segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

"Juntar os cacos"

Um vaso que cai e se quebra pode ou não ser consertado. Se puder, será necessário juntar os pedaços, recompondo-o em suas formas. Quedas, choques são, em sentido literal, fenômenos físicos. Em sentido figurado, as palavras “quedas” e “choques” também podem se referir a “quebras” psicológicas, que acontecem nas mentes e nos sentimentos das pessoas. Tais quebras podem ser chamadas pelo nome de “trauma”: “cacetada” que a vida prepara e que abala as estruturas da personalidade.

Quantos abalos morais e psicológicos são capazes de causar trincas, rachaduras e mesmo quebras nas imagens pessoais de quem passa por algum tipo de acidente como esses?! A imagem de si próprio que cada pessoa constrói em seu pensamento e os sentimentos que associa a essa imagem são responsáveis pela segurança que mantém o indivíduo numa certa zona de conforto consigo mesmo e com o meio em que vive.

Quando acontece um choque inesperado, um acidente que vem na contra mão das expectativas, chocando-se e quebrando a imagem pessoal do indivíduo, num primeiro momento vem o susto, a indignação pelo desconforto do inesperado; depois vem a constatação do fato como realidade inquestionável, a certeza de que, infelizmente, não se trata de um sonho do qual se pode acordar.  Quando o leite já foi derramado, não há outra coisa a fazer senão encontrar meios de se refazer na própria imagem: é a hora de juntar os pedaços um a um. Uma tarefa necessária que não dá para ser prorrogada por muito tempo. Daí, a necessidade de arregaçar as mangas e de colocar mãos à obra, verificando como se encontra cada pedaço, aproximando um pedaço ao outro e vendo como se ajustam. A reconstrução da imagem de si mesmo é acompanhada de sensações. Sobrevêm dúvidas quanto aos resultados de todo esse esforço: será que o “vaso” vai continuar tão bonito e atraente como era antes de se quebrar? Será que ele vai continuar podendo realizar aquilo tudo que antes realizava? A tarefa de juntar os pedaços é de fundamental importância. O vaso serve apenas como comparação. Mesmo sentindo pena de tê-lo que jogar fora, muitas vezes, essa é a única alternativa viável. Quanto às pessoas, essa alternativa de se jogar fora só pode ser aceita depois de terem sido buscadas e esgotadas todas as outras alternativas que envolvem esperança.. 

Postado por José Morelli 

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