Desde que a vida
humana foi iniciada aqui na Terra, à semelhança de um novelo, ela vem desenrolando
seu fio ininterruptamente, até chegar a cada um de nós. Relacionados a essa
mesma vida, alguns fatos têm sido registrados por escrito, outros não. O
surgimento da comunicação escrita determina a separação entre pré-história e
história.
O espaço geográfico
ocupado pelo bairro da Penha de França
que, nesta semana, vem sendo homenageado por paulistanos e penhenses, teve
também sua pré-história. Aqui, recentemente, foram encontradas peças e
utensílios de tribos indígenas que, desde tempos imemoriais, ocuparam estas
mesmas terras, deixando sinais de suas presenças. Com a vinda dos colonizadores
portugueses para cá, iniciou-se a história propriamente dita. A partir desse
período, foram encontrados os primeiros registros escritos de alguns fatos,
considerados relevantes, principalmente documentos oficiais relacionados a
posses de terras.
A vida humana é
histórica. Ela é a consciência do que acontece. A escrita é apenas um código a
mais de linguagem e de entendimento. Saber ler e dimensionar outras mensagens,
expressas por meio de peças e utensílios, permite perceber a presença de vidas
humanas, tão verdadeiras e densas quanto as nossas. A memória oral dos índios
brasileiros é extraordinária. Os conhecimentos que eles conseguiram acumular
das capacidades curativas, encontradas principalmente nas plantas, eram
transmitidos boca a boca, de geração para geração. A cultura indígena deixou importantes
sinais em nosso bairro, basta observar alguns nomes de ruas tais como:
Paracanã, Jaborandi, Betari e outras.
Precisamos de algum
espaço onde possamos pisar com nossos pés. Temos escolhido este espaço
geográfico, chamado Penha de França, para que nos sirva de apoio, mesmo que
seja para que, dele, apenas possamos nos dirigir para outros lugares. Aqui temos nosso habitat. Com os daqui
compartilhamos nosso tempo, nossos cuidados e afazeres diários. Constituímo-nos
como comunidade. Gostemos ou não, temos entre nós muito em comum.
A Festa do bairro deve ser de todos. Aliás, a festa é das pessoas para as pessoas. A Penha, hoje, somos nós. Somos a consciência deste lugar e de sua história. Se apagarmos esta nossa consciência, tudo o que aqui existe perderá seu sentido, perderá sua razão de existência e de continuidade histórica. Perderemos, também, o sentido de nós mesmos. O fio do novelo de nossa consciência se romperá. Viraremos, simplesmente, meros robôs.
Postado por José Morelli
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