Nem todo lugar, cidade ou bairro, possui uma lenda que seus primeiros habitantes tenham construído a respeito de sua origem. Nosso querido bairro da Penha de França se inclui dentre aqueles que foram aquinhoados por essa peculiaridade histórica. Contam desde tempos imemoriais que um viajante francês, passando por estas bandas e trazendo consigo uma imagem de Maria, a Mãe de Jesus, ao se encontrar a meia encosta do outeiro, resolveu fazer uma paragem a fim de descansar, tomar uma água fresca de fonte e, de quebra, contemplar a linda paisagem da planície que se descortinava desde o futuro Tatuapé até a várzea do Tamanduateí, próxima da Vila de São Paulo de Piratininga.
Recomposto em
suas energias, o viajante continuou seu caminho rumo ao leste. Só depois de ter
se distanciado muito, voltou a parar mais uma vez. Foi aí que percebeu que a
imagem já não se encontrava junto com seus pertences. Imediatamente, retornou
ao lugar de seu último pouso em busca da imagem esquecida.
Por três vezes,
o mesmo fenômeno aconteceu, motivo suficiente para que o francês entendesse que,
nesse fato, havia uma mensagem embutida: Nossa Senhora escolhera o outeiro para
ali estabelecer sua morada definitiva. Resolveu, então, construir no lugar uma
pequena capela na qual colocou, sobre um altar, a bela imagem. A escolha fora
dela e não havia o que discutir. Assim como o chamado à existência de cada um de
nós foi por iniciativa de Deus Criador e não nossa, assim também, quem primeiro
livremente escolheu a Penha foi Nossa Senhora e não a Penha que a escolheu, movida
por puro amor ao lugar e ao povo que nele vivesse ou por ele eventualmente passasse.
Esta lenda foi
inspiradora para os antigos habitantes da Penha e da cidade de São Paulo, da
mesma forma como pode ser para nós que, hoje, temos a ventura de vivermos
dentro dos limites deste nosso bairro que, neste ano, está comemorando 353 anos
de história. Os tempos atuais são bicudos. Mais do que nunca, mínimo
indispensável é que o povo se irmane em torno de pensamentos positivos e de
construção de uma sociedade fraterna e interessada no melhor para todos e
todas, sem distinções de classes, diferenças de gênero, de etnias ou de
religiões. Esta é a lição que estamos
sendo convidados a aprender e praticar.
Postado por José Morelli
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