Foi em 25 de janeiro de 1554 que os padres Manuel da Nóbrega e José de Anchieta deram início ao Colégio dos jesuítas, ao redor do qual foi se desenvolvendo o povoado de São Paulo de Piratininga. A história desse lugar tem uma linha de continuidade, um desdobramento. Dentro de uma determinada lógica, a cidade foi se expandindo, somando-se a outros povoados vizinhos e compondo-se em uma unidade. Hoje, são numerosos os bairros ao norte e ao sul, a leste e a oeste da primitiva área onde a cidade teve seu começo.
Os acontecimentos que compõem a história da capital
paulistana propiciaram a formação e o engrandecimento de todo o município. A
contribuição de cada parte, pelo que cada uma delas teve a contribuir, foi o
que permitiu São Paulo se tornar esta imensa metrópole, a maior da América
Latina. Mesmo que cada bairro de São
Paulo possa ter sua própria história, isso não significa que os bairros não
compartilhem da história da cidade em seu todo. São histórias que se
entrelaçam, formando uma única história interdependente.
O bairro da Penha de França serve como significativo
exemplo desse entrelaçamento. Não tanto pela ação formal de suas lideranças
governamentais ou religiosas, mas pela influência vinda de baixo para cima,
isto é, da vontade popular que foi se impondo junto aos poderes constituídos. A
Penha ganhou importância para toda a cidade, principalmente pelo fato de Nossa
Senhora da Penha ter sido entendida pelos paulistanos como protetora da cidade
sempre que ela era atormentada por alguma catástrofe, quer fosse provocada por
secas prolongadas, quer fosse provocada por alguma peste que dizimava a
população. Dois movimentos se observaram: o da ida, em procissão, da imagem de
Nossa Senhora da Penha para a Sé catedral, onde o povo de toda a cidade e as
autoridades promoviam orações especiais em favor da cidade ou o da vinda dos
paulistanos para a Penha, por ocasião das festas anuais que tradicionalmente
aconteciam em oito de setembro. O afluxo de romeiros foi responsável pela
chegada do trem, através de um ramal que, saindo da linha tronco da Central do
Brasil, vinha até a Estação Penha, localizada próximo da ladeira Coronel
Rodovalho. O mesmo motivo foi o que promoveu a substituição do trem pelo bonde,
nos primeiros anos do século passado.
A construção da metrópole paulistana se deveu a
inúmeros fatores. As condições materiais se somaram ao espírito aguerrido dos
paulistanos e de tantos que para aqui vieram. Todo esse patrimônio em que se
constitui a cidade é obra da população e de suas lideranças.
É de justiça que a festa da cidade seja uma festa de
todos. Também é da expectativa de toda a cidade, desde os seus pontos centrais,
até os mais periféricos que os benefícios de uma economia tão pujante, sejam
capazes de levar bem estar e progresso a todos aqueles e aquelas que aqui,
nesta cidade, escolheram permanecer e se desenvolver.
Postado por José Morelli
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