quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Oscilo

O pêndulo do relógio oscila, indo de um lado para o outro. Também oscilo, perguntando-me a cada instante para que lado devo ir: se para frente ou para trás, se para a direita o para a esquerda. Oscilo entre privilegiar a minha vontade ou privilegiar a vontade do outro, obedecer a mim mesmo ou obedecer ao outro, satisfazer-me em minhas necessidades ou satisfazer ao outro, nas necessidades dele. Nem sempre é fácil escolher ou decidir. Fico em dúvida e sinto como se este sentimento reclamasse de mim algum posicionamento definido. Penso que é normal que me sinta assim, uma vez que minha mente está em mim e é de meu lugar que vejo o que está à minha volta. É próprio de quem tem a prerrogativa de pensar poder escolher entre alternativas. Sou responsável pelo que elejo para mim. Assumo o que penso, o que faço, o que sinto e o que decido escolher.

Posso perceber vantagem e desvantagem de um lado e vantagem e desvantagem de outro lado. Ganho e perco em cada escolha que faço. Se fico comigo mesmo, isolo-me, distancio-me dos demais. Se opto por ficar com os demais, talvez sinta que me deixei em segundo plano. Sinto que preciso de mim mesmo e preciso também do outro. Sinto que contraio dívidas comigo mesmo e contraio dívidas também com o outro. Preciso pagá-las dentro dos prazos de vencimento. Não posso ficar inadimplente nem de mim e nem do outro.

Para que o relógio permaneça andando e não pare, é preciso que sua posição seja correta, dando ao pêndulo a liberdade de oscilar em equilíbrio. Os dois extremos precisam ser tocados. Enquanto os pêndulos oscilam, os ponteiros do relógio se movem, marcando o tempo presente e avançando na direção do tempo futuro.

Construo-me e a meus caminhos através de minhas escolhas. À semelhança dos relógios de pêndulo, preciso de equilíbrio em minhas posições. Não preciso entender como se tudo já estivesse determinado, escrito em algum lugar. Minha liberdade é um direito, um valor do qual não posso, não devo abrir mão. Oscilar faz parte dessa liberdade. É o preço que pago, é uma questão que me cabe resolver, como já dizia Shakespeare: “To be or not to be, this is the question” que, traduzindo, é o mesmo que: “Ser ou não ser, eis a questão”.   

Postado por José Morelli  

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