Da palavra “natal” deriva o termo “natalício” que é o mesmo que “aniversário”: comemoração do término de um ano a mais de vida e início de um novo ano. No dia 15 de agosto passado a tradição católica recordou a Assunção de Maria (final de sua vida terrena). Com leituras bíblicas do Antigo e do Novo Testamento, a liturgia mostrou a importância desta mulher, cuja missão foi a de ser o elo humano que uniu e une Jesus à humanidade e a toda obra criada em sua grandiosidade temporal e espacial. No livro do Apocalipse de São João, Ela é descrita trajando um manto brilhante como o sol, tendo na cabeça uma coroa com dozes estrelas e sob os pés a lua. Um dragão em fúria ameaçava-lhe subtrair o filho recém-nascido. Coube-lhe o papel de protege-lo esmagando, com seus pés, a cabeça da serpente, conforme já havia sido pré-anunciado no Livro do Gênesis (Gn 3,15).
A cada ano, no dia 8 de setembro, a liturgia reinicia a contagem da
história de vida de Maria a começar pela celebração de sua natividade
(natalício). Nesse dia, de seu aniversário, a Penha comemora também a festa de sua
padroeira: Maria, sob o título de Nossa Senhora da Penha. O documento em que
consta a existência da primitiva capela da Penha é de 11 de fevereiro de 1667.
Para comemorar o aniversário do bairro deveria ser escolhido um dia que melhor
o pudesse representar. No mês de setembro também a Penha foi elevada à condição
de Freguesia pela rainha Dona Maria I, de Portugal. Isso se deu através do
documento por ela publicado no dia 15 de setembro de 1796. A convergência de
tantos acontecimentos ocorridos no mês de setembro, levou ao consenso de que o
dia 8 seria o mais adequado à essa comemoração. Portanto, até que não se
encontre outro documento mais antigo do que esse, a Penha está comemorando 351
anos de existência histórica.
Quando o historiador, Dr. Sylvio Bomtempi, escolheu um título para
seu livro sobre o bairro penhense entendeu que o nome “Penha Histórica” seria
condizente com a condição de historicidade que o lugar possui, tendo em vista a
quantidade de documentos disponíveis a seu respeito. Essa peculiaridade
histórica do bairro se expressa também nos edifícios que lhe foram reconhecidos
como patrimônios histórico-culturais pelos órgãos de preservação do município e
do estado de São Paulo: a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos
da Penha de França; o Colégio Santos Dumont; O Ginásio Estadual Nossa Senhora
da Penha. No início de 2018, no dia 26 de fevereiro, o Compresp decretou o
tombamento do Centro Histórico da Penha. A partir de então, leis especiais
regem o uso desse espaço no sentido de manter-lhe sua qualidade de bem
histórico a ser preservado e desenvolvido.
A iconografia da Penha começa com a chegada da imagem de Nossa
Senhora da Penha que, hoje, se encontra no altar mor da Basílica da Penha,
talvez trazida para cá antes mesmo da edificação da primeira capela. Ela é
entalhada na madeira e possui toda originalidade que lhe deu o artista que a
confeccionou. Uma de suas características é a de trazer em seu braço esquerdo a
pessoa do Menino Jesus. Essa é sua missão. Da mesma forma é a iconografia de
Nossa Senhora do Rosário e da imagem de São Benedito, ambas encontradas na
Igreja do Rosário. Essas três images possuem como característica comum trazerem
Jesus nos braços. Os santos são a prova do Amor de Deus para com os homens e
mulheres de todos os tempos e lugares. Os santos comprovam que a obra de Deus
não fracassou e não irá fracassar nunca. Essa é a razão que temos para
festejar, entendendo que a vida vale à pena e que, como diz o cancioneiro
popular brasileiro: “desesperar jamais” (Ivan Lins).
Do livro por mim publicado “Penha de França – Expressões do
Rosário”, em edição primorosa, vale como um presente a ser dado a quem se
gosta. Aqueles que desejarem adquiri-lo poderão fazê-lo a preço de 50,00 reais,
na Igreja de Nossa Senhora do Rosário da Penha.
Postado por José Morelli
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