado, foi se formando o povoado. Com isso, o futuro bairro da Penha teve seu início, passando a entrelaçar sua história com a história de toda a cidade de São Paulo.

De maneira natural e espontânea a devoção à Mãe de Jesus, sob o título de Nossa Senhora da Penha, foi se desenvolvendo, atraindo muitos fiéis de todos os cantos a freqüentarem a ermida que, com o passar do tempo, foi passando por reformas e ampliações, transformando-se em capela e, depois em igreja.

Toda vez que alguma epidemia ou seca prolongada se abatia sobre a cidade, a imagem de Nossa Senhora da Penha era levada até a Sé, onde eram feitas orações especiais, pedindo proteção para todos seus habitantes. Essa prática foi se consolidando no pensamento e no coração de muitos moradores, que passaram a considerar Nossa Senhora da Penha Padroeira da cidade de São Paulo.

Se os translados da imagem da padroeira levavam a Penha e os penhenses à catedral da Sé, entrelaçando a história do bairro com a da cidade; nas ocasiões das festas do mês de setembro, eram os moradores do centro e de outros bairros que vinham à Penha, a fim de participarem das novenas, missas, procissões e outras homenagens à Nossa Senhora. São muitos os relatos de historiadores que se referem a essas tradicionais festas, desde o tempo em que o transporte dos devotos só podia ser por tração animal, até o advento do trem e, depois, no início do século XX, através dos bondes. A fé e a religiosidade do povo ajudaram o bairro em seu desenvolvimento.

Chácaras de hortaliças e flores, nas várzeas do Tietê, Aricanduva, Tiquatira  e diversos outros ribeirões menores contribuíam para abastecer a cidade, ajudando-a social e economicamente. Portos de areia, olarias, estaleiro de embarcações, localizados ao longo do Tietê, principalmente, contribuíram na expansão da cidade, fazendo-a crescer em todos os sentidos.

Neste ano de 2.004, ao completar 337 anos de existência, a participação da Penha e de sua dimensão religiosa na cidade de São Paulo é crescente. Ganham importância a Basílica, como centro da pastoral paroquial e de atendimento aos visitantes e romeiros, o Santuário Eucarístico, ligado a tantas histórias e com seu dom especial como espaço de oração e a Igreja do Rosário, construída pela antiga Irmandade dos Homens Pretos da Freguesia da Penha de França, e que já completou 202 anos de existência.

 

O dom da Diocese de São Miguel

A fundação do bairro de São Miguel ocorreu no ano de 1560 e seu fundador é o Padre José de Anchieta. Esta é a afirmação feita pelo Dr. Sylvio Bomtempi e que foi por ele demonstrada no livro “Origens Históricas de São Miguel Paulista”, publicado pela Unicsul - (Universidade Cruzeiro do Sul), em comemoração do V Centenário do Brasil e do 440º Ano de São Miguel Paulista. A capela, existente desde os primórdios do aldeamento, foi reconstruída, sofrendo ampliação. Dessa época veio-lhe a inscrição que se encontra no batente superior da porta principal: “Aos 18 de julho de 1622 S. Miguel”.

A Diocese de São Miguel Paulista foi criada pelo Papa João Paulo II, no dia 15 de março de 1989, tendo sido o seu território desmembrado da Arquidiocese de São Paulo. A instalação da nova Diocese e posse do seu primeiro Bispo Diocesano, Dom Fernando Legal, SDB, ocorreram no dia 28 de maio de 1989, às 15h00, na então Matriz de São Miguel Arcanjo, elevada ao grau e dignidade de Catedral da Igreja, no bairro de São Miguel Paulista.

Postado por José Morelli


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