"Boa
parte das dificuldades com que estava me defrontando tinham base concreta em
minha infância, o que não implicava que tivessem de ser eternas”
(Colette Dowling em “Complexo de Cinderela”).
Chega um momento
em que as dificuldades (de fundo psicológico-emocional) se tornam mais
claramente entendidas, podendo o indivíduo perceber a relação de causalidade
(causa e efeito) entre elas e acontecimentos vivenciados na infância. O esforço
analítico permite exatamente esse autoconhecimento da pessoa a partir da
retomada de sua história de vida.
O trecho do
conhecido livro acima citado reforça essa constatação. Nele também vem
assinalado o passo seguinte, que não é o da simples descoberta do fato, mas o da
tomada de resolução frente a esse mesmo fato. Aquele fundamental momento de a
vontade entrar em ação, motivado não por uma veleidade passageira, mas por uma
vontade resoluta e firme.
Não é o porquê
de tais dificuldades terem tido origem na infância que faz com que elas devam
permanecer eternas. Mesmo que passem a impressão de já estarem sedimentadas e
de terem criado raízes aparentemente definitivas, isso ainda não significa de
que devam permanecer para sempre, como se fossem parte inseparável da
personalidade, uma segunda natureza que permeia todos os níveis desde o
racional até o emocional, atingindo a própria atividade dos músculos e do fluxo
energético em todo o corpo.
Encarar-se na história
de vida pessoal, reconhecendo-se nos conflitos e superando-se nos tabus e
preconceitos, é um processo que valoriza o existir humano, dimensionando-o de
forma a reconhecer-se nas dimensões tanto de realidade como de fantasias, de
capacidades e de limitações.
O
autoconhecimento acompanhado de sentimentos positivos é básico para o
aprendizado de novos comportamentos. Partindo do conceito de que as
dificuldades, por profundas que se apresentem, não nasceram para permanecerem
eternamente, a decisão de enfrentá-las dá início a uma fase de aprendizado.
Para que este processo se realize é preciso se dar a chance de tentar,
experimentar, arriscar. Seria muito esperar que, logo na primeira tentativa, o
resultado fosse 100%. Todo esforço que é comum ao processo de aprendizagem
normal é exigido nessa fase também, incluindo prováveis acertos e erros. A
ansiedade (a pressa) não deve querer acelerá-lo. Se a ansiedade não for
controlada, poderá comprometer a consecução do objetivo da mudança. Superar as
dificuldades não significa atingir a perfeição. A vida sempre terá desafios e
lutas a enfrentar.
Postado por José Morelli
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