quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Outono

Coincidindo com a quaresma, aproximação da semana santa e celebração da páscoa, o outono teve início na madrugada da última terça-feira, dia 20 de março. As diferenças entre as estações do ano, num país tropical como o nosso, não se apresentam de maneiras tão flagrantes como em outras partes do mundo. No entanto, as características básicas de cada estação se mantêm, completando-se umas às outras em suas próprias funções.

É o momento de as árvores se renovarem em suas folhas. Estas caem e forram o chão como um tapete. Algumas espécies ficam só tronco e galhos nus. Costuma-se chamar a velhice de o “outono da vida”. A imagem das árvores, nessa estação do ano, pode simbolizar situações e sensações, que acontecem na vida dos humanos, em momentos que só ocorrem na fase da velhice. 

Toda vez que a vida exige renovação é inevitável que aconteçam perdas, da mesma forma como se observa nas árvores, no período do outono. A sensação, provocada por essas perdas, pode ser bem representada pelos aspectos de uma árvore desnuda com suas folhas sendo carregadas pelo vento.

As folhas das árvores, quando verdes, funcionam como se fossem os pulmões da planta. Caídas no chão, elas passam a se decompor e se transformam em excelente adubo. É o momento de devolver à terra aquilo que a árvore dela havia antes recebido.

A chuva e o orvalho umedecem as folhas caídas. Vem o sol e as aquece. As folhas conservam o calor junto à terra, além de enriquecerem-na com nutrientes, que lhe servem como alimento, dando-lhe condições de renovar-se e de revitalizar-se. A natureza é assim: num momento ela dá e noutro ela recebe de volta. Por essas e outras razões, o outono possui a capacidade de ser referência. Como parte da natureza física, os humanos participam dos ciclos da vida, juntamente com os irracionais e as plantas.

Toda mudança implica em perdas e ganhos. No outono, enquanto as árvores perdem presença em suas partes visíveis, fora da terra, suas raízes se desenvolvem sob o solo, fortalecendo-se para que a planta se renove com mais força. Quem sabe perder, não perde. Sabe encontrar ganhos novos que só podem vir com a experiência que só as perdas conseguem proporcionar.

Postado por José Morelli

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