Como cristãos e devotos de Nossa Senhora da Penha, nosso olhar é capaz de ver e de
reconhecer a vida e tudo o que ela encerra como um grande presente que
recebemos de Deus. Por isso, na novena deste ano, vamos refletir e agradecer,
de maneira especial:
-
o
dom da cidade de São Paulo, que comemora 450 anos de sua fundação;
-
o
dom do bairro da Penha, de onde se difunde a devoção à Nossa Senhora como
padroeira desta cidade, na comemoração de seus 337 anos de existência;
-
o dom
da Diocese de São Miguel Paulista, cuja instalação e posse de seu primeiro
bispo diocesano, na pessoa de Dom Fernando Legal, está comemorando 15 anos.
O dom da cidade de São Paulo
A história de São Paulo de Piratininga
teve início em 25 de janeiro de 1.554, com a construção do Colégio dos
jesuítas, pelos padres José de Anchieta e Manoel da Nóbrega. Como era costume
dos colonizadores portugueses, na época, o nome dado ao colégio foi o do santo
do dia que, de acordo com o calendário litúrgico, comemorava a Conversão de São
Paulo no caminho de Damasco. Tendo se convertido ao cristianismo, São Paulo
tornou-se o apóstolo que mais se dedicou à pregação do Evangelho aos
não-judeus, conhecidos também como gentios. José de Anchieta empenhou toda sua
vida em catequizar os índios; por isso é chamado de apóstolo do Brasil.
Portugueses, índios e religiosos passaram
a conviver nos campos de Piratininga, construindo suas choupanas ou casas e
dedicando-se ao que era necessário num lugar ainda com tudo por fazer, no
sentido de atender aos padrões de vida exigidos por seus novos habitantes. As
matas com seus animais pequenos e grandes convidavam à caça. Os rios
caudalosos, limpos e cheios de variados peixes instigavam à pesca. A terra
fértil servia ao cultivo de hortaliças, raízes e outras plantas, cujos frutos
serviam à alimentação de pessoas e de animais domésticos. A vida transcorria
laboriosa. Índios e portugueses aprendiam e ensinavam uns aos outros. Quem
melhor do que os índios para conhecer os segredos destas terras virgens e a
melhor maneira de com elas se harmonizar?... Quanto aos colonizadores, seu
espírito era mais presunçoso, julgavam-se superiores e com direitos sobre tudo
o que poderia se transformar em dinheiro, coisa que não era conhecida pelos
indígenas e não fazia parte de sua cultura. No entanto estes pareciam ser mais
felizes do que os europeus recém-chegados
ao povoado.
A sede de riquezas dos colonizadores os
levava a agirem de forma violenta, principalmente contra os que ousassem
atravessar-lhes o caminho. Inevitáveis se tornaram os conflitos envolvendo
portugueses e índios. Com o passar do tempo foram surgindo postos avançados,
como as aldeias de Santo Amaro, de São Miguel de Ururaí e outras que pudessem
servir de defesa aos moradores da Vila de São Paulo, protegendo-a de ataques de
outras tribos indígenas.
Os rios se constituíram como caminhos
para se adentrar no interior do Continente. Os campos de Piratininga eram
banhados por vários deles: Tamanduateí, Anhangabaú, Pinheiros e o mais famoso,
Rio Grande ou Anhembí, que hoje é chamado de Tietê.
450 anos se passaram desde sua fundação.
O pequeno povoado cresceu, cresceu muito. O número de seus habitantes se
multiplicou a cada nova geração. Hoje, São Paulo é a maior cidade da América
Latina e uma das maiores do mundo. Mesmo com tantos problemas e dificuldades, a cidade de São Paulo se constitui como um dom para todos os que
nela vivem e participam de seus bens.
O dom do bairro da Penha
Quando os bandeirantes subiam o Anhembí
em direção à sua nascente, passando pela foz do Aricanduva, costeavam as terras
onde se formaria o povoado e a futura Freguesia da Penha de França. Muitos
deles namoravam essas terras e aspiravam obter do rei de Portugal o direito de
possuí-las. Essas terras doadas eram chamadas de sesmarias. Ao referir-se a
esse período, o historiador Dr. Sylvio Bomtempi chama-o de fase de
descortinamento.
Baseando-se em documentos históricos
fidedignos, o Dr. Sylvio atesta que, em data anterior a 10 de fevereiro de
1.667 já é feita alusão à Ermida de Nossa Senhora da Penha, mandada construir
pelo Padre Jacinto Nunes de Siqueira. Em torno desta e do curral que havia a
seu lado, foi se formando o povoado. Com isso, o futuro bairro da Penha teve
seu início, passando a entrelaçar sua história com a história de toda a cidade
de São Paulo.
De maneira natural e espontânea a devoção
à Mãe de Jesus, sob o título de Nossa Senhora da Penha, foi se desenvolvendo,
atraindo muitos fiéis de todos os cantos a freqüentarem a ermida que, com o
passar do tempo, foi passando por reformas e ampliações, transformando-se em
capela e, depois em igreja.
Toda vez que alguma epidemia ou seca
prolongada se abatia sobre a cidade, a imagem de Nossa Senhora da Penha era
levada até a Sé, onde eram feitas orações especiais, pedindo proteção para
todos seus habitantes. Essa prática foi se consolidando no pensamento e no
coração de muitos moradores, que passaram a considerar Nossa Senhora da Penha
Padroeira da cidade de São Paulo.
Se os translados da imagem da padroeira
levavam a Penha e os penhenses à catedral da Sé, entrelaçando a história do
bairro com a da cidade; nas ocasiões das festas do mês de setembro, eram os
moradores do centro e de outros bairros que vinham à Penha, a fim de
participarem das novenas, missas, procissões e outras homenagens à Nossa
Senhora. São muitos os relatos de historiadores que se referem a essas
tradicionais festas, desde o tempo em que o transporte dos devotos só podia ser
por tração animal, até o advento do trem e, depois, no início do século XX,
através dos bondes. A fé e a religiosidade do povo ajudaram o bairro em seu
desenvolvimento.
Chácaras de hortaliças e flores, nas
várzeas do Tietê, Aricanduva, Tiquatira
e diversos outros ribeirões menores contribuíam para abastecer a cidade,
ajudando-a social e economicamente. Portos de areia, olarias, estaleiro de
embarcações, localizados ao longo do Tietê, principalmente, contribuíram na
expansão da cidade, fazendo-a crescer em todos os sentidos.
Neste ano de 2.004, ao completar 337 anos
de existência, a participação da Penha e de sua dimensão religiosa na cidade de
São Paulo é crescente. Ganham importância a Basílica, como centro da pastoral
paroquial e de atendimento aos visitantes e romeiros, o Santuário Eucarístico,
ligado a tantas histórias e com seu dom especial como espaço de oração e a
Igreja do Rosário, construída pela antiga Irmandade dos Homens Pretos da
Freguesia da Penha de França, e que já completou 202 anos de existência.
O dom da Diocese de São Miguel
A fundação do bairro de São Miguel
ocorreu no ano de 1560 e seu fundador é o Padre José de Anchieta. Esta é a afirmação
feita pelo Dr. Sylvio Bomtempi e que foi por ele demonstrada no livro “Origens Históricas de São
Miguel Paulista”,
publicado pela Unicsul - (Universidade Cruzeiro do Sul), em comemoração do V
Centenário do Brasil e do 440º Ano de São Miguel Paulista. A capela, existente
desde os primórdios do aldeamento, foi reconstruída, sofrendo ampliação. Dessa
época veio-lhe a inscrição que se encontra no batente superior da porta
principal: “Aos 18 de julho de 1622 S. Miguel”.
A Diocese de São Miguel Paulista foi
criada pelo Papa João Paulo II, no dia 15 de março de 1989, tendo sido o seu
território desmembrado da Arquidiocese de São Paulo. A instalação da nova
Diocese e posse do seu primeiro Bispo Diocesano, Dom Fernando Legal, SDB,
ocorreram no dia 28 de maio de 1989, às 15h00, na então Matriz de São Miguel
Arcanjo, elevada ao grau e dignidade de Catedral da Igreja, no bairro de São
Miguel Paulista.
Postado por José Morelli
Nenhum comentário:
Postar um comentário