A idéia de que somos independentes, atende a um nosso anseio profundo de autodeterminação e de auto-suficiência. Gostamos de pensar-nos livres e de que nos bastamos a nós mesmos. Porém, na medida em que a sociedade evolui, avançando na conquista de tecnologias, que ampliam as capacidades de interligações de indivíduos e de grupos, uma rede complexa de infra-estruturas se torna necessária para que tudo funcione a contento.
Para que
tenhamos luz elétrica em nossas casas, precisamos que muitos profissionais nos
complementem em atividades específicas, trabalhando ininterruptamente, a fim de
que a energia não nos falte. Quem não se lembra do apagão ocorrido faz alguns
anos? Quantos transtornos em hospitais,
restaurantes, supermercados, indústrias e residências aconteceram em função
dele. Os meios de transporte também mobilizam verdadeiros exércitos de
trabalhadores. Greves de qualquer um dos setores, responsáveis por esse
segmento, causam os maiores problemas para toda a população, problemas estes
que funcionam como num efeito dominó.
Nunca precisamos
tanto uns dos outros. A verticalização dos prédios cria uma série de
interdependências. A proximidade física de tantas pessoas exige posturas
especiais, atenções para aspectos novos na maneira de interagir uns com os
outros, desde as crianças até os mais idosos.
Para nos
locomover, precisamos de calçadas, de preferência sem buracos, com rampas de
acessibilidade. Precisamos de ruas e avenidas em perfeitas condições, com faróis,
sinalizações e lombadas. Precisamos de vias férreas e de metrô, de trens,
estações, bilhetes e bilheterias, catracas, escadas rolantes. Para cada um
desses equipamentos são necessárias pessoas que os acionem e deles façam
manutenção, limpeza e mesmo reposição. Nossa sociedade precisa funcionar de uma
forma sistêmica, concatenada. Ela se constitui como um tremendo aparato, uma
engrenagem em que todas as peças precisam contar com condições mínimas de
funcionamento.
As necessidades
humanas são muitas. A lista de interdependências é imensa. Somos tripulantes de
um mesmo barco. Quanto mais nos tornamos conscientes de nossas
interdependências, melhor conseguiremos conviver com nossos semelhantes e com o
nosso espaço vital.
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