De tantas palavras, disponíveis no vocabulário, capazes de expressar a sensação que temos, em certos momentos, saco-cheio é, sem dúvida, uma que sintetiza bem aquilo que se passa conosco. Dizê-la para si mesmo ou dizê-la para os outros é querer estabelecer-se um limite.
Quando, dentro de um saco, foram colocadas tantas
coisas, ocupando todo o espaço disponível, ou a carga máxima que ele é capaz de
suportar, querer acrescentar mais alguma coisa é o mesmo que provocar o seu
transbordamento ou rompimento.
O sentido do termo saco–cheio não precisa
ser literal, mas simbólico também, podendo se aplicar a uma série de situações,
envolvendo coisas ou pessoas. Cada um tem um saco, uma capacidade de
resistência. Esse saco não se comporta sempre da mesma maneira. Diante de algumas
situações ou pessoas ele parece maior e mais resistente. De uns aguenta tudo ou
quase tudo, de outros nada ou quase nada.
Ocorre, também, com algumas pessoas de estas se
reservarem o saco maior e mais resistente para os familiares e os de casa e o
menor e menos resistente para os estranhos e os de fora. O contrário também
acontece: tudo ou quase tudo para os de fora e estranhos, nada ou quase nada
para os de casa e familiares.
Reconhecer-se de saco-cheio é manifestar-se assim, no
limite máximo, é um enfrentamento com a própria realidade. Este pode ser o
primeiro passo de uma libertação. A convicção e a força com que é expressa essa
verdade, sem titubear, mantendo-se firme na posição de respeitar-se e
proteger-se de invasões indevidas e injustas, é uma forma de a pessoa impor-se,
defendendo-se em seus direitos e no respeito à sua dignidade.
Postado por José Morelli
Outras idéias poderiam ser desenvolvidas a respeito
deste assunto. O espaço semanal desta coluna, porém, não comporta mais
comentários. Deixo, pois, ao leitor (a) a tarefa de completar as reflexões aqui
iniciadas, colocando-as em prática, para não se sentirem culpados depois.
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